Monólitos Post

O que se segue não é uma tentativa de comparar o atual prefeito de Quixadá com prefeitos anteriores à ele, pois, na verdade, alguns prefeitos anteriores também demonstraram alguns dos mesmos sinais apontados nesta matéria. A conclusão de que João Hudson Bezerra não tem sido um bom administrador para Quixadá pertence ao autor deste texto e, não necessariamente é compartilhada por todas as pessoas e nem está além de contestação. Também não pretende avaliar o assunto de forma completa, com a profundidade merecida,  mas indicar coisas simples que, não obstante, são muito reveladoras.

Reconhecer uma boa liderança exige métodos concisos de identificação. Felizmente, mesmo que não possamos descrever de forma perfeita bons líderes, podemos identificá-los pelos resultados que produzem. A base que utilizo neste texto para avaliar a gestão do atual prefeito quixadaense se ergue sobre o seguinte tripé: produtividade, retenção de funcionários e inovação. Os dez sinais de que João Hudson não tem sido um bom administrador público serão considerados aqui dentro do contexto deste tripé.

PRODUTIVIDADE

A Prefeitura é bem semelhante a uma empresa e o êxito de seu chefe pode ser medido por aquilo que a prefeitura consegue produzir. O papel do poder público municipal é, dentre outros, criar boas condições que favoreçam a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

A liderança excepcional inspira a força de trabalho e a conduz à plena capacidade,  bem como ajuda a moldar padrões e operações que se prestam ao trabalho produtivo. Não é o que tem sido visto em Quixadá.

(1) Faixa de pedestres – Ao passo que tentou capitalizar para si os créditos pelas obras promovidas pelo governo do Estado em Quixadá, tais como a melhoria de parte da malha viária, especificamente nas ruas Juscelino Kubtischek e José de Queiroz Pessoa, o prefeito de Quixadá tem sido incapaz de colocar faixas de pedestres apropriadas nas ruas da cidade. Na verdade, não existem faixas de pedestres em Quixadá. O município possui quase cem mil habitantes e um trânsito caótico e desorganizado e, apesar disto, os pedestres não contam nem mesmo com algo tão simples quanto uma faixa para lhes garantir o mínimo de segurança. Algumas latas de tinta branca e alguns funcionários seriam suficientes para produzir o milagre da produção de faixas para os pedestres.

(2) Enfeites de natal – Três meses depois do natal, os enfeites luminosos ainda estão instalados no centro da cidade, poluindo a estética e gastando energia sem necessidade. Visitantes ficam impressionados com o fato, que é um forte sinal de descaso com a coisa pública. Uma escada, equipamentos de proteção individual e dois ou três funcionários fariam o milagre da retirada dos enfeites.

(3) Atrasos salariais – Desde o início da atual gestão, funcionários tem reclamado de atrasos no pagamento de seus salários. Não existe uma agenda estabelecida para a execução dos pagamentos. A dificuldade é especialmente sentida na secretaria de saúde, mas também ocorre em quase todas as outras. A incapacidade de pagar os funcionários em dia é uma característica marcante de gestões públicas improdutivas e desorganizadas. Existem motoristas que já estão há cerca de um ano sem receber diárias de viagem.

(4) Ausência de projetos significativos –  No que diz respeito a projetos significativos, a gestão municipal se mostra completamente improdutiva, incapaz de realizar o mínimo que seja. Qual é o projeto significativo de autoria da atual gestão que esteja na boca do povo? Nenhum! Isso diz muito sobre a capacidade da gestão de produzir resultados, pois tudo começa com bons projetos. Sem projetos, sem realizações. Praticamente tudo o que se tem realizado e os projetos em andamento em Quixadá são de autoria dos Governos Federal e Estadual. Conseguiram tapar o buraco da Av. José Caetano, mas deixaram o trecho tão mal acabado, que é difícil para os visitantes perceberem que ali aconteceu alguma coisa. Não existem projetos significativos na gestão e isto diz muito sobre a liderança do prefeito.

RETENÇÃO DE FUNCIONÁRIOS 

Um sinal revelador de uma boa liderança, tanto na administração privada quanto na pública, é a taxa de retenção de funcionários, o que favorece o aperfeiçoamento da mão de obra e a torna mais experiente no que faz. A alta rotatividade de funcionários prejudica o andamento de projetos e compromete a evolução da máquina inteira, o que atinge diretamente os clientes ou, no caso da gestão pública, os cidadãos.

(5) Troca-troca de secretários – Na gestão do prefeito João Hudson chama atenção a alta rotatividade de funcionários em uma parte em que a retenção deles é especialmente fundamental: o secretariado. Desde o início da gestão já foram quase cem mudanças efetuadas. A Secretaria de Saúde, por exemplo, que lida diretamente não apenas com a qualidade de vida das pessoas, mas com a própria manutenção da vida delas, já teve à frente cinco gestores diferentes. Recentemente, o prefeito anunciou novas mudanças ainda para este mês. Segundo ele, “quatro ou cinco mudanças normais e rotineiras“. Rotineiras sim, normais não. João Hudson simplesmente não consegue manter ao seu redor uma equipe capaz de superar desafios e manter o foco na execução continuada dos projetos, o que não significa muito nesta gestão, pois, como já comentado, nem projetos significativos existem.

INOVAÇÃO

A inovação pode impulsionar o crescimento de uma empresa ou favorecer a qualidade de vida dos cidadãos, no caso das gestões públicas. Especialistas afirmam com segurança que um sinal de boa liderança é o nível de inovação existente sob sua alçada. Em Quixadá, inovação simplesmente não existe, e ela não aparece em áreas fundamentais.

(6) Má relação com a imprensa – Dificilmente houve em Quixadá uma administração que se relacionasse de forma tão ruim com a imprensa. A prefeitura parece ter sua própria imprensa e, em harmonia com isto, simplesmente despreza todo o resto. Não existe, até hoje, uma comunicação realmente eficiente na prefeitura. Alguns radialistas chegam a solicitar informações semana após semana e nada lhes chega. Recentemente ocorreram mudanças na equipe de comunicação, mas problemas básicos continuam. Este site solicitou há vários dias informações sobre o projeto de instalação de uma pista de skate na popularmente conhecida “Praça dos Crentes” e, até agora, nenhuma informação significativa nos foi enviada. Quando se publica algo sem a versão da prefeitura, porém, a cobrança é imediata. Não existe uma Secretaria de Comunicação e o prefeito João Hudson simplesmente parece não entender que nenhuma gestão no mundo pode ignorar tanto a imprensa, pois ela é parte integrante e necessária da sociedade e da democracia. Neste ponto, não há nenhuma inovação.

(7) Desprezo pela Câmara Municipal –  Este talvez seja o mais grave destes sinais de falta de boa liderança. O Prefeito de Quixadá tem tratado a Câmara Municipal com desprezo. Na única vez em que esteve no plenário da Casa do Povo, ainda em 2013, teria usado a oportunidade para dizer que ‘não precisava de vereadores para governar’, conforme relatado por diversos parlamentares. Nas vezes em que foi convidado para comparecer à Câmara, sempre estava ocupado com ‘assuntos mais importantes’. João parece querer administrar longe do poder legislativo, o que é, nos dias atuais, simplesmente absurdo. Nesta seara, a única inovação foi o retrocesso.

(8) Falta de transparência – Transparência na gestão pública é algo tão fundamental que a necessidade e obrigatoriedade de sua existência está estipulada em Lei. Confira:

Leis:

•  Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011
•  Lei Complementar nº 131, de 27 de maio de 2009 – Lei Capiberibe 
• Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) 

Decretos:

• Decreto nº 7.724, de 16 de maio de 2012
• Decreto nº 7.592, de 28 de outubro de 2011 
• Decreto nº 7.185, de 27 de maio de 2010 
• Decreto nº 6.170, de 25 de julho de 2007 
•  Decreto nº 5.482, de 30 de junho de 2005

Portarias:

• Portaria Interministerial nº 233, de 25 de maio de 2012
• Portaria nº 548, de 22 novembro de 2010
• Portaria nº 516, de 15 de março de 2010 
• Portaria Interministerial nº 140, de 16 de março de 2006 

Em Quixadá, porém, sob a gestão do atual prefeito, transparência é luxo. Transparência não é só colocar mensalmente informações no portal do TCM, mas dar aos cidadãos acesso total, de todos os modos, a tudo o que se faz na Prefeitura. É prestar contas, é envolver a Câmara Municipal, a imprensa, as comunidades e associações em todo o processo decisório e na execução do que se decide. A existência de um site exclusivamente com a finalidade de servir como Portal da Transparência do Município, determinado por Lei, ainda não existe em Quixadá.

Pedidos de informação, feitos pelos vereadores, enfrentam barreiras. Recentemente, a ex-secretária de Saúde, Aída Magalhães, teria confessado aos vereadores que existia uma determinação do próprio prefeito para que informações não fossem repassadas aos vereadores. O caso deverá ser investigado pela CPI da Saúde. Se for verdadeira, é um estupro ao conceito de transparência defendido pela moderna sociedade. Transparência é um desafio para toda gestão, e nesta não se vê nenhuma inovação no trato do tema.

(9) Favorecimento de familiares em postos estratégicos, em detrimento de técnicos – Esposa, irmão, e um exército de sobrinhas tem sido as escolhas de João Hudson para postos estratégicos. Um exemplo assombroso é o de Angela Brenna Calixto Pereira, sobrinha do prefeito, que já foi lotada em cinco pastas diferentes e já respondeu por mais de uma ao mesmo tempo e, atualmente, é chefe de gabinete do prefeito.

A esposa do prefeito, Juvenina Calixto, já foi lotada como Secretária de Desenvolvimento Social e uma sobrinha, Lívia Mara Bezerra, como secretária de saúde. Secretários também se sentem livres para nomear parentes e, recentemente, o Monólitos Post descobriu que um deles intenciona colocar o próprio filho, formado em educação física, como diretor da UPA 24 hs.

Vereadores que apoiam a gestão olham para o que acontece e também não fazem cerimônias para conceder benefícios a familiares e amigos. Tudo feito em detrimento do conhecimento técnico que poderia, realmente, alavancar o progresso do município. O Secretário de Educação, Antônio Martins, escolhido com base em critérios técnicos, tem feito um bom serviço, considerando as condições que lhe são dadas para trabalhar. Isto mostra a necessidade da utilização destes critérios na escolha do secretariado.

Justiça seja feita: este não é um problema novo em Quixadá, o que só mostra que, neste importante campo de atuação, o prefeito não inovou em nada.

(10) Destruição da esperança – Talvez a única inovação realmente introduzida por João Hudson em seu mandato tenha sido a eficiente, sistemática e ultra-rápida destruição da esperança. Em menos de dois anos, muitos eleitores perderam completamente aquela esperança que os induziu a escolher João como o representante dos interesses de Quixadá. Muitos que votaram no atual prefeito hoje pedem sua renúncia. Parafraseando um jargão famoso de um radialista que apoia a gestão municipal, a situação “é triste, é triste, é triste”.

Resta-nos, junto à imensa maioria da população de Quixadá, lamentar o vácuo de liderança que está posto. Resta-nos, também, torcer por dias melhores e oferecer, dentro do possível, sugestões para melhorar o atual quadro. De certa forma, a culpa de tudo é do modelo eleitoral brasileiro, que favorece o poder econômico da coligação dos candidatos em detrimento da capacidade real deles para liderar. Um dia, quem sabe, as coisas mudem. Por enquanto, fica a constatação inequívoca e realmente lamentável de que o atual prefeito de Quixadá não tem sido um bom administrador.

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