Um ano sem João da Sapataria: O que mudou? Aliás, será se mudou?

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Hoje marca um ano do fim de um dos governos mais conturbados da política quixadaense: A administração João da Sapataria. No dia 11 de  agosto de 2016, o então prefeito era afastado do cargo pela justiça. No lugar dele assumia o vice, Welligton Xavier (Ci), que durante cinco meses de gestão foi apoiado pelo atual alcaide e seus apoiadores, entretanto pouco fez.

Ci assumiu a Prefeitura no período pré-campanha eleitoral e sua administração teria que tentar renovar a imagem da gestão para que assim se fortalecesse e pudesse, pelo menos, começar a “arrumar a casa” para que o sucessor assumisse um Executivo mais organizado. Ao que parece não foi isso que aconteceu. Quem não lembra que no início deste a Prefeitura precisou contratar uma empresa para que seus documentos fossem digitalizados e arquivados corretamente?

Após um ano, o que mudou? Administrativamente, os nomes e os cargos. Já em termos de produção e benefícios para população, pouco ou quase nada aconteceu. O atual cenário está muito longe do que Ilário Marques prometeu em campanha, um governo inovador e comprometido com a união dos quixadaenses por busca de melhorias.

O que o petista prometeu é de fato o que o povo quer. Quem não deseja o desenvolvimento de seu município? Entretanto, parece que o gestor ainda não arregaçou as mangas. Precisa começar a praticar a política de “Paz, Amor e Unidade” tão falada nas eleições. Às vezes, tenho impressão que a administração local não foi mudada e pelo que vejo é o mesmo sentimento da população da Terra dos Monólitos. Nas redes sociais e nas ruas de Quixadá as pessoas comparam, de uma maneira jocosa, os dois governos, chamando o prefeito de “Ilário da Sapataria”.

Acho um exagero, pois vejo diferenças. Por exemplo, João Hudson, quando eleito não tinha experiência em Gestão Pública. Já o petista é velho conhecido da política cearense. Aliado de dois deputados estaduais da Terra dos Monólitos e do mesmo partido do governador do estado, o gestor não consegue usar o traquejo político para obter recursos para o município. O chefe do Executivo quixadanse demonstra não ter prestígio nenhum com o ocupante da principal cadeira do Palácio de Iracema. Pior ainda é saber que um dos aliados na Assembleia Legislativa é sua esposa, que por tabela, também não exerce influência junto ao Governo do Estado, pelo menos para conseguir investimentos não. Já Hudson não tinha apoio nenhum, ou seja, a comparação entre os dois é demasiadamente inócua. Enquanto um era ruim, outro, por enquanto, é muito, mais muito pior.

Os oito meses de governo mostram uma administração sem planejamento e longe de ser a inovação que Quixadá precisa. Não sou eu que digo isso, são as ações governamentais. A Educação do município, por exemplo, é uma área que foi bastante prejudicada, caminhando a passos lentos. Quem não lembra que o ano letivo iniciou tardiamente? 12 mil alunos matriculados no ensino fundamental, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram prejudicados. Nos últimos quatro anos, 2017 foi o primeiro a apresentar atraso no início das aulas da rede municipal de ensino. As portas das escolas só foram abertas no dia seis de março.

Os pais e alunos sofreram, também, com a falta de transporte escolar, por conta do atraso da licitação para o serviço. A Prefeitura de Quixadá cancelou as licitações que seriam realizadas para o serviço de transporte dos estudantes por duas vezes, entretanto para não serem prejudicados, crianças e adolescentes do distrito de Dom Maurício, por exemplo, andavam vários quilômetros para não perder aula.

Antes, ainda em janeiro deste ano, através de dispensa de licitação, o governo municipal contratou empresa especializada em execução dos serviços de coleta e transporte de resíduos sólidos, conservação e manutenção da limpeza de vias e logradouros públicos por quase R$ 800 mil, de acordo com o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). No governo de João Hudson a empresa contratada para o serviço, em seu primeiro ano de mandato, gastou um pouco mais de R$ 1,6 milhões (um milhão e seiscentos mil) para o serviço prestado durante um ano. Já o petista, nos primeiros meses de administração, gastou quase metade do que foi gasto durante todo um ano de seu antecessor, ou seja, no final deste ano a Prefeitura de Quixadá poderá gastar, no mínimo, o dobro da gestão João Hudson. Um valor muito elevado para um município que, decretou Estado de Calamidade Financeira, assim que o atual alcaide passou a ocupar a cadeira de prefeito.

Outro ponto que deve ser destacado são as más condições das vias da cidade, que não está muito diferente dos últimos anos. Para um município que, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem quase 27 mil veículos as vias urbanas e rurais deixam muito a desejar. Avenidas como a José Caetano e ruas como a Basílio Pinto e Rui Maia não é possível trafegar com segurança. A estrada que leva até a Serra do Estevão, um dos locais mais belos do município, é visivelmente esburacada e perigosa. Lá, os buracos enormes na pista obrigam os motoristas a dirigirem na contramão, expondo-se a acidentes. A maioria daqueles que usam rotineiramente o trecho também reclama da falta de segurança e dizem que as condições da estrada facilitam os assaltos.

A Saúde Pública também deixa muito a desejar. Eu sempre tive curiosidade de saber o que é necessário para que a Prefeitura tenha pelo menos um mamógrafo, uma vez que em Quixadá há apenas três, sendo que os da rede pública são da maternidade e também da policlínica, que é mantida pelo Governo do Estado. Para uma população estimada em 14 mil mulheres entre 30 e 60 anos, o governo municipal ter este tipo de equipamento seria importantíssimo, pois facilitaria o trabalho de prevenção do câncer de mama, doença que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, (OMS) é a maior causa de morte por câncer nas mulheres em todo o mundo, com cerca de 520 mil mortes aproximadamente por ano.

Outro assunto que deve ser visto com cautela pelo município é a quantidade de leitos mantidos pelo SUS. Em todo Ceará, em 2015, havia 14.259, de acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM). Já Quixadá, conta, apenas, com um pouco mais de 100 leitos, isso no Hospital Eudásio Barroso e na Maternidade Jesus, Maria e José. Um número pequeno para um município que tem algo em torno 86 mil habitantes. A Terra dos Monólitos tem menos de um leito por mil habitantes, algo em torno de 0,001 leito/hab. Se houver um surto de algumas doenças e não houver vagas para internação, para aonde as pessoas serão encaminhadas? O que o pode ser feito para que a gestão municipal consiga um aumento no número de leitos para Quixadá?

Diversos são os problemas na Saúde Pública de Quixadá. Nos últimos meses não são raros os acidentes de trânsitos, acidentes domésticos também são comuns, entretanto encontrar no Hospital Eudásio Barroso atendimento 24h na especialidade de Traumatologia não é possível, as cirurgias nesta área também precisam ser regularizadas. Aliado a isso, o município tem diversas Unidades Básicas de Saúde inacabadas, como nos bairros São João, Putiú e Carrascal. Previsão para conclusão? Nenhuma. E quando elas estiverem prontas haverá ampliação das equipes do PSF? Também é uma resposta que gostaria de saber.

Uma boa atitude para não deixar espaço para indagações e desconfiança da população seria o atual alcaide sempre reavaliar sua administração, traçar estratégias para que novas obras sejam realizadas, cobrar celeridade às construtoras contratadas para que as inacabadas sejam concluídas e evitar que erros se repitam. Só assim a população terá certeza que ele assumiu o poder. O petista deve dar um “upgrade” no modus operandi de se gerir a coisa pública. Mais serenidade e competência devem ser adotadas, pois a população já está cansada e quer ver um Quixadá mais justo e desenvolvido. É inaceitável uma pessoa achar que por ocupar o cargo mais importante do município poderá afrontar as leis, os órgãos, as instituições responsáveis pelos atos do poder Executivo. O fim que a administração João da Sapataria não esperava, pode, numa época de denúncias e delações, ser também destino da vigente.

 


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Por Franzé Cavalcante – Jornalista

E-mail: monolitosquixada@gmail.com




Comentários

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  1. PÉSSIMA , MENTIROSA E CORRUPTA ! PRONTO JÁ ESTAR FEITA A AVALIAÇÃO .

  2. Acho que ainda é cedo para avaliação.

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