Monólitos Post

Licitação acontece nesta terça-feira (21) (Foto: Tribunal de Contas do Estado)

De janeiro a outubro deste ano o estado do Ceará registrou um recorde, foram 4.211 assassinatos 51% a mais que no mesmo período do ano passado. Houve crescimento também no número de roubos, No acumulado de janeiro a outubro deste ano, foram 53.886 crimes de roubos e furtos.

Em Quixadá a situação da falta de segurança preocupa toda população, porém uma minoria parece “blindada” contra toda essa violência, dentre eles o prefeito de Quixadá, Ilário Marques, que a partir de amanhã (21) poderá desfilar pelas ruas em um carro de luxo blindado e as custas dos quixadaenses que tem que conviver com toda essa insegurança.

Acontece que, em setembro Ilário Marques tentou de forma inusitada contratar com recursos públicos um veículo de luxo e blindado para ficar a sua disposição. Porém, como era de se esperar, em decorrência da repercussão da matéria do Monólitos Post, o representante do Ministério Público recomendou ao município que cancelasse a referida licitação. De acordo com o promotor de justiça, além de outras irregularidades apontadas na licitação, a prefeitura intentava dispender quase R$ 150 mil reais para a locação do veículo blindado e automático pelo prazo de 12 meses, entretanto, o município declarou situação de calamidade financeira em Quixadá por meio do Decreto nº 02/2017. Assim, por conta da repercussão e da recomendação do Ministério Público o prefeito resolveu então cancelar a licitação para alugar o veículo.

Aluguel orçado em quase 150 mil reais

Talvez pela violência crescente, e bastante inconformado com a recomendação para anular a aludida licitação, Ilário Marques agora resolveu peitar o Ministério Público e repetiu a mesma licitação. Nesta terça-feira (21), às 09:00h, o prefeitura realiza nova licitação visando contratar um carro de luxo blindado. A situação é tão indecorosa que o prefeito pretende pagar quase R$ 150 mil reais pelo aluguel de uma picape luxuosa, blindada e com quilometragem livre. Caso deseje ficar com o carro até o final de seu mandato o município irá desembolsar quase R$ 500 mil reais por esse aluguel. Dessa forma, resta claramente configurado que os responsáveis diretos pela licitação PP 2017/061 tentam desafiar a instituição do Ministério Público. Afinal de contas, se o promotor recomendou que o município não deveria realizar tal contratação, por ser danosa aos cofres públicos, como explicar a atitude do prefeito em contrariar uma recomendação que objetiva proteger o patrimônio municipal?

A verdade é que a atitude da atual gestão de alugar um veículo luxuoso e blindado chega a ser vergonhosa e insolente, pois Ilário Marques já ganha a maior remuneração que um prefeito já recebeu neste município, visto que todo mês o chefe do Executivo embolsa quase R$ 20 mil reais dos cofres da prefeitura, salário este que daria perfeitamente para bancar o seu deslocamento de onde reside até o local de trabalho. Ora, se qualquer cidadão que ganha apenas um salário mínimo por mês consegue se deslocar até o seu ambiente de trabalho sem nenhuma ajuda do Poder Público, então por que será que o prefeito de Quixadá merece todo esse privilégio bancado com o dinheiro público? Na realidade parece ser um caso inédito no Ceará e no Brasil. A tudo isso ainda deve ser acrescentado que, afora o super-salário, o prefeito ainda tem direito à diárias, utilizar os telefones da prefeitura a seu bel-prazer, passagens aéreas, motoristas particulares, entre tantos outros privilégios próprios do cargo que ocupa.

No entanto, toda essa polêmica envolvendo a locação de uma luxuosa picape automática e blindada para ficar à disposição do petista somente revela o desrespeito e desacato com o órgão Ministério Público, pois não é normal um promotor fazer uma recomendação almejando proteger o patrimônio público municipal e o prefeito fazer justamente o contrário.

Enquanto a gestão municipal tem um chefe que pode andar em um carrão de luxo blindado mantido pelos contribuintes, a grande maioria dos quixadaenses anda a pé e com medo de sofrer algum tipo de violência.