Monólitos Post

Na manhã desta quinta-feira, 10, houve na Câmara Municipal uma quase audiência pública. Pessoas protestaram por causa de mortes que teriam ocorrido no Hospital Eudásio Barroso em decorrência da precariedade daquela unidade de saúde. Os vereadores tentaram ligar para o Sr. João Hudson, aquele mesmo da sapataria, por obséquio Prefeito deste município, mas ele estava, novamente, perto de Ibaretama, à caminho de Fortaleza.

Durante a campanha eleitoral de 2012, quando testemunhamos boquiabertos sua ausência nos debates, especialmente aquele, já tradicional, promovido pela FECLESC, o então candidato a prefeito de Quixadá já dava ao povo mostras de que seria, caso eleito, um prefeito ausente. Porém, não tínhamos a menor ideia de que sua ausência nos principais debates do município atingiria as proporções vistas hoje.

A bem da justiça, devo dizer que fui excessivamente rigoroso no título deste texto. Porém, já decorrido um ano e quatro meses de sua gestão, não é mais cedo para carimbá-lo desta forma. Assim, caso o seu comportamento na campanha eleitoral e aquele adotado por ele durante os últimos meses forem indicativos do que devemos esperar para o restante do mandato, e provavelmente o são, então certamente podemos dizer que João Hudson dá indícios fortíssimos de que será, até o fim, um prefeito ausente.

Primeiro, o prefeito é ausente no papel de controlador e motivador daqueles a quem substabeleceu seus poderes. É provável que ele tenha usado menos camisas do que secretários durante estes meses à frente da prefeitura. E não é ironia. Os secretários mudaram tantas vezes que, pelo bem da exatidão deste texto, não vou arriscar dizer a quantidade. A ausência do devido controle administrativo é absurdamente evidente.

Tanto é assim, que sendo o Prefeito homem tão honesto e de boa índole, só pode mesmo não ter visto as ações daqueles que se tornaram alvos de questionamentos seríssimos e que, inclusive, continuam a ser investigados pelo Ministério Público.

Desta forma, para não lhe aplicar qualificativos tão negativos, tais como negligente e omisso, vou insistir apenas no fato de que ele é tão somente ausente e completamente desprovido de real capacidade técnica para lidar com as demandas de um homem em sua posição. Em sua defesa, posso afirmar que ele está lá pela vontade do povo, democraticamente; e embora a democracia não ofereça às funções públicas sempre aquele indivíduo ideal, ainda é, não obstante, a melhor forma de um líder ser escolhido. Viva a democracia, ainda que às vezes burra!

Segundo, João é ausente na compreensão dos impactos causados por suas ações ou, ainda, por sua inércia. Isto fica evidente por sua escolha de não participar na quase totalidade das audiências públicas realizadas no município. Também por não se pronunciar na imprensa na maioria das vezes em que as ações de sua gestão foram questionadas. Nada diz mais sobre isto do que sua recusa em atender os inúmeros convites feitos pelos representantes do povo, os vereadores.

Terceiro, João é ausente até quando se faz fisicamente presente em excesso, porque um povo não escolhe um prefeito apenas para ficar dando o ar da sua graça nas ruas, tapando buraco, nem tampouco para ser estrela de Facebook em postagens de apoiadores, mas para que se determine aos sacrifícios de sua função e, desta forma, não perca tempo com populismos baratos que nada acrescentam. Os empenhos do prefeito devem se voltar para os benefícios, não da sua própria imagem, mas da imagem do município.

Como eu gosto da democracia! Ela dá ao povo exatamente o governante que o povo merece. João, o ausente, é o que merecemos por nos deixarmos levar por divisões imbecis entre jacarés e bacurais, verdes e vermelhos, bons e ruins. A maldade não está em lado nenhum, mas se faz bem presente na nossa burrice política. É ela que devemos combater. Porque quando formos um povo suficientemente sábio e politizado, a democracia filtrará com mais eficiência e nos dará o melhor dentre os nossos para ocupar função tão importante. Aí sim, veremos novos rumos e uma cidade próspera!

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