Camilo Santana pode estar sendo tratado injustamente por seus críticos, afinal, embora não tenha ainda apresentado nenhuma proposta concreta que se diferencie dos métodos vencidos de Cid Gomes para combater o avassalador crescimento da violência no Estado, talvez o candidato esteja escondendo uma agenda secreta que pretenda seguir para tentar melhorar essa realidade cearense.
Ou é isto, ou é viável supor que o jovem político não faz a menor ideia do que fazer sobre a questão, exceto perguntar aos Ferreira Gomes como agir depois, em caso de vitória. Afinal, como Deputado Estadual, o rapaz já vinha seguindo essa linha de atuação que prioriza ouvir Cid acima de tudo o mais. Se for isso, qualquer êxito eleitoral dele representará a continuidade de todas as políticas de segurança que levaram o Estado a se tornar o terceiro mais violento da federação.
A receita para combater a violência que o candidato arriscou desenhar em recente debate promovido pela NordesTV (grupo Jangadeiro), é investir em escolas técnicas. A medida, que também é defendida por outros candidatos, certamente é válida e deve mesmo ser implementada independentemente de quem ganhe a disputa pelo comando do Abolição. Mas Camilo não deu uma palavra sobre como dar mais condições ao trabalho da polícia, sobre como valorizar esses policiais, sobre questões estratégicas e táticas, ressocialização de presos, etc. Nada.
Capitão Wagner, por outro lado, sem nem concorrer ao cargo majoritário, apresentou 38 projetos cujo único objetivo é combater a violência no Estado. Infelizmente para Camilo, Capitão segue outro candidato na disputa.
Mas, quem sabe as informações estejam apenas sendo cuidadosamente escondidas do governador Cid para serem implantadas com o elemento surpresa. Quem sabe. Se não for isto, o discurso do candidato não passa de linhas escritas por terceiros para serem decoradas e ditas com elegância e jovialidade diante das câmeras nos debates e nos programas eleitorais.
Camilo quer fazer o cearense sonhar com um Estado melhor escolhendo na urna exatamente as mesmas ideias de Cid Gomes. Se o povo seguirá esse projeto pintado de vermelho e amarelo defunto, resta esperar para ver. Afinal, quem conseguiu a proeza de transformar a sagrada estrela petista, abrigo eterno do número de campanha, numa bola – restando à estrela ser transformada num pingo da letra i -, pode muito bem surpreender na área de segurança. Será que aqui caberia um “só que não”?