As pessoas reclamam demais – e com razão -, do tipo de cultura política instalada no Brasil. Chamam-na de personalista, paternalista e corrupta, mas inadvertidamente chegam ao ponto de chancelar com gestos de aprovação o modo de atuação reprovável daqueles a quem criticam.
Elas fazem isto, por exemplo, quando exaltam comportamentos e métodos que deveriam, na verdade, ser alvos de constante crítica e averiguação minuciosa. Afinal, o bom cidadão nunca deveria se dar por satisfeito com seus governantes, mantendo sempre uma atitude de cobrança respeitosa e produtiva.
Um exemplo de tais gestos descabidos é o louvor a gestões tipicamente comuns, destacadas apenas por fazerem o que obrigatoriamente deveria mesmo ser feito. Listemos algumas ações básicas de qualquer administração mediana: pagar servidores sem atrasos, promover limpeza das ruas, trabalhar pelo desenvolvimento das estruturas de saúde e educacionais, enfrentar os desafios da infraestrutura e prestar contas com transparência, são apenas algumas.
Em vez, porém, de não se contentarem com o comum, com o básico, não são poucos os que, movidos por paixão partidária, apego a personalidades ou coisas do gênero, exaltam o simplório como significando muito mais do que ele realmente significa. E é nessa pegada burra que figuras habilidosas na arte do convencimento vão levando avante a política de oferecer pouco em troca de muito.
É neste ritmo que um município com o potencial e as riquezas de Quixadá vem sendo transformado ao longo dos anos num lugar comum, numa cidadezinha cheia de coisas básicas, com um povo contente ou descontente com decoração de praça e que mede seus gestores por quantas lâmpadas eles contratam no natal ou por quais bandas tocam na noite da virada. Falta profundidade de análise, obviamente, àqueles que apertam o botão confirma na urna eletrônica.
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Por Gooldemberg Saraiva / (88) 9 9972-5179 bergsaraiva@gmail.com