Monólitos Post

Recentemente, virou manchete nos principais jornais do País a notícia de que malas de dinheiro foram descobertas como sendo propina utilizada por políticos que há décadas se beneficiavam do dinheiro público para o uso pessoal e para se eleger e eleger também os seus familiares e companheiros de partido.

Ocorre que, em Quixadá a história das malas é bem mais antiga do que as que ficaram famosas por envolver políticos e empresários de Brasília. Outra diferença da Terra dos Monólitos para a capital federal é que lá, as malas foram literalmente abertas, ao passo que aqui, algumas, por enquanto, ainda permanecem lacradas, para não dizer “caladas”. Isso porque, na Sessão da Câmara Municipal de Quixadá do dia 24.11.2011 o ex-presidente José Kleber Bezerra Carneiro Júnior usou a tribuna da Câmara para fazer seríssimas acusações ao atual chefe do Executivo quixadaense, José Ilário Gonçalves Marques (PT), que na época era ex-prefeito do município.

Ao abrir as primeiras malas, o ex-presidente da Câmara falou em alto e bom som, de acordo com o vídeo, sobre o patrimônio milionário de Ilário Marques, que o prefeito é responsável pela compra de vários imóveis caros e luxuosos, afirmando o seguinte: “Então eu queria um dia que ele pudesse confrontar o patrimônio dele com o meu. Eu não comprei um apartamento agora há poucos dias na Barão de Studart não! Eu não tenho apartamento em São Paulo não! Eu não tenho casa mansão no Porto das Dunas não! Eu não tenho prédio na Monsenhor Tabosa não! Eu não tenho apartamento em Manaus não! … Eu tô falando de milhões! São poucos homens ricos que tem o que o Ilário tem hoje. Milionário!… Eu estou disposto a pagar qualquer preço, se for preciso com a vida, se precisar, com a vida. Se tiver que me matar, pode me matar, mas me calar, não vão calar não!

Ainda na abertura da primeira mala, no vídeo, o ex-presidente da Câmara continuou a delatar a riqueza de Ilário Marques e de seus principais aliados. Veja com detalhes o que disse Kleber Júnior: “E quero deixar claro pra senhora: eu pago qualquer preço, até se preciso vou ser preso, porque cadeia tanto é pra homem como é pra mulher. Na hora que a senhora quiser abrir a segunda mala, ai a senhora escolha qual é o canto, que eu vou abrir também. Talvez seja o grande momento de nós tirarmos a nossa máscara. E tudo que eu estou dizendo aqui é uma pura verdade. Eu não estou mentindo! Isso que coloquei para a senhora aqui eu provo tudim!”

Acontece que antes que a segunda mala fosse aberta o prefeito Ilário Marques convidou o ex-presidente do legislativo municipal, Kleber Júnior, acreditem, para ser seu secretário de Agricultura na atual gestão. Mas, e aquela frase dita pelo ex-presidente: “se tiver que me matar, pode me matar, mas me calar, não vão calar não!”? Pelo visto, não houve a necessidade de uma medida tão extremada para o calar, pois uma simples secretaria foi o suficiente para manter a segunda mala fechada, silenciosa e encoberta pela mera vaidade de permanecer no poder a qualquer preço, custe o que custar.

Enquanto isso, a população se pergunta: O que existe de tão grave na segunda mala que pode levar homens e mulheres para a cadeia? Será que as malas ainda permanecem viajando nos bastidores da prefeitura deste município? O fato é que os atuais políticos de Quixadá ou ignoram a inteligência dos quixadaenses ou acreditam que a impunidade será uma certeza, basta verificar que ultrapassando os limites da luxúria e da soberba, inacreditavelmente o prefeito teve a ousadia de abrir um processo licitatório para contratar, em plena crise financeira, um veículo de luxo blindado para o seu uso diário e para satisfazer o seu conforto pessoal perdulário e bancado com o dinheiro público já tão maltratado pelas malas que já foram abertas e por aquelas que ainda permanecem ocultas.

O tempo passa, mas alguns políticos de Quixadá ainda continuam exercer cargos públicos, com máscaras, como se nada tivesse acontecido, Quixadá está parecendo Brasília onde Lula e Palocci vivem uma crise sentimental que abala não só o relacionamento dos dois, mas que tem aberto as malas de um período nefasto da política brasileira, bem como os olhos da população. As atitudes do ex-presidente que antes elogiava Palocci, são contraditórias, uma vez que hoje trata o companheiro de partido como “mentiroso, dissimulado e presunçoso”. Será que o tempo fará com que o prefeito e seu secretário tenham a mesma postura do ex-presidente e do ex-ministro? Pelo que parece teremos mais uma vez que esperar pela abertura das malas.

Por Herley Nunes
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