Monólitos Post

Uma situação bastante contraditória tem sido experimentada pelo município de Quixadá, no Sertão Central do Estado: nunca em sua história o poder público dispôs de tantos recursos financeiros para lidar com suas demandas, contudo, nunca se viu tanta escassez de dinheiro na prefeitura. Como isto pode acontecer?

Dados do Portal da Transparência, do Tribunal de Contas dos Municípios, mostram que durante o ano de 2014 o cofre da prefeitura abocanhou R$ 124.084.158,04, a maior arrecadação da história. Apesar disso, atrasos no pagamento dos proventos de diversas categorias foram constantes, e ainda há dificuldades neste respeito. A Secretaria de Educação é a mais eficiente no trato de suas finanças e, mesmo assim, os servidores dos chamados 10% ainda sofrem com atrasos no pagamento de seus salários.

A situação dos agentes de limpeza também ilustra o mau uso dos recursos financeiros. Os gastos com a área são os maiores já feitos pela prefeitura em todos os tempos, contudo, a cidade testemunha paralisações da categoria e muita sujeira por todos os lados. Felizmente, esta semana os atrasos foram resolvidos, mas a população continua insatisfeita com o serviço ineficaz.

Obras paralisadas, projetos que não andam e dificuldades extremas com a área da saúde se juntam para esmagar a imagem pública da administração. Como resultado, até quando não possuem razão alguma, os críticos se sentem livres para criticar.

Parte da solução tem a ver com a quantidade de pessoas trabalhando para a prefeitura. A necessidade de João Hudson realizar demissões é premente, mas as ações neste sentido tem sido tão limitadas que praticamente não são sentidas. A folha inchada compromete demais a capacidade de movimentação do poder executivo.

Outras cidades discutem planos diretores que envolvem o planejamento administrativo que vislumbra anos à frente. Quixeramobim e Iguatu, por exemplo, já planejaram seu desenvolvimento para muitos anos. Enquanto isso, Quixadá discute sua capacidade de tapar buracos nas ruas.

A palavra de ordem parece mesmo ser RENOVAÇÃO. Os políticos do município ocupam-se em morderem-se mutuamente e em lucrar, de uma forma ou de outra, o máximo possível. Os discursos são de gente grande, as ações, no entanto, permanecem no campo da irresponsabilidade e da falta de amor pela própria terra, para não dizer na esfera da vagabundagem.

Em Quixadá é assim: ou a população renova ou mata logo a galinha choca para fazer um caldo comunitário. Porque se continuar desse jeito, em breve ela não significará mais nada, não nos inspirará orgulho, e só servirá para identificar um município que preferiu enterrar-se na discórdia e no partidarismo bobo.