Monólitos Post

Os problemas atualmente enfrentados pelos cidadãos quixadaenses – resultado de políticas públicas ineficientes -, não podem ser creditados exclusivamente a administração municipal. Todas as lideranças e agremiações possuem importante papel a desempenhar na resolução deles. Embora possamos testemunhar algumas iniciativas com verdadeiro espírito de cidadania, o quadro geral é, no entanto, de inércia diante das demandas aflitivas para o povo.

Esta é, por exemplo, a situação do Partido dos Trabalhadores (PT). Sob a presidência do ex-prefeito Ilário Marques desde o início de 2013, o partido se mostra alheio aos problemas do município. De fato, apesar de se dizer oposição, desde que Ilário assumiu a direção do diretório nem sequer uma nota de repúdio às políticas da atual gestão municipal foi emitida pelo partido.

Segundo a avaliação do vice-presidente do diretório da sigla, vereador Higo Carlos, a situação é realmente constrangedora. Higo garante que sua postura não significa uma quebra de aliança com  Ilário, mas assegura que observa o partido parado, inerte e até mesmo acoado, e que suas críticas são públicas e construtivas. Ao Monólitos Post, ele explicou que o PT poderia, enquanto instância partidária, se mobilizar para atuar realmente como um partido de oposição ao modelo que hoje governa o município. Até agora, nenhuma denúncia jamais foi feita pelo partido contra a administração do prefeito João Hudson.

Para Higo, a militância petista está espalhada, sem a orientação que poderia unir as fileiras em torno de uma caminhada com objetivos marcados. Embora não fale, o vereador claramente se mostra desapontado com a direção adotada por Ilário Marques, que permanece ausente, trabalhando apenas em prol dos próprios objetivos. “A militância precisa ser ouvida, precisa se reunir, precisa atuar, mas para isso precisamos de liderança”, afirma o vereador.

Higo tentou concorrer à presidência do diretório, mas sua candidatura foi sufocada por Ilário. Segundo a avaliação de quem não pertence ao partido, Ilário não se mostra disposto a deixar que novas e fortes lideranças apareçam na sigla. Enquanto o PT local permanece inerte e acoado, os problemas do município se multiplicam. A política adotada pelo dirigente petista parece mesmo ser a do “quanto pior, melhor”. Esta tem sido interpretada como “fazer política por baixo” e em nada parece contribuir aos interesses do povo.

A postura de distanciamento adotada por Marques tem realmente deixado correligionários surpresos. “Pensávamos que ele absorveria a derrota de 2012 para se transformar em alguém cada vez mais atuante e mobilizador do partido, mas em vez disso, o temos visto correndo atrás de garantias políticas para si mesmo e para sua esposa, e isto é uma pena. O PT de Quixadá está totalmente desarticulado”, avalia um filiado de destaque que pede para não ser identificado.

Há alguns meses, o dirigente do PT tentou barrar a atuação da Caravana do Coração, iniciativa voluntária que busca oferecer serviços de vários tipos às comunidades carentes. Na semana passada, por exemplo, interferências políticas podem ter contribuído para que o Caminhão da Cidadania deixasse de atuar na edição da Caravana realizada no Distrito de Cipó dos Anjos, o que prejudicou dezenas de cidadãos que aguardavam o serviço. A direção da Caravana apenas lamentou o episódio.

Enquanto este contexto ganha maiores proporções, os filiados petistas permanecem sufocados com a ausência de seu dirigente nas questões de interesse da população. Muitos deles começam a perceber que são apenas os interesses dos grandes nomes da sigla que são efetivamente levados em consideração, e questionam se é realmente deste tipo de política que Quixadá precisa.