Monólitos Post

Dou sequência à série “Não tenho fé suficiente para ser ateu” abordando uma das perguntas mais utilizadas pelos ateus: quem criou Deus? Evidentemente não se trata de uma análise exaustiva do assunto. Ao contrário, tentei ser breve, muito breve. Mas há muito mais para ser dito sobre isto do que o que se segue. Sintetizei o máximo possível para não deixar que a leitura se torne cansativa. Espero que tenha lido as partes um e dois da série para captar a sequencialidade. Boa leitura.

E quem criou Deus? 

“Ora, se tudo o que existe tem uma causa, quem causou Deus?”, pergunta o ateu. Aqui ele se vale de uma falácia ou é vítima de uma incompreensão acerca do princípio da causalidade.

O princípio da causalidade ensina, não que tudo que existe possui uma causa, mas que tudo o que COMEÇA a existir possui uma causa. Deus não começou a existir. Ele sempre existiu. Porque é mais lógico afirmar isto?

Vamos lá.

Alguém talvez se incline a pensar que precisamos necessariamente da Bíblia ou de algum outro tipo de autoridade ou revelação tipicamente religiosa para chegar a esta conclusão de que Deus é eterno, que ele sempre existiu, que é não causado. Mas isto não é verdade.

O argumento cosmológico que apresentamos na PARTE 2 desta série nos oferece a oportunidade de descobrir, sem a ajuda de nenhum instituto de caráter religioso, algumas das mais importantes características da causa do universo. Tudo com ajuda da ciência que conhecemos e da força da lógica.

Considere algumas destas características:

• Atemporal,
• Não espacial,
• Imaterial.

Ora, uma vez que a causa do universo é ela própria a responsável pelo começo do tempo, do espaço e da matéria, tal causa deve, logicamente, estar fora ou para além do tempo, do espaço e da matéria. Em outras palavras, não tem limites, é infinita.

“Certo, mas como se conclui que Deus sempre existiu?”, prossegue o ateu.

É simples. Questão de lógica, apenas. Vejamos.

A Teoria da Relatividade de Einstein nos ensina que houve um início absoluto do tempo, do espaço e da matéria, que estes são correlacionados, o que significa que você nunca pode ter um sem os outros.

Segue-se (de novo logicamente) que a causa do universo criou o tempo. Tendo criado o tempo, ela é anterior ao próprio tempo, é atemporal. É eterna.

Mas não é eterna a partir de um ponto do qual tenha surgido. Em termos simples, é eterna para trás e para frente. É absolutamente eterna, já que está fora do tempo.

O princípio da causalidade se aplica no mundo natural por imposição da realidade da natureza do próprio mundo natural.

Pense nisto. O princípio da causalidade se aplica no mundo natural por imposição da realidade da natureza do próprio mundo natural. Nada vem do nada. Se você encontra um relógio numa praia você não vai supor que o relógio surgiu do nada, mas por conhecer como funciona a nossa realidade deduzirá que alguém deixou o relógio ali, aceitará que ele foi fabricado e que só uma mente inteligente poderia idealizar, projetar e construir tal relógio. É só por saber disto que você não verá como incomum, sem explicação, a existência do relógio na praia. É assim que nossa realidade funciona.

A causa do mundo natural, por sua vez, não pode ser natural, pois existiu antes de qualquer coisa natural existir. Ela é, portanto, sobrenatural. Sendo assim, não há necessidade de uma causa para a causa eterna, de existência necessária e infinita sob quaisquer perspectivas.

Não estou aqui forçando a barra, mas seguindo apenas uma conclusão lógica que se segue de premissas corretas.

Deus é, então, não criado, eterno, atemporal, imaterial e não espacial. Deus é a realidade suprema, aquela na qual a nossa realidade material existe. É só por esta realidade suprema que a nossa encontra explicação para existir.

Mas como concluir que esta causa não causada, eterna, é pessoal? Porque acreditar que Deus é uma pessoa e não simplesmente uma coisa eterna? Esta abordagem fica para a parte 4 que será publicada em breve.

Por Gooldemberg Saraiva

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