De muitas formas, sacrifícios pessoais são exigidos daqueles que pretendem assumir a função de chefe do poder executivo em um município.
Expor-se à opinião popular, ao escrutínio de amigos e adversários, da imprensa boa e da ruim, render-se ao dever de prestar contas na forma da lei, de assumir responsabilidades inclusive pelo que dá errado, estender tal exposição à família imediata e ter as decisões – cada uma delas -, contestadas por um ou outro, não parece ser tarefa das mais fáceis.
Todos estes sacrifícios pessoais são exigidos de quem pretende assumir a chefia na condução dos interesses de um município. Eles são necessários à função e esperados.
Mas há outras coisas que uma pessoa pode se dispor a sacrificar para se tornar prefeito, e elas geralmente dizem muito sobre o caráter do postulante, sobre suas motivações e sobre as motivações do seu grupo político, bem como sobre as ações levadas a cabo por tal objetivo.
Não parece correto, por exemplo, sacrificar em nome do poder ou de qualquer outra coisa a ideologia com a qual o indivíduo se identifica; a honra pessoal e familiar; bem como a própria história de vida e valores tais como dignidade, coerência e respeito. E, no entanto, vemos isto acontecer muitas vezes, tantas vezes que a política se tornou, aos olhos do senso comum, algo intrinsecamente sujo e desvirtuado.
Acordos inacreditáveis, conversas jamais imaginadas, alianças inconcebíveis, escolhas impensáveis, decisões que violam a própria consciência da pessoa e outras variáveis são todas resultantes da disposição para fazer tais tipos de sacrifícios, e mostram até onde indivíduos podem ir para alcançarem suas ambições.
É que ele, o poder – essa sombra que desde os primórdios da humanidade move as sociedades – está logo ali, e os meios para alcança-lo nem sempre condizem com o que o coração do homem defende. Por causa desta realidade, muitos empreenderam aceitar o sacrifício da própria alma exclusivamente em função do poder.
Para abafar possíveis impactos negativos de tal comportamento, sempre se alardeia que a causa é justa, que é pelo desenvolvimento, que é por um gigantesco projeto, que desafetos históricos foram superados – embora as feridas permaneçam abertas e doloridas -, mas, no íntimo, cada um dos agentes tomadores de tais decisões sabem que certos sacrifícios pelo poder são destrutivos, violam a corrente da sua própria normalidade interior, incomodam sobremaneira, desequilibram as emoções, ferem a confiança de admiradores e, no final, apenas nivelam todos os envolvidos pela aceitação da régua maquiavélica que reza que “os fins justificam os meios”.
Há muito tempo atrás uma personagem notável escreveu que “não cabe ao homem nem mesmo dirigir os seus passos”. (Jeremias 10.23) Outra personagem igualmente extraordinária defendeu que “homem domina homem para seu prejuízo”. (Eclesiastes 8.9) Quando se examina o que muitos estão dispostos a sacrificar pelo poder de dirigir os passos dos outros e de dominar os outros, então é possível ver claramente como tais declarações fazem todo sentido.
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Quando li essa matéria me lembrei da foto do Deputado Osmar jantando na casa de seu pai Aziz Baquit com o ex-prefeito Ilário na mesa. Deve ter dado vontade de vomitar..
Falou falou e não teve objetividade …. A quem se refere…