“A Pedra do Cruzeiro não é um espaço público”

- por
  • Compartilhe:

Por Jards Nobre

O monólito mais famoso de Quixadá, no qual todas as semanas dezenas de pessoas, sobretudo adolescentes, sobem para, dentre outras coisas, observarem a cidade, não é um espaço público.

Quando você sobe ali, saiba que está invadindo uma propriedade privada. Pelo menos é assim que a Pedra do Cruzeiro é tratada quando se vai discutir, cobrar ou sugerir à Prefeitura Municipal de Quixadá melhoras naquele espaço ou a restauração do cruzeiro em ruínas. Alega-se que ela pertence à Diocese de Quixadá e que, assim como a PMQ, esta também não tem dinheiro para nada.

É impressionante que, quando se trata de gastos com restauração de monumentos ou espaços no município de Quixadá (e, no caso do cruzeiro, acredito que não seja um gasto tão grande), fica-se como num passa-e-repassa em que ninguém quer assumir a responsabilidade, sempre argumentando que “isso não é de nossa alçada”, “isso é de responsabilidade de X ou Y”. É assim com o Cedro, é assim com o Polo do Eurípedes, é assim com a Pedra do Cruzeiro…

Entretanto, quando se trata de explorar possibilidades de lucro (sobretudo através da atração de turistas), o poder público municipal parece ter livre acesso. Se a Pedra do Cruzeiro é da Diocese de Quixadá, por que a Prefeitura pagou (ou paga, não sei mais) um vigia para ficar lá durante a noite?

A Prefeitura, nestes anos todos, tem pedido permissão ou pagado algum valor para subir na Pedra e realizar a famosa queima de fogos de artifícios [aliás, sem retirar depois todo o lixo decorrente dela!] na virada do ano?

Por que a Zenir Móveis pôde destruir parte da Pedra quando fez a ampliação da loja, avançando sobre o monólito? Pagou à Diocese por tal invasão?

Os moradores do entorno pagam/pagaram por cada metro quadrado roubado da Pedra, quando constroem seus muros ou puxadinhos nos quintais?

As empresas de telefonia que fixaram antenas gigantescas no monólito, além da construção de quartinhos para abrigar aparelhos e a disposição de quilômetros de cabos de aço e fios por todo o topo, pagam quanto à Diocese pela ocupação da Pedra? Será que o dinheiro desse aluguel não dá para restaurar uma simples cruz?

A família do empresário Amélio Gomes Rolim pagou à Diocese para fixar dois letreiros divulgando o negócio? Se os letreiros ainda estão lá, a Diocese recebe algo para mantê-los?

Como acreditar que, com tantos usos privados da Pedra do Cruzeiro e com tantas atitudes de parceria, a proprietária do monólito (nem acredito que estou escrevendo isso!) não tenha dinheiro para restaurar ou manter uma (repito) simples cruz? Em quem jogar a culpa pelos três incidentes (os de que eu me recordo) envolvendo queda de pessoas do alto da Pedra, dois deles com morte, dois deles somente no ano passado? Como uma entidade religiosa e uma entidade pública não demonstram o menor respeito pelos homens que, em tempos bem mais difíceis, subiram diversas vezes na Pedra carregando no ombro material pesado para a construção de algo que desse à cidade uma referência de fé?

Realmente, há coisas em Quixadá que beiram o absurdo… Por isso que certas coisas vivem também à beira do desastre!

CURTA A FANPAGE DE JAIME ARANTES NO FACEBOOK




Comentários

Os comentários abaixo não representam a opinião do Monólitos Post; a responsabilidade é do autor da mensagem.
  1. Por muitas e muitas vezes na minha infância, subia e descia essa linda estrutura criada pela natureza, que na realidade não tem dono apenas se apossam do monumento achando-se donos, eu era feliz com isso. hoje longe de minha querida cidade. me deparo com essa trise notícia, que me deixa muito indignado por ver uma estrutura em eu eu admirava e ficava maravilhado com a beleza dessa estrutura. também compartilho com você minha indignação.

Deixe seu comentário

Os comentários do site Monólitos Post tem como objetivo promover o debate acerca dos assuntos tratados em cada reportagem.
O conteúdo de cada comentário é de única e exclusiva responsabilidade civil e penal do cadastrado.