TCU investigou ligações de gestão em Quixadá com empresa envolvida em operação da Polícia Federal

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O Tribunal de Contas da União apontou em acórdão (0063/2013) proposto pelo Ministro Augusto Sherman Cavalcanti, e acatado pelo pleno do tribunal, que a última gestão do ex-prefeito Ilário Marques, em Quixadá, manteve negociações em licitações com uma das empresas investigadas na Operação Gárgula.

A operação, deflagrada pela Polícia Federal em dezembro de 2009, teve como objetivo  investigar o desvio de verbas federais em diversas prefeituras do Ceará. Na época, a prefeitura de Quixadá não foi alvo da operação, mas as negociações entre a gestão pública municipal com uma das empresas investigadas veio à tona posteriormente, durante fiscalização do tribunal que apontou a existência de fraudes e conluios em licitações na administração do ex-prefeito.

CONDUTA IRREGULAR

unnamed (4)No acórdão (clique no recorte ao lado), o Ministro Augusto Sherman explica, inicialmente, que a execução das obras de drenagem do Rio Sitiá, na gestão de Ilário Marques, foi “contratada junto a empresas que figuram  dentre as investigadas pela Polícia Federal na Operação Gárgula, inclusive a Goiana Construções e Prestações de Serviços LTDA, já tratada em diversos outros processos trazidos à deliberação do colegiado”.

O ministro relator continua explicando que houve “execução fraudulenta de contrato para repasse de verbas federais por meio de licitação montada, simulada e mediante conluio para formação de preços que resultaram na contratação de empresa sem capacidade operacional” para conduzir as obras.

CULPA ATRIBUÍDA AO EX-PREFEITO

IlárioSegundo o relator, “não houve boa fé do responsável e o mesmo tinha consciência dos atos praticados”. Em outras palavras, o ex-prefeito teria fechado os olhos para as irregularidades.

O ministro explica, ainda, que era possível Ilário ter agido de outro modo, caso quisesse. “A conduta do responsável é culpável, ou seja, reprovável, havendo a obrigação de reparar o dano, devendo este ser citado para apresentar as alegações de defesa, caso deseje, ou recolher à Caixa os recursos utilizados de forma indevida”, diz o ministro (veja anexos no final desta matéria).

ARQUIVAMENTO

De acordo com o acórdão 2351/2014, assinado pelo plenário do Tribunal em setembro de 2014, os autos do processo foram arquivados sem julgamento de mérito tendo em vista, segundo o próprio tribunal, a ausência dos pressupostos de constituição e desenvolvimento válido e regular do processo (veja anexos no final desta matéria).

ANDAMENTO DAS OBRAS

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A drenagem do Rio Sitiá é um sonho antigo da comunidade quixadaense, especialmente dos cidadãos que moram nas proximidades do Terminal Rodoviário e ao longo da Avenida José Caetano, no Bairro Lagoa. Sempre que chove, ruas e casas ficam alagadas, trazendo enorme prejuízo e aumentando a possibilidade do desenvolvimento de doenças afins.

A Caixa Econômica informou que em 04 de agosto de 2008 liberou, através de uma conta vinculado ao contrato nº 0240148-33, o valor de R$ 1.940.000,00, de um total de R$ 3.027.844,56 destinados à obra. Atualmente, porém, os trabalhos estão paralisados. Ainda segundo a Caixa, embora o valor para o investimento seja de pouco mais de 3 milhões, apenas 23,94 % das obras foram realizadas. A data da última medição feita pela Caixa foi em 20 de fevereiro de 2014. A vigência do contrato expira em 30 de outubro de 2015 (veja anexos no final desta matéria).

Isto significa que ainda há tempo para que a atual gestão faça empenhos para assegurar a efetiva continuidade dessa importante obra para a população do município.

Consultado, o ex-prefeito Ilário Marques disse que este é um assunto morto.

Apesar das acusações do acórdão inicial ter deixado claro o que estava acontecendo, é possível afirmar, com propriedade, que mais uma vez o povo pode acabar ficando sem respostas sobre as razões pelas quais as obras não saíram do papel.

Anexos:

 




Comentários

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  1. Ow novidade!

  2. Queremos ver se todos corruptos serão punidos mesmo. Queremos que o Estado se torne eficiente para detectar todos corruptos, julgá-los e condená-los, mas todos sem exceção, sejam coxinhas, gregos, troianos, tucanos e até falsos líderes religiosos, enfim todos. Só assim teremos uma sociedade igualitária sem os parasitas. Um grande passo será a reforma política.

  3. Sr Ilário Marques, morto estamos nós população, mas morto de vergonha de um dia nossa cidade ter sido governada pelo senhor.

  4. Parece que se configura um grande mistério o qual, pelo andamento das coisas jamais será desvendado. Se ocorreram desvios e eles forem devidamente comprovados, desejava ver os responsáveis recebendo penas à altura dos ilícitos cometidos. Mas o que eu queria ver era a obra concluída pois, embora me encontrando distante da minha cidade hoje, desejo para ela e para os seus habitantes melhores dias.

  5. Uma perguntinha ao nosso ex-prefeito: Onde foi aplicado toda essa grana?

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