Fácil é julgar os outros. Dar conselhos, falar à base da nossa experiência, apontar o resultado desta ou daquela ação. Fácil é julgar os amigos, partilhar fotos ou textos ferinos em espaços como o Facebook ou destilar veneno em comentários de pé de ouvido!
Difícil é se aquietar no nosso lugar em reconhecimento das limitações alheias e nossas e, em respeito ao fato de que, um dia, talvez sejamos nós a precisar de ajuda para lidar com as consequências dos próprios erros.
Quanto de nós guardamos nas sombras com medo do que os outros possam pensar, com medo dos julgamentos adversos e de sermos escrutinados mais de perto? O que poderia acontecer se nós deixássemos que a luz nos banhasse, se expuséssemos nossas vulnerabilidades, se permitíssemos familiaridade, mesmo que por um breve momento? O que os outros veriam?
É usando nossa liberdade de escolha, sob a influência de forças que às vezes os outros desconhecem, que acabamos tomando decisões imprudentes, fáceis de se tornarem alvos dos julgamentos adversos. Foi isso o que aconteceu com o antigo Rei Davi, de Israel, por exemplo.
Grande servo de Deus, Davi tornou-se, sob a influência do próprio coração tendencioso, um homem disposto a mentir, a enganar, a cometer adultério e até a tramar um assassinato que, para acúmulo de suas maldades, acabou acontecendo.
Mesmo assim, depois de uma confissão praticamente induzida e de ter alcançado recuperação espiritual, Davi foi capaz de compor belos e preciosos Salmos de louvor, com os quais nós nos identificamos hoje.
Ocorre que Davi era essencialmente bom, amava a Deus e as pessoas à sua volta, mas era simplesmente humano. Não que a imperfeição com a qual somos, desde o nascimento, constituídos, seja desculpa para adotarmos o erro como modo de vida, mas ela certamente é um importante aspecto da vida que deve nos induzir a ser misericordiosos, embora não cúmplices ou complacentes com os erros alheios. Deus, que conhece os corações, perdoou Davi, embora não o privasse das consequências dos seus atos. Nada mais justo.
Deixemos, então, que os outros vivam suas vidas, experimentem suas decisões e colham, como devem, as consequências de cada escolha que fazem, sem que tenham de enfrentar a nós e nossa língua ferina. É claro que não devemos fugir da nossa responsabilidade humanitária de ajudar, de dar um conselho valioso quando há abertura para isto, de apontar uma armadilha no caminho. Mas julgar, deixemos isto para Deus que, repito, conhece os corações.
A verdade é que um modelo de homem como Davi – em cujo histórico de vida encontra-se mentiras, adultério e assassinato tramados iniquamente – é um modelo bem melhor do que a maioria de nós. De onde vem, então, essa alegria em apontarmos o dedo para os outros? Por acaso não vem de uma atitude de auto-justificação?
O pior é que, segundo ensina o Cristianismo, quanto mais julgarmos adversamente os outros, mais endureceremos o julgamento de Deus contra nós mesmos; pois ‘é com a medida com que medirmos que seremos medidos’, reza o evangelho.
Meçamos, então, com misericórdia, com compreensão, com reconhecimento das dificuldades e das misteriosas forças que afetam e pressionam um coração imperfeito, e Deus fará da mesma forma conosco. Sejamos duros, críticos e severos que estaremos dizendo como nós mesmos queremos ser julgados. Esta é a justiça de Deus. Esta é a balança Divina.
A verdade é que gostamos de apontar os erros alheios porque isso, de alguma forma, em nossa mente, sublinha a nossa contrastante santidade. Suposta santidade. E assim vamos nos sentindo bem. Que tolice! Somos todos iguais e sujeitos às mesmas sandices humanas.
Assim, que Deus ajude, além dos pecadores, também os “puros”, os “retos”, os “dignos”, os “santos” e os que se dizem “vencedores” e “salvos”, porque estes precisam por mais das vezes limpar a vista para enxergar com a devida clareza que nada de essencial, em questões de julgamento, eles de fato enxergam.
Portanto, na maioria das vezes, pouco importa o julgamento dos outros e o nosso. Os seres humanos são tão complexos em seus elementos constituintes que é impossível atender às suas demandas, às suas expectativas e satisfazê-los plenamente e em todos os momentos. Sempre vai ter alguém falando mal de nós e dos outros. Tenhamos em mente simplesmente ser autênticos e verdadeiros. O resto é com Deus.
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