O testemunho a seguir é fictício. Semelhanças com a realidade, porém, não devem ser julgadas como mera coincidência.
“Eu acordo cedinho, geralmente por volta das cinco da matina. Vocês não devem se enganar: vida de babão não é fácil! Apenas poucos de nós têm algumas regalias. A maioria, das quais faço parte, ou chega cedo à prefeitura ou perde a vaga para o suplente de babão, cujo emprego também já estava prometido e está apenas esperando um vacilo dos outros. Inclusive meu.
“Durante as campanhas eleitorais trabalhamos duro, é puxado. Haja criatividade para inventarmos todo tipo de conversa sobre os oponentes do nosso candidato! Compramos briga de beira de calçada, batemos boca com o vizinho chato que apoia o outro partido e nos derramamos em elogios ao “homi” que apoiamos.
“Conseguimos, ao final, um “empreguim” de salário mínimo, cheio de descontos, sem férias, sem décimo terceiro, sem horas extras, sem direito de reclamar de nada. E depois de tudo isso, depois de toda essa disposição, nós ainda não temos a proteção que, muitas vezes, é difícil até para os concursados usufruírem. Ah! Os concursados! Mesmo assim, ficamos satisfeitos, e a experiência nos capacita a suportar.
“Mas voltando ao assunto: assim que acordo, eu dou aquela espreguiçada boa, e já vou começando a pensar nas coisas do dia. Dirijo-me ao guarda-roupa, onde uma velha camisa de campanha ainda jaz meio esquecida. Tento escolher a roupa cujas cores estejam mais próximas das cores do meu candidato, ou então, quando as combinações não dão certo, uso um branquinho ou preto básico. Neutralidade não agrada, mas também não desagrada. Melhor assim.
“Tomo café escutando rádio. Eu deixo o volume bem baixinho para meu vizinho não escutar, já que escuto o Herley Nunes e todo mundo tem de pensar que eu sou ouvinte da nossa rádio. Depois disso, corro para não chegar atrasado: afinal, aquela coordenadora chata, prima do vereador, amiga da cunhada da mulher do prefeito, não pode ser contrariada e, mesmo que a gente seja do mesmo balaio, ela exige que eu chegue cedo. Babão também não tem direito de se atrasar. Mas, naqueles dias em que eu estava distribuindo cartãozinho do “homi”, ela era toda gentil. Sou babão, sim, mas tem coisas que a gente não suporta. Principalmente quando outro babão se dá melhor do que a gente e ganha um cargo mais visto$o, talvez até de chefia.
“Durante o expediente, nada de mencionar o nome daquele outro candidato. Cruz-credo! Seria o apocalipse! Nunca mais me deixariam em paz. No computador (que agora estou vendo que nem tombado foi), a ordem é deixar o Facebook ligado e detonar geral. Só não posso curtir, comentar e muito menos, sob a ameaça de pena capital, compartilhar matérias que possam mostrar algo de ruim sobre o prefeito. Afinal, outros amigos babões estão sendo pagos, tenho quase certeza, apenas para patrulhar o Facebook, numa espécie de estratégia de confinamento ideológico. Não me importo muito com isso; melhor nós na fita do que os babões do outro lado. Ainda bem que todos os nossos desafetos políticos estão sendo, aos poucos, remanejados. Alguns deles são até concursados. Ah! Os concursados!
“Curtir Jaime Arantes no Facebook? Ave Maria, seria catastrófico para dez gerações que carregassem meu nome. Comentar com os colegas aquela matéria que o Herley Nunes apresentou de manhã cedo? Nem pensar! O castigo seria grande. Gosto tanto do meu “empreguim”!
“Estamos no fim do ano, já soube que meu contrato será quebrado. Só volto, talvez, lá pelo mês de fevereiro ou março. Tenho que ficar de olho, senão os outros babões sabidos vem e tomam meu lugar. Nem sei o que dizer. Aliás, eu sei: pelo “homi” a gente suporta. Mesmo com aquele jeito desajeitado, o “bixim” está tentando melhorar a cidade. Sempre que posso, posto alguma foto dele nas obrinhas no meio da rua. Temos que mostrar alguma coisa, e o “homi” está com a gente.
“Quando é dia do nosso prefeito visitar o departamento em que trabalhamos, a preparação começa é cedo. Ele não pode nem sonhar como as coisas realmente estão. Então maquiamos tudo e dizemos que está tudo bem, que o governo é eficiente, que os cidadãos estão satisfeitos, essas coisas de babão. Fazemos fotos na tradicional posição de campanha, o abraçamos, sorrimos muito, elogiamos os empenhos dele e o bichinho sai todo satisfeito. É muito bom babar nesses dias. Mas cansa que só! No entanto, depois que ele vai embora, a gente começa logo a reparar nos detalhes: a roupa, os óculos tortos, a oratória ruim, o mesmo discurso de sempre. Mas, claro, tudo com muita discrição, só para babões de confiança e longe da turma do outro lado.
“Enfim, quem nós somos? Somos os dispostos a quase tudo. Nos fingimos de cegos, vivemos no mundo da lua, não gostamos do Jaime Arantes, dos programas de rádio que não falam bem do nosso querido prefeito; somos aqueles que não suportam críticas no Facebook. Mas somos gente. Babão também merece ser respeitado. A arte de babar exige muita prática e devoção.
“Como pensamos? Só temos um pensamento: queremos o bem do nosso município. Pensamos sempre no bem da nossa cidade. E o bem dela é que nosso prefeito esteja bem na fita. Garantido nas próximas eleições, protegido das acusações e da oposição. Se o prefeito ta bem, a cidade estará bem e nós estaremos bem. Compreendeu o raciocínio?
“Como nos comportamos? Ora, essa é boa. Estamos sempre alegres. Não andamos em lugares tristes. Hospital? Ave Maria, que deprê, evitamos isso. Só em caso de muita necessidade. Em geral, ligamos para nosso vereador e ele consegue que a gente seja atendido logo, aí não temos que ficar na fila, com aquele desfile de carne sofredora nos corredores. É massa demais! Ser babão, às vezes, tem suas vantagens!
“Porque babamos? Pergunta besta. O baixo investimento em educação nas últimas décadas criou uma geração de babadores políticos, gente que gosta de usar cabresto e baixar a cabeça para tudo. Somos nós, os babões. Babamos por que precisamos. E, às vezes, babamos por que somos um “magote” de bestas que gosta muito é de confusão de bodega de esquina.
“Como afetamos a vida política da cidade? Ah! Tornamos tudo mais divertido. Sem nossos sorrisos, só haveria sofrimento e reclamações. Mas gostamos mesmo é de ganhar nosso dinheirinho. A cidade que se acabe. Política é algo que não nos importa; desde, é claro, que tenhamos uma maminha sadia.
“Enfim, somos babões e pronto! E não adianta querer nos diminuir na “hora do babão”, todo sábado, na Liderança FM, no Sertão Cidadão, com Everardo Filho e Wanderley Barbosa, que não vamos desanimar. Babamos sim, e assim estamos vivendo. E babão que é babão não escuta Sertão Cidadão. Ou pelo menos escuta e esconde direitinho. Passem bem.”



O texto é hilário, refleti com perfeição o mundinho, mesquinho e tacanho dos que vivem o cotidiano em prefeituras, convivo com isso a anos, tudo que li presencio diariamente, mas aqui é brazil, tem que haver babões, nossos políticos são “homens cordiais” por excelência, não conseguiriam viver seus momentos de mando e desmandos sem ter a seus pés um séquito de bajuladores, com seus sorrisos largos de aprovação,suas maneiras servis, seus elogios constantes a inteligência, a mente aberta e progressista do amo do momento,todos prontos a se rasgar por um olhar de aprovação, o que seria dos nossos políticos sem seus brinquedinhos de estimação? seus pequenos pets? de que adianta ser Prefeito se não tem babação? ter que atravessar toda uma gestão sem ouvir mentiras proferidas diariamente sempre louvando sua “excelência”? no brazil o bom não é ter poder, aqui o legal mesmo é ser paparicado,ser celebrado por uma cambada de cupinchas puxa – saco que vivem as espenças da boa vontade do “homi”. Enfim, sempre existirão babões nas prefeituras brasileiras, sem eles tudo ficaria sem graça para um monte de gente, principalmente pra sua “inselença” o “Dotô Prefeito”.
Esse é o problema da terceirização. A competência, a ética e a própria profissão ficam em segundo plano. A ordem é “babar”, babar sempre que possível. Isso significa que continuaremos vendo comissionados sendo obrigados a trabalharem em condições precárias, sem direitos trabalhistas, sendo obrigados a acompanhar o prefeito em todas as inaugurações, senão podem ser demitidos. Isso é uma vergonha. Isso é uma extensão do coronelismo. Isso prejudica o próprio processo eleitoral, visto que os comissionados jamais terão liberdade de escolher o melhor pra cidade, mas sim o melhor para si próprio.
Chega de babões. Chega de precarização do serviço Público.
Lendo essa matéria, parece que estou vendo dois amigos meus. Será que se eu marcar Gar… Alm.. e Kri… aqui ele vão ler? São pessoas inteligentes, que a família tem condições, mas preferem seguir esse caminho do texto, ao invés de estudar. Já dei conselhos a eles, mas não adianta. Preferem “babar” o gestor atual. Tem um que já está na prefeitura há uns 4 mandatos (ou seja,desde do tempo da oposição). E é pq a família é até um pouco tradicional. Fiquei até com vergonha por eles ao ler esse texto. Parabéns pelo texto, cara. É um tapa na cara de muita gente.
Ótimo texto. Infelizmente ele não se enquadra só na gestão atual. Toda gestão municipal, seja ela verde, vermelha, azul ou amarela tem seus babões. Infelizmente isso parece já ser lei instituída.
Afinal do que seria o prefeito se não tivesse seus babões para lhe acatelentar nos momentos em que a verdade é tão dura, mas não tão doce como rapadura?
dor de cotovelo,! VC JAIME ARANTES DEVERIA MOSTRAR A CARA P/ A GENTE VER QUEM É O MAIOR BABÃO DE QUIXADÁ,! um babão q se esconde p/ inventar mentiras,!!!!!!!!
E os nossos vereadores que também estão ai, que devem fazer oposição e procurar soluções, mas muitos parecem não escutar o grito da população. Serão eles também babões?
O babão é o câncer de qualquer administração, principalmente quando o prefeito é inapto, inepto e incompetente. Eles criam uma visão ilusória da realidade para agradar o prefeito, levando-o ao precipício. No afã de babar estimula o comodismo do gestor e cavam sua própria sepultura, pois assim, cimentam as bases da vitória da oposição. Portanto, o babão é o supra sumo da incompetência, da degeneração da coisa pública e um bom aliado da oposição ao seu patrão. Parabéns pelo artigo Jaime.
Quixadá, em primeiro lugar precisa de pessoas progressistas, pessoas trabalhadoras, honestas, pessoas que tenham capacidade de gerir órgãos públicos,sem bairrismo e que as oligarquias, grupos partidários deixem de governar, pois não há tempo mais a perder e que fiquem longe dos órgãos municipais todos babões,corruptos, preguiçosos e livre das Marias bombas gira, que sempre querem um final de semana com os chefes, querendo tomar o chefe, gerente, secretário das mulheres casadas. É muito sério administrar uma cidade como Quixadá, tendo em vista que poucos são capacitados e muitos são preguiçosos, viciados, e que não deveriam estar empregados e tomam o lugar daqueles que seriam bons funcionários. Outra coisa que não deveria existir era a terceirização, que é uma manobra de dar dinheiro a empresas sem a mínima condição de fazer um tipo de trabalho com qualidade, já que só visam o lucro, a grande realidade é que existe um movimento de pessoas mercenárias que tem o objetivo de tornar o Estado mínimo, para terceirizar tudo, transformar os órgãos públicos em empresas controladas por políticos corruptos, são os capitalistas facistas que só pensam em dinheiro e que não se preocupam com as pessoas pobres e necessitadas, basta só vê a violência generalizada, os órgãos públicos sucateados, sem hospitais aparelhados, falta de segurança em geral, alto número de políticos que só servem de parasitas, enfim, são coisas que só acontecem no Brasil, se levarmos em conta que só no Brasil há muitas riquezas, muito dinheiro, muitos recursos naturais (rios, mar, florestas, ouro, diversos minerais e etc), tudo isso em grande quantidade que se fosse administrado pelos órgãos públicos não iriam parar na mão de ladrões mais sim iria servir para dar condição de acabar com a miséria, e todos viverem com dignidade…
Aproveitando a oportunidade, quero apenas dizer que é de lascar ver tanta gente incompetente nesta administração que, com certeza, só estão onde estão porque são bajuladores. A comunicação da prefeitura tá cheio desses…
O que mais me incomoda é que OS BABÕES GANHAM MAIS DO QUE OS CONCURSADOS ! A pessoa que estuda, que passa em concurso público, que conquista um emprego através da competência (e não da “babonice”) ganha menos do que um babão. Lamentável!
kkkkkkkkkkk – Tocou mesmo na ferida !! rsrs !! Enquanto não acabarem com essa farra de terceirização esses sujeitos se sentirão chefes de poder.
ABAIXO À TERCEIRIZAÇÃO !! CHEGA DE BABÕES NESSA CIDADE !!
DE UMA COISA PODE TER CERTEZA, QUE A MAIORIA DOS BABÕES “CONFESSOS” VOTARAM NO CANDIDATO CONTRÁRIO, ISSO É INFALÍVEL, AGORA A SITUAÇÃO FICA PERIGOSA, QUANDO O “BABADO”, GOSTA DESSA BABAÇÃO, POR QUE É ASSIM, GERALMENTE OS CHEFES, LIDERES, ADMINISTRADORES INCOMPETENTES GOSTAM DESSE TIPO DE ATITUDE POR PARTE DE SEUS “SUBORDINADOS” TAMBÉM INCOMPETENTES, ISSO MESMO, QUASE QUE SE EXCEÇÃO, O BABÃO É UM GRANDÍSSIMO INCOMPETENTE.