Repórter passa um dia no lixão de Quixadá e se emociona com histórias de vida dos catadores

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O repórter Everardo Gomes, do Sistema Monólitos de Comunicação, empreendeu uma experiência inusitada. Ele passou um dia inteiro ao lado de homens e mulheres que ganham o pão de cada dia no lixão de Quixadá. As histórias de vida contadas pelos trabalhadores ali são emocionantes.

O mau cheiro é impressionante, relata o repórter. Quem não está acostumado com o ambiente não consegue acreditar que pessoas acabem se adaptando ao convívio com uma montanha de sujeira. Os urubus, aves que buscam se alimentar de restos de carne em putrefação, fazem companhia aos trabalhadores todas as horas do dia.

As rajadas de vento que vez por outra varrem o local levam poeira, detritos e fumaça para cima dos trabalhadores. Eles tentam se proteger amarrando lenços no rosto, mas a situação é evidentemente degradante. Falta material de proteção, o que compromete seriamente a saúde de quem passa o dia no meio de toneladas de lixo.

unnamed (2)Everardo Gomes ficou emocionado com a história de vida de Dona Antônia Vanuzia Alves, 35 anos e mãe de cinco filhos.

“Há vinte anos é daqui que eu retiro o alimento dos meus filhos”, conta ela, que tenta obter o sustento com a venda de materiais recicláveis. Ela conta que já está acostumada com as circunstâncias extremas do trabalho no lixo. “Aqui, toda hora a gente tem que enfrentar insetos, ratos e cobras, mas não dá para desistir. Passar fome é pior”, diz ela com lágrimas nos olhos.

Dona Antônia diz que não quer que seus filhos tenham o mesmo destino. Quer que os filhos estudem e que encontrem um futuro mais digno, e não mede esforços para ajudá-los no que for possível. “É por eles que eu estou aqui. É disso que vivemos e eu não posso parar”, desabafa.

Outra faceta desafiadora na vida destas pessoas se desenrola fora do lixão. Trata-se do preconceito. Pode não parecer evidente, mas essas pessoas são evitadas e tratadas como gente inferior, apenas porque trabalham com o lixo.

A falta de políticas públicas voltadas para as necessidades destes trabalhadores é outro fator massacrante. “Aqui parece até que nós somos invisíveis. Ninguém nos vê. Eu acho que quando alguém passa pela pista e olha para o lixão e nos vê, não é bem gente que eles enxergam, né? É só lixo mesmo”, afirma a catadora.

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