Nesta quinta-feira, 31, a Igreja Universal do Reino de Deus inaugura no Brás, zona leste de São Paulo, o maior templo religioso do país. Para se ter ideia da imensidão do projeto, as medidas superam as da Basílica de Aparecida, também em São Paulo. A arquitetura e os motivos principais apontam para a cultura judaica, e o templo que se dedicará a multiplicar o poderio religioso e financeiro da denominação de Edir Macedo, dono da Rede Record, recebeu a alcunha de Templo de Salomão.
Considere alguns dados sobre a construção: 35 mil metros quadrados de terreno (equivalente a 5 campos de futebol), 100 mil metros quadrados de obra construída, 2 toneladas de aço, 145 mil sacos de cimento utilizados, 54 metros de altura (proporcionalmente mais alto que o Cristo Redentor, no Rio), 10 mil lâmpadas de LED só no salão principal, 10 assentos, 12 oliveiras importadas do Uruguai (para a reprodução do Monte das Oliveiras), 2 mil vagas de estacionamento, 40 mil metros quadrados de pedras usadas na construção e na decoração (importadas de Hebron, em Israel), 60 apartamentos disponíveis para pastores (um deles extra-luxo para o bispo Edir Macedo). O custo total declarado para a construção foi de R$ 680 milhões.
Todo o projeto, segundo a assessoria da Igreja Universal, foi bancado com dinheiro doado pelos fiéis.
Mas o templo é também símbolo do jeitinho brasileiro de se realizar quase tudo. A Igreja Universal deixou de pagar à sociedade o montante de R$ 35 milhões de reais em impostos ao declarar à prefeitura de São Paulo que a obra era de reforma e não de construção. A autorização foi emitida em outubro de 2008 pelo setor Aprov 5, da Secretaria Municipal de Habitação, à época comandado por Hussein Aref Saab, demitido em 2012 sob suspeita de enriquecimento ilícito.
A instituição religiosa tentou, também, evitar o pagamento de impostos relacionados com a importação de 40 mil metros quadrados de pedras brancas de Israel sob o pretexto de que se tratavam de pedras sagradas. O argumento não foi aceito e a Igreja pagou mais de R$ 2 milhões em impostos de importação. O mega empreendimento não pagará R$ 1 real sequer de IPTU, já que se trata de instituição religiosa.
O templo será inaugurado sem alvará definitivo –usará, nos primeiros dias, uma licença para eventos. Os bombeiros também não autorizaram o uso do local, mas o local será inaugurado assim mesmo.
O templo de extremo luxo também contrasta com a realidade social do bairro em que está inserido. As casas e edifícios vizinhos, muitos ocupados por confecções com trabalhadores bolivianos, cortiços com imigrantes nordestinos e depósitos de material, pintam um quadro simbólico das diferenças sociais que ainda mancham a imagem do Brasil. Não é possível acessar o local a pé, já que para se ter acesso ao prédio é obrigatório chegar de carro.
O Brás tem um perfil de área de comércio popular, principalmente de roupas. Para um desavisado, o Templo de Salomão mais parece um shopping, com sua fachada de pedra e vidro espelhado, decorado na frente por palmeiras e escadarias.
Nas laterais do salão principal há esteiras rolantes para conduzir os montantes de dinheiro doados pelos fiéis a locais fechados do templo.
As polícias civil, militar e até a polícia federal estarão dando assistência durante a inauguração. A Universal montou um forte esquema porque nesses primeiros dias o acesso ao templo será restrito a fieis e convidados. A entrada de visitantes comuns e jornalistas, por exemplo, será liberada só no final de agosto e mediante a retirada de senha.
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