Os números não são gentis com o Estado do Ceará quando o assunto em pauta é a violência. Todos os índices, não importa sob que perspectiva sejam analisados, mostram linhas crescentes a favor do derramamento de sangue, dos atos contra a propriedade e, em especial, dos atentados contra agências bancárias. Sem exageros, o Ceará é hoje um Estado exposto à vontade de bandos semelhantes aos existentes na primeira metade do século vinte, quando a palavra “cangaceiros” assustava qualquer um.
Recentemente, o site Tribuna do Ceará fez um levantamento mostrando que de janeiro de 2007 a março de 2014, Cid Gomes amargou a constatação de que 20.740 homicídios foram registrados no Estado (sendo 2.860 por ano). A estatística alarmante praticamente se iguala ao número de soldados mortos durante os oito anos e nove meses de guerra no Iraque, de todas as nações em combate, com 21.428 (sendo 2.448 por ano).
CRESCIMENTO ANUAL DO NÚMERO DE HOMICÍDIOS
PRATICADOS NO CEARÁ
Especialmente a capital cearense, Fortaleza, sente os efeitos da falência das políticas de segurança públicas levadas a cabo pelo governador Cid Gomes. A cidade foi considerada a 13ª mais violenta do mundo em 2013. No ano seguinte, já pulou para a 7ª colocação. E os números oficiais da SSPDS comprovam: somente em 2014, a cada dia, 9,8 pessoas são mortas apenas em Fortaleza.
Segundo relatório da ONG mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal, Fortaleza tem uma taxa de 79.42 homicídios a cada 100 mil habitantes, com 2.754 homicídios registrados em 2013. Essa taxa é a 2ª maior do mundo, inferior apenas a Caracas, capital da Venezuela.
É evidente, pelos números, que o que foi dito acima é a mais pura realidade: as políticas de segurança levadas a cabo pelo atual governo podem ser consideradas falidas. Por outro lado, é correto afirmar que Cid tentou reverter o quadro, realizou investimentos, porém, suas estratégias não tem funcionado. A onda de violência no Ceará permanece em linha crescente, e o governador, ou mesmo seu escolhido, Camilo Santana, não conseguiram apresentar à população alternativas diferentes, além daquilo que o governo já está, sem êxito, fazendo.
Neste mês, o Organizador do Mapa da Violência no Brasil, Julio Jacobo Waiselfisz , participou de um seminário em Fortaleza e revelou que o Ceará é, atualmente, o terceiro Estado mais violento do país. Jacobo contou que acompanha os números da violência no Ceará e o Estado é “reconhecido nacionalmente por, nos últimos anos, ter feito um aumento expressivo dos investimentos em segurança pública. Não obstante a isso, houve um aumento expressivo nos níveis de violência pública”. Ou seja: a política de segurança de Cid Gomes, e que Camilo Santana tem prometido dar continuidade, simplesmente não funciona de acordo com o propósito para o qual foi criada.
O cidadão talvez precise entender que o voto para governador de Estado é mais do que a escolha de um rosto que lhe seja mais familiar ou de uma personalidade que lhe seja mais agradável. O voto é a escolha de uma estratégia de combate à violência. Cid e Camilo apostam na crença de que o cearense está satisfeito com a matemática sanguinolenta dos números da violência no Estado. Eles confiam na apresentação elaborada de novas promessas no horário eleitoral sem, contudo, mostrar onde farão diferente do que já estão fazendo. Independente das paixões partidárias envolvidas na escolha de cada um, a ausência de alternativas de combate à violência por parte do poderoso grupo político de Cid Gomes deveria, certamente, preocupar e provocar questionamentos em cada cearense.



