Monólitos Post

Os bastidores da política quixadaense continuam fervilhando. Um leque de possibilidades está em aberto. Discursos de campanha, alianças e acordos são construídos e desconstruídos num piscar de olhos. Discussões cerradas em defesa deste ou daquele candidato ficam somente para os eleitores de “beira de calçada”, pois os próprios políticos se amam e se odeiam ao bel prazer de seus interesses.

Muita coisa está prestes a mudar no cenário político de Quixadá. A gestão municipal, por exemplo, sob o comando do prefeito João Hudson Bezerra, não tem nenhuma possibilidade de continuar mantendo o passo atual. O futuro desta gestão após as eleições é o colapso total, com possibilidade de cassação do prefeito ou, então, o renascimento das cinzas, o que pode acontecer com movimentos bem planejados. Afinal de contas, convenhamos, até um barrão fedorento e enlameado pode ficar limpo e cheiroso depois de um bom banho.

O rompimento entre João Hudson e Osmar Baquit é praticamente certo. Fontes ligadas à gestão confirmam que o prefeito até mesmo estaria ansioso para romper sua aliança com o Deputado Estadual, supostamente considerada por ele como um dos motivos para o atraso de sua gestão. Osmar também não deve deixar barato se João não seguir suas indicações sobre quem apoiar no pleito eleitoral.

Enquanto o período mais difícil de sua curta carreira política não chega, João Hudson faz gestos de aproximação para a oposição. Durante esta semana, ele teria oferecido cargos importantes a pessoas diretamente ligadas aos seus maiores opositores. Vereadores da bancada oposicionista teriam sido convidados para assumir pastas estratégicas. Por exemplo, um de tais vereadores foi convidado para assumir a secretaria de saúde.

João até mesmo teria cogitado com seus ouvintes mais íntimos convidar a vereadora Rosa Buriti para assumir a Secretaria de Ação Social, o que seria incrível, considerando a estreita ligação e lealdade da vereadora com o ex-prefeito Ilário Marques. Rosa é uma das críticas mais ferrenhas da atual gestão.

Outro vereador cogitado para assumir postos importantes na administração municipal após as eleições seria Ereni Lima, o Capitão. Embora seja ligado ao ex-prefeito Ilário, Capitão sinaliza vontade de romper relações com o petista. Em recente reunião entre membros do PT, Capitão chegou a questionar a atuação da Deputada Rachel Marques na Assembleia Legislativa do Ceará, e o fez diante do próprio Ilário, que cuidou em dar rápidas explicações para tentar amenizar o descontentamento. Informações de quem esteve presente à reunião, porém, sugerem que a ocasião mostrou claras e profundas rachaduras no grupo petista.

Mas voltando à consideração principal, a gestão municipal também vislumbraria encaixar o ex-secretário Carlinhos, que é pai do vereador Higo Carlos, em algum posto importante.

Ao se aproximar de seus algozes, João Hudson estaria tentando uma manobra arriscada, mas que poderia, caso funcionasse, render-lhe bons frutos. Colocar a oposição para participar do seu governo seria uma evidência clara do rompimento com Osmar Baquit, enfraqueceria a oposição, e ainda teria o efeito de derrubar politicamente o grupinho de vereadores que ainda orbita o mando do Deputado Osmar Baquit. Não se sabe como os aliados e o eleitorado reagiria a estas manobras. A situação é delicadíssima. João se vê realmente diante da possibilidade de ser cassado. Portanto, transformar inimigos políticos em membros de seu governo seria uma jogada de mestre tão boa que, provavelmente, ao pensar nela, nem ele mesmo acredita ser capaz de levá-la adiante.

No final, quem determina tudo é a sede de poder. O que tiver de ser feito para mantê-lo, não tenham dúvidas, será feito, por mais paradoxais que os movimentos venham a parecer.

Achou as considerações improváveis? Permita-me uma citação profunda do compadre Washington: “Sabe de nada, inocente!”. João já começou a fazer isto, na verdade. Evaristo e Giliarde Silva, dois ex-oposicionistas, hoje estão entranhados no governo, um como secretário e outro como líder do governo.

Em 2016, ou mesmo antes, a gestão “Novos Rumos, Cidade Próspera”, pode acabar tendo a cara da atual oposição. Claro, se não sucumbir aos futuros ataques e colapsar. Anote isso.

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