Monólitos Post

Projeto de Lei pretende aumentar salário do próximo prefeito de Quixadá, Ilário Marques, para quase R$ 20 mil.

A prefeitura de Quixadá está falida. As contas estão no vermelho, bloqueadas pela justiça para garantir pelo menos o pagamento dos servidores. O cenário é de profunda crise financeira. Nos próximos meses, prestadores de serviço serão demitidos em massa. Na verdade, as demissões já começaram. Serviços essenciais, tais como os relacionados com a saúde pública, estão prejudicados. O lixo se acumula pelas ruas e, com ele, mosquitos, insetos e ratos – vetores de doenças graves.

Com este cenário, seria de esperar que aumentar o salário do prefeito, do vice e dos secretários não fosse a prioridade. Mas o bom senso nem sempre é o fator dominante na administração pública. Já tramita na Câmara Municipal de Quixadá o Projeto de Lei 34/2016 que, se for aprovado, elevará o salário do próximo prefeito, Ilário Marques, dos atuais R$ 14.663,25 para quase R$ 20 mil, mais especificamente, para R$ 19.355,50. 

Pelo projeto, o próximo vice-prefeito, o empresário João Paulo, também será beneficiado com um gordo acréscimo nos proventos do cargo, passando o salário atual de R$ 9.106,65 para R$ 12.020,80.

Mas a generosidade da prefeitura falida não para por aí, porque, ao que parece, só falta dinheiro para os trabalhadores e para os serviços essenciais. Pelo projeto que tramita no legislativo, os ganhos dos secretários também serão aumentados, passando seus salários dos atuais R$ 6.405,52 para R$ 8.455,30.

Por lei, os gestores que ainda vão se instalar não podem estabelecer aumento em favor próprio. Por isso, articula-se para que a atual legislatura da Câmara Municipal conceda o aumento antes de chegar ao fim, no próximo mês de dezembro.

Veja cópia do Projeto de Lei 34/2016, ainda sem as assinaturas da mesa diretora: 

EM QUIXERAMOBIM A POPULAÇÃO NÃO DEIXOU

No vizinho Quixeramobim a população não deixou acontecer algo semelhante. Naquele município, o presidente da Câmara, Everardo Júnior, queria aumentar o próprio salário de R$ 8 mil para R$ 10 mil e o dos vereadores de R$ 6 mil para R$ 8 mil. Mas o povo não deixou. O povo foi às dependências do legislativo e não permitiu que o projeto de lei fosse aprovado.

Resta, agora, saber como é que a população de Quixadá vai lidar com a questão. Falta dinheiro para contratar, falta dinheiro para pagar dívidas, falta dinheiro para pagar em dias o funcionalismo, falta dinheiro para manter funcionando satisfatoriamente os serviços de saúde. Falta dinheiro para quase tudo. Mas não falta dinheiro para aumentar os salários do prefeito, do vice e dos secretários? A crise, afinal, é de que mesmo? De dinheiro ou de vergonha?

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Por Gooldemberg Saraiva

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