A Câmara Municipal de Quixadá, no sertão central cearense, reuniu na manhã da quarta-feira, dia 20, em seu auditório, agricultores, estudantes da Escola Profissional Maria Cavalcante Costa, líderes comunitários, prefeito e vereadores em audiência pública que teve como objetivo buscar soluções que amenizem os problemas decorrentes da seca, vivenciados pelos agricultores da Terra dos Monólitos.
A atividade durou cerca de três horas, tempo dedicado aos discursos, troca de experiências e muitas sugestões de aprimoramento da convivência com os períodos de estiagem, comum na região nordeste.
Autor do requerimento que realizou o evento, vereador Higo Carlos (PT), abriu as discussões com uma fala voltada para os trabalhadores e trabalhadoras rurais. “Só quem sabe a importância de discutirmos este assunto são as famílias que estão no campo perdendo o seu gado, perdendo as ovelhas e tendo que conviver com essa terrível seca”, comentou. O parlamentar lembrou que é preciso que os Governos atendam as necessidades das comunidades e citou o distrito de Cipó dos Anjos como exemplo. “Próximo à sede do distrito passa o Rio Sitiá e também está localizado o Açude Pedras Brancas, mas nós temos lá, mais de mil famílias sofrendo com a falta da água, inclusive para o consumo humano. Por isso temos que sair daqui com algo de concreto, sabendo quais são as medidas que o Estado irá tomar para assegurar para o município de Quixadá os projetos no dia 19 de março”, disse Higo Carlos.
Em reflexão o presidente do Sindicato dos Trabalhadores (as) Rurais de Quixadá, Marcelo Lucena, disse que a cidade tem cerca de seis mil famílias morando no campo, e passa por um momento preocupante. “A maioria dessas famílias tem o seu rebanho e aí a gente ainda tem uma grande dificuldade, que é a distribuição de um número insignificante do milho feita pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), onde atendem somente 395 famílias, ficando o desafio de cadastrar o restante das famílias”. Ainda segundo o presidente Marcelo, atualmente 4.700 agricultores estão cadastrado no programa Garantia Safra, e o desafio é credenciá-los para que eles também possam comprar o milho e alimentem seus rebanhos.
O secretário de Desenvolvimento Agrário do Estado do Ceará, Nelson Martins, foi representado por Ademar Holanda, membro permanente da Secretaria no Comitê Integrado de Combate a Seca. Para Ademar nos últimos anos as coisas melhoraram principalmente nas questões sociais. “Há 10 anos em um período como esse, a gente lembra que houveram várias ocupações. E os programas que aí estão foram demandados dos movimentos sociais. Hoje o Estado do Ceará atende duzentos e trinta e nove mil e oitocentos agricultores, atendidas com o bolsa estiagem e em 2013 esse número foi ampliado para trezentos e cinquenta mil agricultores”, relatou.
Já o presidente da EMATERCE, José Maria Pimenta, dentre outros assuntos defendeu que “após uma seca como essa era pra gente ter desassoreado os açudes, porque as águas dos açudes, quando chegam ao final do ano são todas verdes e impróprias para o consumo humano? Porque a terra rica, adubada, quando começam as primeiras chuvas é levada para os açudes. Ali está a terra rica em matéria orgânica e se desenvolve com facilidade quando tem pouca água, as algas que as deixam imprópria”, esclareceu.
Higo Carlos sugeriu que fosse formada uma comissão permanente com as entidades e aqueles que tenha interesse de discutir o tema agricultura. O vereador solicitou ainda uma audiência da referida comissão com secretário Nelson Martins, onde na oportunidade serão apresentadas as principais reivindicações identificadas na audiência pública realizada pela Câmara.
Estiveram presentes na audiência pública os vereadores Kelton Dantas, Evaristo Oliveira, Dudu, Luis do Hospital e Audênio Moraes. O vereador Kelton Dantas voltou a cobrar do governo o fim da cobrança da Guia de Transporte Animal, GTA, pelo menos nessa época de estiagem.
