Forças políticas de Quixadá se mobilizarão agora com um único pensamento em mente: 2016

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O domingo, 26 de outubro, já passou, e as peças do tabuleiro político se movimentaram consideravelmente. A eleição de Camilo Santana, do Partido dos Trabalhadores, resulta na configuração de cenários novos e abre inúmeras possibilidades no jogo pelo poder. Não se trata exatamente de um jogo de xadrez, mas é muito parecido.

É possível afirmar, sem paixão e sem dúvida, que a vantagem política está ao lado daqueles que conseguiram retirar da batalha a rainha do adversário. O apoio de um Governador de Estado faz sim muita diferença, permitindo movimentos que são inadequados para outros tipos de peças. Como se costuma dizer: a máquina tem poder. Um prefeito bem relacionado com o governador do Estado pode jogar a favor do seu município e, consequentemente, a favor do próprio nome, com evidentes vantagens.

Em Quixadá, temos uma situação muito interessante para ser estudada, e não é possível ainda fazer afirmações positivas sobre o cenário novo. Os próximos meses serão cruciais para construirmos uma visão mais elaborada do que está por vir.

O tabuleiro neste município tem peças e posições bem definidas, mas a questão é: em seus próximos movimentos no tabuleiro, quais peças a nova Rainha do Estado escolherá sacrificar? Xadrez e política não são nada mais que um jogo de sacrifícios. Por que esta é uma pergunta importante? Simples: o apoio do novo governador ainda não está determinado e estará sujeito a mil jogadas a serem feitas até 2016. A situação é de indefinição.

Claro que os grupos de Ilário Marques e Osmar Baquit saem da disputa em maior evidencia. A questão é: eles escolherão ficar unidos ou disputarão o favorecimento da nova Rainha? Afinal, por mais que cada parte diga que agora possui o apoio do novo governador para suas pretensões em 2016, a verdade é que, divididos, um dos dois grupos estará com tal afirmação apenas jogando palavras ao vento. Política se faz com escolha de lados, e Camilo Santana, em 2016, escolherá apenas um. A não ser que, como fizeram Lula e Dilma no Ceará, escolha não interferir na disputa, o que é muito improvável, pois sua ausência, neste caso, deixaria aliados e adversários em igual situação na batalha, estratégia desprovida de qualquer vantagem para ele. Camilo terá um lado.

“Mas Camilo não é petista? Com certeza escolherá apoiar Ilário”, talvez alguém sugira. Não é bem assim, por pelo menos duas razões.

Primeiro: Osmar Baquit tem voto parlamentar para oferecer como moeda de troca, e isto é muito valioso para um governador. Osmar é o único nome do município que foi eleito para o parlamento estadual. Embora sua votação aqui tenha sido pífia, ainda assim as coisas são o que são. E Osmar é o Deputado Estadual com condições de usar o cargo para dar suporte às jogadas da rainha no plenário da Assembleia Legislativa. As movimentações de Osmar nos próximos meses tenderão ao fortalecimento de seu grupo. Nada mais natural.

Segundo: De acordo com informações vazadas pelo jornal O Globo neste último final de semana, Cid Gomes pretende criar um novo partido que seja mais capaz do que o PROS de acomodar os interesses imperiais dos Ferreira Gomes no Estado. Procedendo esta especulação, não há absolutamente nenhuma dúvida de que Cid e, em especial, Ciro Gomes, querem o novo governador usando as cores que sua nova legenda tiver. Petistas sabem que, não obstante seja filiado há 12 anos ao PT, Camilo é muito mais “cidista” do que petista. Ele deve sua ascensão recente ao notável apoio da família imperial cearense. De fato, não é fantasioso pensar que isto talvez até já esteja acertado. Na hipótese de que isto proceda, seria reproduzido nos petistas em todo o Estado os mesmos sentimentos que eles tiveram em Quixadá quando Rômulo Carneiro deixou a sigla da estrela vermelha. Outro efeito, mais prático no movimento das forças políticas locais, é que isto deixaria Ilário Marques evidentemente mais enfraquecido em relação a Osmar Baquit.

As duas situações acima colocam o apoio de Camilo Santana na disputa de 2016 no campo da indefinição.

Depois, não se pode desconsiderar que a maciça união dos demais grupos e subgrupos políticos locais deram a vitória a João Hudson em 2012, embora Ilário Marques pudesse exibir boa musculatura junto ao governo de Cid Gomes. Poderosa como seja, a rainha não é invencível. A questão é que, agora, estas forças estão separadas de Osmar e de Ilário, e nada ainda no cenário indica qualquer união deles a um dos dois grupos dominantes.

E o prefeito João Hudson? João é o prefeito quixadaense com maior rejeição popular desde que Deus enviou o Dilúvio à terra. Sem Osmar, sem o apoio do governador e, por enquanto, sem o apoio de outros nomes que participaram da conjuntura que lhe ajudou em 2012, João praticamente recebeu seu xeque-mate com o resultado das urnas no último domingo.

O cenário é complexo e cheio de possibilidades a serem estudadas. A única certeza é que os grupos políticos de Quixadá, a exemplo do que deve acontecer em todos os municípios do Ceará, mobilizar-se-ão agora com um único pensamento em mente: 2016.




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