Opinião: A organização do centro de Quixadá não pode ser tratada como caso de polícia

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Quixadá cresce a cada dia que passa. Em 2010 o município tinha 80.604 habitantes e em 2014 passou a ter 85.991 moradores, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o que demonstram um crescimento populacional de 6,68% em apenas quatro anos. O crescimento da Terra dos Monólitos, assim como de qualquer outra localidade, exige o seu desenvolvimento.

Além de garantir os serviços públicos de qualidade, o município precisa garantir a ocupação de novos espaços de convivência e também ter novas estruturas para atendimento dos munícipes e visitantes, sejam elas mantidas pelo poder público, sejam pela iniciativa privada. A cidade urge e os quixadaenses exigem estes novos espaços, entre eles: novas praças, um Centro de eventos, abertura de novas avenidas, shopping, hospital de grande porte, exploração do turismo, novos restaurantes, um novo mercado público, reorganização do Centro entre tantos outros empreendimentos e atividades que farão com que Quixadá ocupe de fato o posto de 10ª maior cidade do estado.

No início da nova gestão foi feita uma força tarefa para limpeza do perímetro urbano, mas uma cidade limpa é o básico que uma gestão pública pode oferecer para seus habitantes e para os turistas. Uma administração municipal que promete “cuidar bem das pessoas”, precisa começar a agir nas demais áreas. A Educação não estar nada bem, pois já estamos quase no final de fevereiro e nada de aulas. A saúde é outra área que precisa ser vista com atenção, no entanto nenhuma das duas áreas foi destaque no início desta semana. A pauta das redes sociais e dos sites de noticias é à reorganização do Centro.

O estacionamento reservado aos taxis, como publicado aqui no Monólitospost, foi palco de uma confusão entre prefeitura, polícia e taxistas, na manhã da segunda-feira, 20. É que a administração municipal proibiu a atuação de taxistas no Centro, transformando as vagas que pertenciam a estes profissionais em vagas para deficientes. O que causou revolta e indignação da classe que mantinha seu ponto trabalho há anos, naquele local. Inconformados, procuraram conversar com o secretário da pasta responsável pelo trânsito do município, Higo Carlos, no entanto não foram recebidos e resolveram retornar a Rua Basílio Pinto e obstruir a via como uma forma de protesto por não aceitarem a proibição imposta pela prefeitura. Eles queriam saber por que a mudança foi realizada sem discussão prévia e planejamento, bem como sem nenhum apoio técnico de um profissional na área de Meio Ambiente.

Esta ação repentina do poder público demonstra intolerância, impaciência e falta de compreensão para com os trabalhadores de Quixadá. O que não é nada bom para seu desenvolvimento. O mal-estar causado revela, com mais precisão, o fato do Centro do distrito sede precisar de melhorias para garantia de uma cidade mais organizada. Atualmente as calçadas são ocupadas por sacos de mercadorias, material de construção ocupa espaços que deveriam ser usado pelos transeuntes e estacionamento é cada vez mais raro. Outro fato percebível é que também não é fácil organizar o que estar ali há anos. Mas, há saída e, bons exemplos são fáceis de encontrar. Em Seropédica, no Estado do Rio de Janeiro, município com quase 84 mil habitantes, a prefeitura organizou e revitalizou o Centro realizando alterações no trânsito e colando em prática o ordenamento adequado do comércio ambulante, viabilizando a mobilidade urbana e concentrando o espaço dos comerciantes. Já Em Araripina, no estado de Pernambuco, cidade com pouco mais de 83 mil moradores, o incentivo do uso de vias paralelas às principais e a organização do comércio, garantiu, inclusive, o aumento da clientela. Como estas duas cidades chegaram a isso? Dialogando! Ações tomadas em parceria com quem vive e faz o Centro, como feirantes, pedestres, taxistas e comerciantes, por exemplo, foi uma medida exitosa. 

Em Quixadá, a organização do coração da cidade não será fácil. É preciso um intenso processo de participação popular, assim como acontece em Fortaleza, que sempre sofreu para reorganizar o Centro. Mas, em conversa com a ex-coordenadora da equipe de Controle Urbano e Meio Ambiente do Centro de Fortaleza, Mércia Albuquerque, que exerceu o cargo de 2007 a 2011, percebi que uma gestão humanizada, com um gestor de cargo técnico e não político, próxima dos trabalhadores e que conhece os anseios da população pode, com paciência, bem como tratando bem as pessoas, chegar a um acordo viável para todos. Para ela a presença do gestor é fundamental na resolução dos problemas da cidade. “Eu sempre estava na rua, porque preferia estar na rua do que na secretaria. Ali eu via a montagem e desmontem do comércio ambulante da nossa cidade. Eu acompanhava a rotina dos vendedores e demais comerciantes do Centro da nossa capital e mantinha uma relação de amizade com eles. Na rua a gente sente a necessidade de cada um”, disse.

A ex-coordenadora da equipe de Controle Urbano e Meio Ambiente do Centro de Fortaleza disse ainda que, o Centro de Quixadá pode ser organizado realizando campanhas educativas, instalando local próprio para comercialização de produtos e alimentos, padronizando fardamentos, barracas, preparando a equipe da prefeitura para fiscalização nos mais variados setores, bem como organizando o trânsito na localidade, estabelecendo pontos de táxi, zona azul e sinalização visível e eficaz, controlando horários para embarque e desembarque de mercadorias, bem como de passageiros.

Talvez se a atitude citada por Mércia fosse adotada pelos gestores da Terra dos Monólitos, O Centro passaria a ter novos usos, fortaleceria suas características próprias e facilitaria o convívio entre as pessoas. Entretanto, como visto pelos quixadaenses, o governo municipal preferiu, no caso dos taxistas, ferir a norma instituída por ele mesmo, a Lei 2.537/2012, que no capítulo “Dos pontos de estacionamento”, no artigo 19, garante aos permissionários a situação atual de localização. Além de desrespeitar a lei e não fiscalizar, a gestão preferiu tratar os taxistas de maneira rude, grosseira e ditatorial, chamando inclusive a polícia para trabalhadores e país de família, um ato de covardia exercido por uma administração que foi eleita com slogan que pregava a paz, o amor e a unidade. Quem prega a pacificação não pode tratar os anseios de sua população como caso de polícia.


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Por Franzé Cavalcante – Jornalista

Email:  monolitosquixada@gmail.com




Comentários

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  2. Que bom que tão organizando o centro da cidade. Parabéns.

  3. Não entendi o porque de tanta polemica a respeito dessa manifestação.
    Na verdade concordo em tirar não so esses taxistas os quais a maioria assim como os mototaxistas não são associados, não contribui com nada do ponto de vista fiscal e nem muito menos com o inss deles mesmo. São todos clandestino. A prefeitura tem que ajudar na regularização desse pessoal e coloca-los em um sistema que priorize o transporte publico com qualidade. Na verdade, é preciso voltar as linhas de onibus que tinha em Quixadá, enfim. É preciso mobilidade urbana, organização dos espaços publicos, ninguem tem que reclamar, tem que trabalhar da maneira correta.

  4. Aos poucos tudo vai se organizando, é só questão de tempo.

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