Quatro meses. Este é o período no qual o vereador Pedro Baquit passará longe da atmosfera insalubre da Câmara Municipal de Quixadá. O parlamentar pediu licença sem ônus do cargo e só voltará a encarar seus pares no plenário do legislativo a partir da segunda metade deste ano.
Solicitar licença é prerrogativa dos vereadores. É seu direito, estipulado em lei, como tantos outros que elevam a classe política deste país a uma condição diferenciada daquela experimentada pelos cidadãos comuns. Estranho mesmo foi o motivo elencado pelo parlamentar para justificar seu afastamento: “Meu intuito com tal licença, é nada mais nada menos que ir buscar junto ao governo estadual, um socorro para nossa população”, postou ele em sua página pessoal no Facebook. E porque não seria possível fazer isso como vereador? Não foi para esta posição – e não para qualquer outra -, que a população ofereceu ao parlamentar procuração para representá-la?
Além da justificativa já mencionada, o vereador disparou uma enxurrada de críticas ao seu ex-aliado, João da Sapataria, prefeito do município. Vale lembrar que Pedro Baquit, durante seu mandato como presidente da Câmara, ofereceu de todas as formas que pôde a sustentação que o prefeito precisava para passar por cima das maiores crises enfrentadas pela gestão.
Nos últimos dois anos a atuação do edil licenciado foi, de fato, essencial para a sustentação do governo de João Hudson. Contudo, agora que o Deputado Osmar Baquit rompeu com o prefeito, é somente natural no jogo político típico de Quixadá que o sobrinho se sinta livre para criticar a gestão municipal.
Pedro Baquit, porém, tenta minimizar seu recente histórico de apoio ao prefeito dizendo: “Ao homem é cabido errar, mas não é cabido permanecer no erro. Eu, como a maioria da cidade, acreditei na honestidade e na humildade de quem, posteriormente mostrou que, nada tinha a oferecer de bom ao povo da nossa terra.”
Não é difícil determinar que o vereador tem razão neste ponto: muita gente se enganou mesmo em relação à gestão municipal! Muitos acreditaram numa esperança que estava sendo construída sem alicerce e em areia movediça. Deu no que deu. Estranho é que as duas Operações Miragem, a Operação Diagnóstico, as denúncias do Ministério Público à Justiça, as CPI’s, a sugestão dos promotores para cassar o prefeito, as aparições do município em luz negativa nas mídias nacionais, e as reclamações cotidianas da população no decorrer de 730 dias (2013-2014) não tenham sido suficientes para que Pedro Baquit percebesse o erro que havia cometido.
Ao que parece, foi somente depois do rompimento entre João e Osmar que o vereador teve lampejos mentais que lhe induziram a uma “grande reflexão” que, por fim, lhe apontou o erro. “Após grande reflexão sobre os rumos políticos, meus e principalmente da cidade, decidi licenciar-me da Câmara de Vereadores de Quixadá, por 4 meses”, disse ele. Talvez se possa arrazoar, neste caso específico, com base no ditado popular que diz: “Antes tarde do que nunca.” Persiste, no entanto, a dificuldade de muitos de entender o que uma coisa tem a ver com a outra. Se a política está em crise, e se a gestão municipal precisa ser fiscalizada de perto, não deveria Pedro reforçar seu trabalho como vereador em vez de se afastar dele?
Nos bastidores da política, o que se comenta é que Pedro deseja se afastar gradualmente das polêmicas relacionadas com o parlamento. Assim, ele teria mais condições para oferecer o próprio nome para compor uma eventual chapa na disputa pela prefeitura em 2016. Além disso, durante sua licença de quatro meses, poderá se beneficiar de várias formas da posição atual do seu tio, Osmar Baquit, Secretário da Pesca e Aquicultura do Estado do Ceará. O próprio vereador dá a entender isto quando diz: “Estarei com o Dep. Osmar Baquit, agora secretário do estado, na sua secretaria, procurando a todo custo trazer obras que venham a acalentar o abandono que nossa cidade está passando.”
Em sua postagem, o vereador utiliza uma frase de Lao Tsé, que diz: “O rio atinge seus objetivos, porque aprendeu a contornar os obstáculos.” Ela faz lembrar outra, do jornalista e escritor estadunidense Ambrose Bierce, que diz: “Política é conduzir os assuntos públicos em proveito dos particulares.” Ou talvez o inverso disto, como apregoa outra frase, atribuída ao gênio de Thlandiére, que diz: “Política é a arte de disfarçar o interesse particular em interesse geral.”
Vai buscar junto aos petistas melhorias para Quixadá
Esse pessoal ta no poder desde 1996 e nunca trouxe uma obra importante para Quixada. A culpa realmente deve ser do Joao da Sapataria? Facam-me cocegas. Por qual razao nao utilizam o prestigio que dizem ter para trazer emprego para os quixadaenses (nao apenas para seus xeleleus)? O que a secretaria de pesca ajudara nossa cidade e regiao…..??????????? Vereador, compre um landua e uma canoa e va pro castanhao.
O que se pode concluir, após todos os giros das engrenagens da administração atual, é que o verdadeiro poderoso é o prefeito João Hudson, pois de tudo e quase todos tentaram derrubá-lo; porém sem êxito. Pena que o citado prefeito não seja um ferrenho respeitador do público que o elegeu.