Uma das explicações mais utilizadas pelo PT para justificar o recebimento de milhões de reais de várias empresas em forma de doação de campanha, é que elas foram oficiais, legítimas e legais. Nesta terça-feira, 05, o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, detonou esta versão.
Em seu depoimento, Costa afirmou aos deputados da CPI da Petrobras que investiga desvios de recursos da estatal, que não há “almoço de graça” e que empresas fazem doações oficiais a campanhas eleitorais para “cobrá-los” depois.
Um dos argumentos utilizados pelo tesoureiro licenciado do PT, João Vaccari Neto, para justificar as doações obtidas de empresas investigadas na Operação Lava Jato é que foram realizadas legalmente, mediante recibo e com registro na Justiça Eleitoral. O Ministério Público, por sua vez, afirma que parte das doações oficiais a partidos foi feita com recursos oriundos do superfaturamento de obras da Petrobras.
De acordo com Paulo Roberto Costa, que negou conhecer Vaccari, várias doações oficiais dessas empresas são oriundas de propina obtida nos contratos entre Petrobras e empreiteiras. “Isso está se comprovando [pelas delações], que várias doações oficiais vieram de propina, isso está claro”, afirmou. “Não existe almoço de graça”, disse Costa.
EM QUIXADÁ E SERTÃO CENTRAL
A campanha do PT em Quixadá no ano de 2004 – e outras no Sertão Central -, contou com doações da empresa Camargo Corrêa. Para os petistas, as doações foram legais. Para o ex-diretor da Petrobrás, elas podem muito bem ser parte de um esquema gigantesco de distribuição de recursos financeiros oriundos do pagamento de propina em troca de favorecimento nas licitações da estatal.
Como a Camargo Corrêa não tem nenhum interesse estratégico em Quixadá – ou no Sertão Central -, muitos supõem que, de fato, as veias podres da corrupção passaram pela Terra dos Monólitos sem que ninguém percebesse. Agora, os candidatos financiados por estes estranhos meios devem, no mínimo, boas explicações à sociedade. Afinal, como não imaginar que tais financiados deram sinal verde para a corrupção?