Ou Quixadá renova seu quadro político ou entrará num estágio de difícil recuperação

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Quixadá não vive bons dias, aliás, bons anos. Do ponto de vista administrativo, os últimos dez foram de retrocesso, com gestores mais focados em acumular poder político do que na promoção do potencial do município.

Esta terra abençoada por Deus com características fascinantes poderia ser uma potência regional em termos de turismo, esporte, infra-estrutura, economia, educação, etc. No entanto, como resultado das políticas ineficientes praticadas ao longo dos últimos anos, Quixadá mais parece um organismo em estado terminal.

Obviamente, para protegerem suas biografias, os políticos que lideraram o município neste período negarão veementemente tal tipo de avaliação, porém, não podem negar a realidade vivenciada pela população. O desastre político pode e é percebido não apenas em termos teóricos, mas no dia a dia de cada cidadão.

A verdade é que o povo de Quixadá foi acostumado a se satisfazer com pouco. Uma escolinha construída aqui, uma praça acolá, um mutirão nesse bairro, outro mutirão noutro bairro, etc. Um saco de coisas básicas vendidas como produtos de primeira qualidade, inauguradas como se fossem muito mais do que realmente são.

Quem já leu o fascinante livro do escritor uruguaio Eduardo Galeano, intitulado As Veias Abertas da América Latina, conhece bem o processo de dilapidação sofrido pela parte sul do continente americano imposto pelas potências europeias e, mais recentemente, pelos EUA. O quixadaense ainda não percebeu que boa parte de sua classe política faz com a prefeitura exatamente o que tais potências fizeram com essa parte do mundo. A prefeitura tem sido tratada como objeto de propriedade de quem a governa, com resultados catastróficos para a evolução social e econômica do município.

Curiosamente, o retrocesso do município é diretamente proporcional à evolução econômica dos grupos que o lideraram, num aparente paradoxo explicado apenas por um processo covarde e criminoso de dilapidação das riquezas locais.

A receita para reverter tal quadro não é simples, mas começa por algo básico: deixar a democracia fazer o que ela faz de melhor, isto é, impedir a continuidade do domínio político por parte de personalidades que fazem da política seu meio de vida. A palavra é renovação. Ou será que já não passou da hora de colocar em extinção os dinossauros políticos locais?

Mas não tentaram fazer isto em 2012? Não colocaram um homem do povo no poder? Não tentaram renovar? Certamente que sim. A oportunidade que foi dada a João Hudson está sendo desperdiçada de forma constrangedora. Mas isto serve para ensinar outra lição básica: a renovação apropriada é aquela que é feita em bases racionais, inteligentes, estratégicas, não no calor da gritaria das carreatas e na repetição idiotizante de jingles. Em Quixadá, até as disputas entre os blocos de carnaval são feitas em melhores bases.

Portanto, ou a população produz renovação política inteligente ou Quixadá entrará num estágio da dilapidação no qual a recuperação plena estará no campo das impossibilidades.

*Foto no topo: Distrito de Cipó dos Anjos, em Quixadá.




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