QUIXADÁ: Para economizar energia, escolas fecham as portas para a comunidade

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O programa Fantástico, da Rede Globo, exibido no último domingo, 23, mostrou as ações revolucionárias do diretor Braz Nogueira, da Escola Presidente Campos Salles, em Heliópolis, São Paulo. Ele recuperou a imagem de sua escola e ainda ajudou a promover mais dignidade e uma cultura de paz na comunidade em que atua. Braz Nogueira fez o que poucos teriam coragem de fazer: ele derrubou os muros da escola, tonando isto um símbolo de que a escola está totalmente aberta à comunidade. Os efeitos foram muito positivos e a escola se transformou em referência nacional.

Em Quixadá, sertão central cearense, as coisas caminham na contramão disto. Jovens estão sendo impedidos de entrar nas escolas à noite com a desculpa de que é preciso economizar energia. Eles não estão conseguindo acesso às quadras onde costumam jogar partidas de futebol. Como a maioria vem de famílias pobres, não possuem condições de alugar espaços privados. Sem opções, eles voltam para as ruas.

A CIA de dança Stigma, formada por jovens de origem humilde, já realizou apresentações que foram transmitidas por canais de TV do Ceará. Eles também tem logrado grande êxito ao participar em diversos eventos realizados na região. Porém, a CIA não possui espaço próprio para treinar, o que os obriga a procurar ajuda das escolas, onde podem realizar seus treinamentos sem maiores problemas. A proibição do uso das escolas durante o período noturno, porém, prejudica muito o grupo. Em nome da economia com energia, sofre a juventude e é castigada a cultura.

A proibição, geralmente feita pelos diretores, segue determinações da Administração Municipal.

Não seria mais econômico evitar nomeações sem necessidade e reduzir o enorme número de contratações de prestadores de serviço? É o que muitos se perguntam.

A população estranha tais medidas, uma vez que sabe que Quixadá é um dos municípios cearenses que mais arrecadam no decorrer do ano. Somente em 2013, foram mais de 120 milhões de reais captados. Mesmo assim, há dificuldades em pagar a energia.

No Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), celebrado no início do ano com o arbítrio de representantes do Ministério Público, a Prefeitura de Quixadá se comprometeu, num prazo de 30 dias, a fazer exatamente o que vem proibindo, ou seja, abrir nos finais de semana as portas das escolas para as comunidades. O TAC estipulava multa de até cinco mil reais pelo descumprimento das cláusulas. O prazo para tal feito já findou, resta saber se a Prefeitura conseguirá se justificar perante o MP e expor as razões pelas quais prefere afastar os jovens das escolas.

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