Sophie Germain nasceu em Paris, exatamente no dia 1º de Abril de 1776, no seio de uma família da classe média. O seu pai era mercador e mais tarde tornou-se diretor do Banco da França. Nesse mesmo ano começou a Revolução Americana e treze anos mais tarde iniciou-se a Revolução Francesa. Assim, a sua época foi marcada por um espírito revolucionário que caracteriza também a sua personalidade. Contra os preconceitos da sua família e da sociedade da época, Sophie trabalhou arduamente e lutou com perseverança para se tornar matemática reconhecida.
O interesse de Sophie pela Matemática começou aos treze anos quando, devido à Revolução Francesa, teve de permanecer confinada à sua casa para se proteger do perigo das revoltas em Paris. Nessa altura começou a passar o tempo na biblioteca do seu pai e um dia deparou-se com um livro que falava da “lenda” da morte de Arquimedes. Segundo a história, durante a invasão da cidade de Siracusa pelos Romanos, Arquimedes estava de tal modo absorvido pelo estudo de uma figura geométrica na areia que não respondeu ao questionário de um soldado romano e, como castigo, foi assassinado.
Isto despertou o interesse de Sophie, pois se alguém podia estar desta forma concentrado num problema, a ponto de ignorar um soldado e morrer por isso, então é porque o assunto deve ser mesmo muito interessante. Assim, ela começou a aprender matemática sozinha, usando os livros da biblioteca do pai. Os seus pais consideravam que este interesse pela matemática era inapropriado para uma moça e fizeram tudo o que podiam para a desencorajar, chegando ao ponto de lhe tirarem as roupas quando ela ia para a cama e de a privarem de aquecimento e luz para que ela fosse forçada a permanecer na cama em vez de ir estudar. Contudo, estes esforços falharam. Sophie embrulhava-se nos cobertores e usava velas que tinha escondido para poder estudar à noite. Deste modo, os pais acabaram por concluir que a sua paixão pela matemática era incurável.
Em 1794 foi fundada em Paris a “École Polytechnique” para formar os matemáticos e cientistas do país. Contudo, o acesso às mulheres era negado. Mas Sophie não se deteve e conseguiu obter os apontamentos de várias disciplinas para estudar. Em particular, interessou-se pelos ensinamentos de Joseph Louis Lagrange e sob o pseudônimo de M. Le Blanc entregou um trabalho seu para avaliação. Lagrange ficou impressionado e, quando soube que o autor era uma mulher, ficou ainda mais admirado. Ele reconheceu as capacidades de Sophie e tornou-se seu mentor.
Em 1804, Sophie começou a corresponder-se com o matemático alemão, Carl Friedrich Gauss e enviou-lhe os seus trabalhos sobre a teoria dos números usando de novo um pseudônimo para esconder a sua identidade. Mais tarde Gauss ficou impressionado ao descobrir a verdadeira identidade do seu correspondente. A certa altura a Academia Francesa de Ciências lançou um concurso sobre o estudo da vibração de superfícies elásticas. Sophie ficou fascinada e foi a única pessoa a candidatar-se. Todavia, o trabalho que entregou tinha algumas lacunas no rigor formal e por isso ela não foi galardoada com o prêmio. Lagrange ajudou-a a corrigir alguns erros e dois anos mais tarde ela concorreu de novo, ganhando uma menção honrosa.
Finalmente, em 1816, participou pela terceira vez e venceu. Este prêmio da Academia foi muito importante, pois abriu-lhe as portas para o mundo dos matemáticos mais proeminentes da época. Sophie foi a primeira mulher que não sendo esposa de um membro, assistiu às sessões da Academia de Ciências.
Em 27 de Junho de 1831, aos 55 anos, Sophie faleceu, após uma longa batalha contra um câncer de mama. Pouco antes disto, um dos seus primeiros mentores, Gauss, convenceu a Universidade de Gottengen a dar-lhe um cargo honorário. Infelizmente, Sophie morreu antes de o receber.
A importância dos seus trabalhos na área da teoria dos números e da teoria da elasticidade é reconhecida. Sophie foi, de fato, uma revolucionária que lutou contra os preconceitos da época e fez uma aprendizagem autodidata para se transformar numa matemática conceituada! A sua vida é um exemplo para as novas gerações que se “atrevem” a fazer matemática pelo prazer que isso lhes dá!
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