Uma comunidade localizada na Serra do Estevão, em Quixadá, composta em sua maioria por agricultores e donas de casa, preserva há várias gerações a tradição dos Quilombolas.
No último sábado, 21, mulheres da comunidade se vestiram de branco para a dança das promessas à São Gonçalo, o padroeiro da festividade. Descalças, elas realizam durante todo o dia um ritual que serve como pagamento de promessas feitas ao padroeiro por membros da comunidade. Enquanto dançam, quem fez a promessa fica no centro da barraca de palha, improvisada, onde tudo acontece.
O local onde as danças são realizadas rapidamente se transforma no ponto mais movimentado da Serra, com dezenas de moradores assistindo a tudo, enquanto muitas crianças brincam por todo lugar.
O Senhor Joaquim Roseno é o Mestre da Cultura responsável pela condução da festividade. Ele recebeu o título do Governo do Estado e até recebe um salário para desempenhar a função. Ele afirma que em sua família, a tradição foi deixada pelo avô do seu avô e continua a influenciar as novas gerações. De fato, adolescentes participam dos rituais de dança e garantem que a tradição dos Quilombolas continuará viva na comunidade.
Sem receber ajuda dos poderes públicos, o grupo faz o que pode para não deixar a data passar despercebida. “Há uns tempos atrás veio um político aqui e prometeu nos dar uma caixa de som com um microfone, mas depois ele foi embora e nunca voltou para cumprir a promessa”, disse em anonimato uma das componentes do grupo.
Quilombolas
Quilombolas é uma designação comum aos escravos refugiados em quilombos, ou descendentes de escravos negros cujos antepassados no período da escravidão fugiram dos engenhos de cana-de-açúcar, fazendas e pequenas propriedades onde executavam diversos trabalhos braçais para formar pequenos vilarejos chamados de quilombos.
Mais de duas mil comunidades quilombolas espalhadas pelo território brasileiro mantêm-se vivas e atuantes, lutando pelo direito de propriedade de suas terras consagrado pela Constituição Federal desde 1988.
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