Monólitos Post

A “dança das cadeiras” parece não ter fim na atual gestão do município de Quixadá e isto tem prejudicado o trabalho de uma das secretarias mais importantes da administração municipal: a Secretaria de Educação. A pasta mudou novamente de titular. Logo no início da administração, assumiu Josênia França, mas em agosto de 2018, o prefeito Ilário Marques (PT) foi afastado do cargo em uma operação policial que investiga desvio de recursos no Executivo quixadaense e por conta disso, assumiu interinamente a Prefeitura o vice-prefeito, João Paulo, que exonerou Josênia França e nomeou a professora Veruzia Jardim em seu lugar.

Porém, no final de 2018, o petista conseguiu uma liminar no Tribunal de Justiça do Ceará, concedida pelo desembargador Francisco Lincoln Araújo e Silva, e retomou o cargo de prefeito, mesmo diante de acusações gravíssimas de descaminho de dinheiro da prefeitura. Com o retorno, de imediato, Ilário exonerou Veruzia e nomeou novamente Josênia França na Educação.

O troca-troca não parou, tendo em vista que nos últimos dias foi divulgado que a professora Lígia Saraiva assumiu a Secretaria de Educação em substituição a Josênia França. As substituições constantes têm prejudicado alunos e professores que, com a desvalorização e a desorganização da pasta, começaram a realizar movimento nas redes sociais para a realização de uma greve.

Nas redes sociais, os professores lembraram que, no ano passado, o prefeito Ilário Marques não concedeu o reajuste integral de 6.81%. Ele engambelou os profissionais do Magistério e pagou apenas 3% do que era de direito à categoria. “Em 2019 a situação é muito pior do que a de 2018, porque, agora, o prefeito Ilário ainda deve o percentual de 3.81% referente a TODO o ano que passou e mais 6.81% referente ao mês de janeiro de 2018 até o mês em que finalizou a greve”, diz um comunicado que circula nas redes sociais.

A situação tem feito com que os professores pensem em parar suas atividades, porque enquanto eles trabalham, o prefeito abusa da “politicagem” visando apenas acomodar aliados e satisfaz interesses pessoais. Já a população sofre com os resultados de uma Educação que atingiu a pior marca da história. Isso se explica porque Quixadá teve um dos mais baixos desempenhos na Educação entre os 184 Municípios do Ceará segundo o índice divulgado pelo SPAECE referente etapa 9º ano do ensino fundamental em 2017, somando apenas 231,1 pontos no índice, ficando na 179ª posição, ou seja, praticamente em último lugar.

O troca-troca de secretario contribui para o fracasso administrativo, mas é inegável que a desorganização e a ineficiência é uma marca registrada no governo municipal na área de Educação.  A situação em Quixadá é muito mais grave do que se imagina, pois, em 2018, além dos profissionais do magistério não receberem o reajuste legal determinado pelo Governo Federal, também não tiveram a atualização salarial retroativa. Nesse ponto, é importante frisar que já estar em vigor o novo reajuste federal e até agora a prefeitura não divulgou qualquer reajuste para 2019, considerando que alguns municípios mais organizados já enviaram o projeto de lei para a Câmara Municipal atualizando o salário dos profissionais, conforme o piso nacional. Esse, portanto, é retrato da educação municipal de Quixadá: descumprimento da lei, índices educacionais vexatórios, professores desvalorizados, enganados e até perseguidos, num governo comandado por um gestor mergulhado em processos e investigado sob a suspeita de praticar o nefasto ato de corrupção.

Pela atual situação os professores deveriam receber  o apoio do Sindicato dos Servidores, entretanto um possível movimento de greve pode ficar à deriva em relação a apoio para reivindicar direitos. O Sindicato dos Servidores Públicos, que tem a sua base formada por militantes petistas, não conseguiu ajudar a resolver nenhum desses graves problemas na Educação Municipal. A esperança, porém, será contar com os vereadores de oposição, com os promotores de justiça da comarca, com a Procap ou até mesmo levando o caso diretamente para Brasília no Ministério da Educação.