O garoto que a âncora do SBT, Rachel Sheherazade, classificou como “marginalzinho”, que foi torturado, deixado nu e amarrado num poste por uma tranca de bicicleta, no Rio de Janeiro, não é o primeiro caso do tipo em tempos recentes, aqui no Brasil.
Uma cena chamou a atenção de moradores e transeuntes da Rua Bárbara de Alencar, centro comercial do Crato, na região do Cariri cearense, no dia 06 de fevereiro de 2013. Um homem negro, deficiente metal foi amarrado a um poste e assim permaneceu durante duas horas. O motivo: em surto, teria quebrado vidraças de lojas.
O morador do bairro São Miguel possui histórico de outros atentados, como pôr fogo no carro de um vizinho. Ele também possui diversas entradas no Hospital Psiquiátrico Santa Tereza. Segundo a sobrinha, a família não sabe mais o que fazer com o parente: no hospital não há vaga e ele se torna cada vez mais violento.
Durante as duas horas em que ficou amarrado, algumas pessoas tentaram libertá-lo, ato que foi violentamente rechaçado pelos dois homens que o prenderam. No mais, a multidão, estonteada, admirava estupidamente o espetáculo do homem que gritava, rugia e pedia por socorro. Diversas autoridades estiveram no local, a exemplo de soldados do Ronda.
Mas há outro histórico que pesa sobre o homem: nasceu negro e pobre. E pior: necessita de acompanhamento psiquiátrico. Dessa forma, por ser negro, pobre e louco, o deficiente pôde ser amarrado, exposto a meios ridículos em praça pública, além de violentado em sua dignidade humana, tal qual seus ancestrais.
“De minha parte, só não podia acreditar que, após tantos séculos, ainda iria presenciar um negro sendo imolado em praça pública”, disse um editor da imprensa da região.
Precisamos torcer para que cenas deste tipo não continuem a se repetir.
Fonte: CRA