Parecia que ele já estava preparado para a derrota. Um tom de conformidade acompanhou, ontem à tarde, toda a fala do senador Tasso Jereissati (PSDB), durante a primeira entrevista coletiva concedida por ele após o resultado desfavorável nas urnas.
Embora aparentemente resignado, o tucano deixou transparecer mágoas e deu sinais de que nem o fim da eleição será capaz de reatar suas relações com o deputado federal Ciro Gomes (PSB), de quem ele foi aliado por mais de 20 anos. “As pessoas mudam com o tempo. O poder é encantador. Ele não é, nem de longe, aquele jovem idealista de 25 anos atrás”, avaliou Tasso.
Minutos antes, ao afirmar que já não reconhece mais os Ferreira Gomes, o tucano também incluiu nas críticas o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), irmão de Ciro. “Sou totalmente oposição ao tipo de política que a família está fazendo. Não é nem a sombra daqueles jovens que eu conheci no passado. Estão levando o Ceará a um retrocesso”, atacou.
Aliado do clã há mais de 20 anos, Tasso é considerado padrinho político da dupla, tendo sido um dos responsáveis pela primeira eleição de Ciro à Prefeitura de Fortaleza, em 1988.
Sobre a derrota no último domingo, o tucano admitiu que cometeu “erros estratégicos” – a falta de um “parceiro” de chapa rumo ao Senado, por exemplo, foi apontada por ele como equívoco. Apenas no fim do pleito, Tasso começou a pedir votos para a Alexandre Pereira (PPS).
Na despedida, o senador quase “aposentado” garantiu não ter se arrependido do rompimento com o Governo do Estado para encarar, quase isoladamente, a disputa para o Senado. “Eu tenho a certeza de que quando meus netos lerem a história do Ceará, vão se orgulhar. Inclusive, vão se orgulhar dessa campanha. Eu vou ficar mais tranquilo”.
Fonte: O Povo