Quixadá é comandada por um prefeito condenado em três instâncias e um presidente da Câmara preso

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Para entender melhor a triste situação em que a cidade de Quixadá está mergulhada, cabe primeiramente lembrar que o presidente do Poder Legislativo municipal, Ivan Construções (PT), se encontra atualmente na cadeia em decorrência de gravíssimas acusações de corrupção. O que macula mais ainda a imagem política do município é o fato de que Ivan, mesmo há vários meses no xadrez, permanece como presidente da Câmara e recebendo o seu alto salário como se nada tivesse acontecido.

O quadro se agrava porque o dinheiro para pagar o “presidente presidiário” sai do bolso do povo quixadaense que já paga seus impostos com muito suor e sacrifício. Para tentar amenizar essa questão, porém, os vereadores de oposição protocolaram um pedido de cassação do presidente do Legislativo, mas os que fazem a base do prefeito formaram a maioria e votaram para que Ivan continuasse na Presidência da Câmara. Com essa decisão, os petistas criaram uma jurisprudência inusitada no cenário administrativo de Quixadá: “Se a justiça afastar e prender um político sob a acusação de desviar verba pública, a Câmara dará um jeitinho de deixa-lo no cargo e no comando do dinheiro do povo”.

Quanto ao Poder Executivo, a situação não é menos vexatória, tendo em vista que o prefeito Ilário Marques (PT) já foi condenado em primeira, segunda e terceira instância da Justiça Federal por crime de improbidade administrativa, em virtude da falsificação de documentos da prefeitura da Terra dos Monólitos. Apesar disso, o alcaide também permanece administrando os mesmos documentos públicos que um dia já falsificou, segundo as decisões da Justiça. Mas, é bom relembrar também que Ilário foi afastado do cargo em 2018 em consequência da operação policial “Fiel da Balança”, coordenada pelo trabalho da Procap e do GAECO, que investiga grave crime de corrupção na atual gestão, porém o petista conseguiu uma decisão liminar para permanecer no mesmo cargo de onde foi afastado por desvios de recursos.

Por essas razões, a atmosfera administrativa em Quixadá, hoje, é completamente inédita e fora dos limites. Pois a Câmara Municipal que seria o órgão fiscalizador, transformou-se na via para fazer a defesa dos interesses pessoais do prefeito e para proteger políticos acusados de corrupção, ressalvando-se, com o devido destaque, os vereadores que se posicionam contra essa vergonha pública. Ainda relação ao Executivo, a semelhança com o Legislativo é notória, pois o Poder que deveria executar grandes obras para a população, transformou-se em palco de grandes escândalos relacionados ao afastamento de cargos por corrupção, condenações em três instâncias, e até na prisão do próprio genro de Ilário, que era conhecido como uma das “cabeças” da atual gestão.

Sem qualquer margem de dúvida, é possível afirmar que essa é a pior de todas as gestões da história deste município. Ilário e Ivan são companheiros políticos de longa data e sempre mantiveram a estreita parceria e fidelidade política. O destino agora, porém, colocou as claras seus reais planos que decepcionam e indignam as pessoas de bem. Suas próprias práticas levaram Ivan a prisão e Ilário ao afastamento do cargo pelo mesmo motivo, que é o desvio do dinheiro do povo, conforme as investigações do Ministério Público.

O fato é, que em dezembro, a atual gestão completará três anos e os resultados administrativos são verdadeiras provas do retrocesso e do “faz de conta” quanto aos índices educacionais e ao desenvolvimento municipal do Ceará. Na área da Saúde, o vexame é notório em face do recorrente número de reclamações em face da precariedade e desorganização do sistema. Se não fosse a UPA, inaugurada na gestão anterior, o caos certamente seria ainda maior. Por tudo isso, surge a pergunta que não quer calar: No final do ano o prefeito deverá gerir cerca de meio bilhão de reais em recursos públicos, para onde vai o dinheirão que entra constantemente na prefeitura de Quixadá? Melhor que responder, no entanto, seria refletir se devemos confiar na Câmara que tem um “presidente presidiário” e na Prefeitura que tem um prefeito condenado em três instâncias e que já foi afastado do cargo na operação que investiga justamente o desvio de dinheiro público.


Por: Herley Nunes
Email: monolitosquixada@gmail.com




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