Omissão no caso de meningite: População nega assistência, prefeitura ataca imprensa e coloca culpa na oposição

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A situação de quem vive em bairros periféricos e distritos do município de Quixadá é bem diferente dos moradores do Centro da cidade, que, na sua maioria, têm moradia digna e maior facilidade de acesso ao serviço público de saúde. Já quem mora mais distante da sede, vive outra realidade, fato mais uma vez provado em uma reportagem da TV Monólitos, no caso, a que mostra a omissão da prefeitura em informar que uma criança havia sido diagnosticada com meningite.

O quadro “Na Trilha do Descaso”, da última segunda-feira (05), veiculado pelo site Monolitos Post, demonstra o desprezo do Poder Público Municipal não apenas pela área de Saúde, mas também na de Educação e Moradia. Enquanto o Executivo municipal, representado pelo prefeito e seus auxiliares, brinca de um “faz de conta”, a população sofre com o esquecimento. Uma criança contrair meningite é algo, obvio, que não pode ser previsto pela gestão, entretanto não combatê-la e ainda esconder, não tratar para que a doença se prolifere, é pior do que se possa mostrar por qualquer veiculo de comunicação. O mínimo que se pode esperar de uma gestão que se diz justa e inteligente é lealdade com seus munícipes.    

No caso da criança acometida por meningite, o que o quadro “Na trilha do descaso” mostrou? Um Quixadá pobre, onde uma “população invisível” só aparece quando a Administração Pública municipal precisa “apagar o incêndio” gerado por uma notícia que deixa todos em alerta. É visível que a família da menina passa por dificuldades e aparentemente não tem dinheiro para ficar se deslocando até o hospital São José, em Fortaleza. Por onde anda a Assistência Social do município?

É fato que este caso mais uma vez demonstra uma gestão desastrosa e desastrada. Em um primeiro momento a prefeitura tentou esconder que havia um caso confirmado de meningite no município. Chegou a dizer e atacar a oposição pela divulgação da notícia, mas depois confirma, fato demonstrado no áudio atribuído a secretária de Saúde, Juliana Câmara, e que foi divulgado no WhatsApp. “A gente até se entristece com essas matérias que a nossa oposição está disseminando, mas a gente realmente soube, tivemos um caso confirmado de meningite de uma criança de 12 anos, lá do Junco. Essa criança foi atendida prontamente nos nossos serviços de saúde, foi atendida na UPA e em seguida foi para maternidade e da maternidade foi encaminhada para o Hospital São José. Ontem, no período da tarde, o São José confirmou a meningite por meningocócica , então quer dizer que a gente realmente precisaria de bloqueio, as crianças e adultos que tiveram contato”, disse em áudio divulgado na última segunda-feira (05).

A titular da Saúde informa ainda que trabalhou para bloquear a doença. “Todas as medidas foram tomadas, com os hospitais, os profissionais que tiveram contato e com a articulação da direção da escola porque ela foi para escola na quinta-feira, porque a indicação de bloqueio, neste caso, são para os alunos que tiveram contato prolongado com a criança. Então, na verdade, são as crianças da sala de aula e prontamente a gente articulou todo o bloqueio porque a gente tem 48 horas para realizar este bloqueio em que teve contato prolongado com esta criança. Então articulamos. Hoje a enfermeira passou o dia na área realizando estes bloqueios, articulamos a medicação, a dosagem para cada criança e realizamos todos esses bloqueios. Essa pessoa que está divulgando que a gente não tomou nenhuma atitude, eu desconheço quem seja. Talvez não seja a professora da criança, porque a professora da criança foi devidamente bloqueada”, enfatizou Juliana Câmara.

O fato é preocupante, pois no outro lado da história existem pais de alunos e moradores da localidade e circunvizinhança que afirmam o contrário e são atacados pela prefeitura, que diz que esses munícipes “promovem ato midiático politiqueiro”. Uma afirmativa que demonstra o descaso da prefeitura com quem procura os serviços por ela prestados. Fica claro que a TV Monólitos apenas mostrou a opinião dos atores envolvidos no fato. Por nenhum momento foi questionado pelos veículos de comunicação do município as ações da prefeitura no combate a este tipo de doença, apenas foi perguntado o porquê da gestão tentar esconder o caso, já que o natural seria comunicar as pessoas para que todos fossem vacinados.

As medidas que deveriam ser tomadas pela gestão, de acordo com a tia da menina que contraiu a doença, não chegou até os familiares. Ela informou ao repórter Everardo Gomes que até a manhã da segunda-feira (05), data da realização da reportagem, ninguém da Secretaria de Saúde havia ido até a sua casa. Já a mãe de uma aluna diz que não vai mandar a filha para escola até que a situação seja regularizada. “Não vamos mandar os nossos filhos para a escola do jeito que está. A sujeira é imensa, o lixo fica a céu aberto. A gente manda os meninos levarem a água porque não tem. O banheiro é sujo, minha filha não usa. Nós esperamos uma resposta porque mandaram abafar o caso para não fazer tumulto e aplicaram a vacina apenas nos professores”, disse a mãe de aluna, acusada de politicagem pela Prefeitura.  

A omissão no caso de meningite é mais uma vez assunto que a prefeitura trata como ataque da oposição, da imprensa, no entanto a administração por nenhum momento tem a humildade de reconhecer que há falhas nas diversas áreas em que o Poder Executivo municipal presta serviço. A prefeitura e o alcaide local já arrumaram uma fórmula para resolverem todos os problemas do município: a culpa é de alguém, que resolva. Não será ela a dar a solução, mas sim a achar culpados.

Assista a matéria da TV Monólitos.


                                                                                    

                                                                                   Por Herley Nunes
                                                                  Email: monolitosquixada@gmail.com




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