Uma situação de crise econômica e de índices cada vez mais altos de desemprego pode se tornar um prato cheio para empregadores com tendência para humilhar subordinados.
Com medo de perderem suas fontes de renda num quadro de poucas oportunidades, alguns trabalhadores acabam se submetendo a humilhações que vão desde aquele insulto que se torna cotidiano até condutas que podem ser qualificadas como preconceituosas segundo a legislação vigente no país. Há até mesmo quem faça da ameaça velada de demitir sua principal arma para oprimir o subordinado.
Existe quem avalie tais condutas opressivas como vetores de escape das pressões sofridas pelos próprios empregadores, muitos deles com seus negócios ameaçados pela sombra daquele “bicho papão” chamado falência. Ou, talvez, como simplesmente a expressão de uma personalidade que beira à sociopatia, quando não é, de fato, realmente sociopática e precisa de tratamento.
Ainda há quem acredite que o opressor apenas está descontando nos seus subordinados suas crises pessoais. Quem sabe seja, no fim das contas, só falta de vergonha e covardia mesmo.
Em certos casos, a tensão no trabalho se torna tão grande que os empregados se veem pressionados a optar pela agressão física, o que não deixa de ser a pior reação possível.
O fato é que não é pequeno o número de pessoas que escolhem permanecer num ambiente de trabalho opressivo apenas por força das difíceis circunstâncias econômicas.
Seja como for, chamar alguém de ignorante, imbecil, burro, estúpido ou outros adjetivos desta natureza pode ser falta de bom senso, compreensão do todo e de auto julgamento.
Por outro lado, presenciar estes fatos e simplesmente ignorá-los ou ser cúmplice do agressor é uma escolha que representa o descaso para com o agredido e para consigo mesmo, pois aquele que ignora estará reconhecendo a opressão como normal e aprovando que amanhã a vítima seja ele mesmo.
Na linha jurídica, ofender verbalmente subordinado em local de trabalho pode gerar indenização por danos morais. Mais do que a possibilidade de perder dinheiro, porém, ao aproveitar-se do medo dos trabalhadores para violar-lhes o direito a um tratamento digno, o opressor faz de si mesmo uma espécie de homem, ou de mulher – para se dizer o mínimo -, ridículo(a).
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Por Gooldemberg Saraiva / Contato: (88) 99972-5179 / E-mail: bergsaraiva@gmail.com