Mães e bebês prematuros permanecem juntos em 100% dos casos no Hospital Regional do Sertão Central

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Desde de quando Paulo Gabriel nasceu prematuro, com 33 semanas, Jacqueline Braga de Oliveira, 33, não desgruda do bebê. Já são 49 dias que mãe e filho estão internados no Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), em Quixeramobim, unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) gerida pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH). Esta realidade só é possível porque o equipamento possui uma estrutura que permite que mães e bebês prematuros fiquem juntos.

Para a coordenadora médica do eixo Neonatal, Gabrielle Machado, um dos grandes diferenciais do HRSC é conseguir fazer a chamada “separação zero”. “Temos a possibilidade de deixar essas mães aqui no hospital, na maior parte do tempo, fazendo parte do cuidado e estando perto da assistência, do local onde os bebês ficam, e com livre acesso”, explica a médica.

O HRSC conta com duas estruturas para abrigar mães de bebês prematuros. O primeiro é o Estar Materno, uma sala de repouso destinada às mães que têm bebês internados de forma mais grave e que requerem uma atenção especial. O ambiente dispõe de 20 acomodações – onde as mães ficam alojadas próximo aos bebês, cumprindo uma rotina de visitas constante.

A segunda estrutura é a Unidade de Cuidados Intermediários Canguru (Ucinca), considerada uma extensão da Unidade de Cuidados Intermediários Convencionais (Ucinco). Reaberto no fim de outubro, o espaço possui quatro leitos e recebe bebês com peso abaixo de um quilo e cinquenta, que estão estáveis e cuja mãe tem disponibilidade para ficar com o pequeno.

“Essa mãe fica com esse bebê pequenininho nessa posição de contato pele a pele, a chamada ‘posição canguru’. Eles ficam aguardando ganhar peso e o processo de amamentação é ensinado às mães, para que se estimule o bebê de uma forma lenta e progressiva. O Estar Materno e a Ucinca são propostas diferentes, mas com o mesmo objetivo, que é não separar e não o cortar o vínculo da mãe com o bebê”, detalha Machado.

Jacqueline Braga e Paulo Gabriel encontram-se internados na unidade Canguru, enquanto o bebê ganha peso e se desenvolve ainda mais. Para a mãe, é como estar em casa. “Aqui, tenho a oportunidade de pegar meu bebê sem nenhum tipo de barreira. Tenho a mesma rotina de casa. Dou banho e troco fralda. O contato pele a pele tem ajudado bastante na recuperação e no ganho de peso. Nada como o calor de uma mãe. E qual mãe que não quer ter seu filho no braço?”, diz.

Referência

Inaugurado no HRSC, em 2018, o eixo Neonatal é referência para região quando o assunto é prematuridade. Este ano, dos 729 bebês nascidos vivos até outubro, 257 foram considerados prematuros, ou seja, nasceram antes das 37 semanas de gestação.

“A prematuridade hoje em dia é uma epidemia. Vem aumentando e, pela quantidade de partos prematuros que a gente tem, precisamos estar preparados; preparar a região para poder dar essa assistência de qualidade. O bebê prematuro não é só engordar. Ele tem que recuperar vários sistemas do organismo dele que deixaram de ser desenvolvidos durante a gestação, dentro da barriga da mãe, e a gente vai ter que fazer isso fora”, ressalta Gabrielle Machado.




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