Mensalão: Ministro condena cúpula do Partido dos Trabalhadores

- por
  • Compartilhe:

O relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, votou pela condenação por corrupção ativa do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, do ex-presidente do PT José Genoino, do ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, do publicitário Marcos Valério e de outros cinco réus. Ele absolveu apenas o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto e a ex-funcionária de Valério, Geiza Dias, descrita como “mequetrefe” por sua defesa.

Barbosa apontou Dirceu como o “mandante” do esquema e defendeu a condenação por corrupção ativa. O voto do ministro também foi por condenar pelo mesmo crime o ex-presidente do PT José Genoino, cearense de Quixeramobim; o ex-tesoureiro da sigla Delúbio Soares; o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e mais quatro outras pessoas ligadas a ele.

Divergência

Já o ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo, condenou Delúbio e Marcos Valério, mas absolveu Genoino, por considerar insuficientes as provas apresentadas pela Procuradoria-Geral da República contra ele.

José Dirceu, homem forte do primeiro mandato do presidente Lula (2003-2006), deixou o comando da Casa Civil em junho de 2005. Ao acusar Dirceu e outros dois ex-dirigentes petistas de corrupção ativa, a Procuradoria afirma que eles organizaram o mensalão para subornar parlamentares e garantir apoio dos partidos aliados ao governo após a chegada de Lula ao poder.

Ontem, o ex-presidente Lula repetiu que não está preocupado com o desfecho do caso.

Lewandowski não concluiu ontem seu voto, e só se manifestará sobre Dirceu na sessão de hoje. Se houver tempo, os demais ministros do STF começarão a votar depois do revisor.

A condenação de Dirceu e dos outros réus ainda depende de uma maioria de seis, dos dez ministros da Corte.

Para vincular Dirceu à organização do esquema e justificar sua condenação, Barbosa lembrou seu papel na negociação com os partidos que formaram a base governista e mencionou episódios narrados pela acusação. Dirceu teria se reunido com os dirigentes do Banco Rural e com Valério na época em que o banco concedeu empréstimos que teriam financiado o mensalão.

Entre 2003 e 2004, o Rural concedeu R$ 32 milhões em empréstimos a empresas de Valério e ao diretório nacional do PT. O dinheiro teria sido revertido a parlamentares indicados por Delúbio. “Considero impossível acolher a tese de que Dirceu simplesmente não sabia”, disse Joaquim Barbosa. O relator descreveu que Marcos Valério e Delúbio Soares atuavam como operadores do esquema. Para Barbosa, o ex-presidente do PT, José Genoino, atuou na corrupção do PP e do PTB.

Críticas

Para Lewandowski, no entanto, “nem de longe” o Ministério Público conseguiu provar o envolvimento de Genoino no suposto esquema. Ele criticou a atuação do Ministério Público no caso e disse que as acusações foram “abstratas e individuais”. “Não apontou para quem, quando, onde ou como Genoino teria oferecido a propina”. “Vamos acusando e réu depois se incumba de se defender”, disse afirmando que Genoino era conhecido por ser um deputado ideológico.

O ministro Marco Aurélio Mello ironizou a linha de Lewandowski. “Estou quase me convencendo que o PT não fez nenhum repasse a parlamentar”, disse.

O advogado de Dirceu, José Luiz de Oliveira Lima, afirmou que vai apresentar na sexta-feira um novo memorial questionando alguns dos argumentos apresentados pelo relator do processo contra José Dirceu.

O defensor de Genoino, Luiz Fernando Pacheco, fez críticas a Barbosa e comemorou o voto favorável do revisor. Para o advogado, o voto de Barbosa foi “pobre, não se aprofundou na pessoa do Genoino”.

Gurgel quer que mensalão repercuta nas eleições

Brasília O Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, considera que seria positivo se a condenação da maioria dos réus do mensalão tiver repercussão nas eleições municipais que terão o primeiro turno realizado no próximo domingo.

Apesar de o relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, ter referendado ontem em seu voto as teses da acusação em relação ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e a outros réus o procurador preferiu não comentar esse assunto no intervalo da sessão do julgamento.

Questionado se acreditava em impacto do julgamento nas eleições, Gurgel manifestou seu desejo que isso ocorra: “As urnas dirão se houve repercussão, mas, a meu ver, seria bom que houvesse, seria salutar”.

Ele fez ainda uma defesa da punição dos criminosos de colarinho branco. “Eu acho que, de uma vez por todas, é preciso que no Brasil a lei valha para todos. Se o criminoso comum vai para a cadeia, é preciso que também o de colarinho branco vá para a cadeia. Todos são brasileiros, igualmente”. Gurgel reiterou que o Ministério Público defende a prisão imediata dos réus que forem condenados.

 

Fonte: Diário do Nordeste




Comentários

Os comentários abaixo não representam a opinião do Monólitos Post; a responsabilidade é do autor da mensagem.
  1. Que desespero! Não cansam de atacar a imagem do Lula e do PT. Politicagem baixa. Perdem a razão, a paz, a cabeça. Faltam com respeito. Que postura baixa! Fazendo montagem das fotos do Lula e tentam vincula-lo aos que estão sendo julgado pelo STF. Vocês não têm consciência, porque a trocaram por interesses econômicos e financeiros. Quixadá, assim como outras cidades pequenas no Brasil, hoje é muito diferente do que era antes do Governo dos Trabalhadores. Vocês querem que os conservadores, políticos que são meros funcionários de grandes empresários, bancários, latifundiários, capitalistas que só querem saber de lucrar. Querem deixar o povo cada vez mais ignorante e se humilhando aos que oferecem um trabalho em troca de migalhas. Podem ganhar, mas um dia vão acertar as contas com Deus ou com o Universo, cabe a religião e crença de cada um.

Deixe seu comentário

Os comentários do site Monólitos Post tem como objetivo promover o debate acerca dos assuntos tratados em cada reportagem.
O conteúdo de cada comentário é de única e exclusiva responsabilidade civil e penal do cadastrado.