Talvez não exista no Ceará um município com um histórico tão ousado em desafiar o Ministério Público e a Justiça como ocorre em Quixadá, na atual gestão. A notícia que vem a tona desta vez é que o prefeito Ilário Marques (PT), através da secretaria de administração, não para de fazer contratações temporárias. No último dia 03, por exemplo, a prefeitura divulgou a vigésima convocação para a contratação de diversos servidores sem a realização de concurso público.
Somente nesta convocação estão sendo chamadas vinte e cinco pessoas para trabalhar no município, com base no edital nº 002/2019. Por conta disso, três fatos chamam bastante a atenção dos quixadaenses: Primeiro que, no próximo mês terá início a propaganda eleitoral e em 15 de novembro ocorrerá o primeiro turno das eleições. O segundo ponto que desperta preocupação diz respeito ao caráter temporário das contratações, ou seja, a previsão de acesso ao serviço público é o concurso e não o contrato precário feito sem as cautelas exigidas.
Mas o terceiro e mais grave detalhe que chama a atenção é que existe um concurso público em aberto no qual ainda existem vários aprovados aguardando a convocação. Para complicar, as 25 pessoas que a gestão convocou, por exemplo, para exercer as funções de zelador, poderiam ser substituídas pelos aprovados no concurso público, pois existem auxiliares de serviços gerias aguardando a convocação desde o início deste governo.
Dessa forma, torna-se evidente que as referidas contratações possuem conotação exclusivamente eleitoral, com o potencial claro de favorecer a campanha do atual prefeito. Contratar desmedidamente servidores às vésperas da eleição, com a possibilidade real de acomodar “cabos eleitorais”, é grave porque desequilibra o pleito, colocando o petista em vantagem na disputa através do uso indevido da máquina pública.
Por outro lado, o prefeito fez pouco caso do concurso público realizado em 2016 porque convocou apenas uma parte dos aprovados após determinação judicial, mas também desobedeceu a justiça porque ainda não convocou a outra parte dos aprovados. Além disso, o alcaide faz pouco caso da Justiça e descumpre decisão judicial ao contratar prestadores de serviços para o cargo de mensageiro, por exemplo, sendo que existem duas vagas em aberto no concurso de 2016. Essa é outra questão que reforça a intenção do prefeito de usar o patrimônio público em proveito próprio, já que não realizou sequer um concurso em sua gestão, tentou de todas as formas anular o concurso realizado pela gestão anterior e, agora, promove a contratação ilimitada de servidores temporários justamente no apagar das luzes da gestão e do inicio da campanha para prefeito.
O cenário, sem dúvidas, reflete a famigerada prática da velha política na qual se privilegia a compra votos ou a troca do voto por um emprego na prefeitura de Quixadá. Adotando sempre essa forma de administrar, o atual prefeito já governa este município pela quarta vez além de ser pré-candidato a reeleição na tentativa de conquistar o seu quinto mandato. E o pior, a população sofre com a pior gestão da história, marcada por dever e atrasar o reajuste do magistério e por atrasar e dever o terços de férias dos professores, pelo afastamento do atual prefeito sob a acusação de desvio de dinheiro público, na Operação “Fiel da Balança”, e pelo escândalo da Câmara Municipal, onde o presidente do Legislativo Ivan Construções (PT), maior aliado político de Ilário, foi preso e encontra-se usando tornozeleira eletrônica em decorrência da operação casa de palha que investiga desvio de recursos públicos nos dois poderes.