Falso médico pode ter atendido mais de 300 pessoas em Quixadá; Secretária de Saúde diz não ter culpa

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Durante coletiva de imprensa na tarde de ontem, dia 12, a Secretária de Saúde de Quixadá, Selene Bandeira, esquivou-se da responsabilidade pela contratação do falso médico que estava atuando na UPA do município. Segundo ela, o processo de contratação do falso profissional aconteceu sem o conhecimento da Secretaria de Saúde.

Informações preliminares dão conta de que o homem conhecido apenas por Hildênio

DIRETOR DA UPA FOI AFASTADO DO CARGO

O advogado Edil de Castro Cavalcante, Procurador Geral do município, acompanhou a coletiva ao lado da secretária e afirmou categoricamente: “Exercer medicina sem ter a qualificação necessária é crime. Aparentemente, esse profissional foi convidado para clinicar, e foi convidado sem nenhuma relação direta com a administração pública de Quixadá. Esse fato foi revelado por uma pessoa que conhecia ele. Se não fosse por isso, o assunto jamais teria chegado ao conhecimento da secretária. Tudo foi feito pelo diretor clínico da UPA sem haver necessidade de qualquer comunicação com a secretária de saúde.” 

De acordo com a secretária, uma sindicância deverá apurar todos os detalhes do caso e, posteriormente, informar à população como tudo aconteceu. O prazo para os trabalhos de investigação interna foi estabelecido em 30 dias, podendo ser prorrogado por mais 30.

Selene reconheceu que o assunto é “grave e triste” e disse esperar que tudo seja devidamente esclarecido. Afirmou acreditar que o falso profissional foi trazido para atuar em Quixadá pelo Diretor Clínico da UPA, Dr. Welber de Lima. Segundo ela, era ele o responsável pela contratação de pessoal para atuar na Unidade de Pronto Atendimento.

O Diretor da UPA foi afastado até a conclusão dos trabalhos da comissão de sindicância. Segundo a Secretária, desde que o escândalo estourou não consegue manter comunicação com Welber de Lima. Ele estaria em Fortaleza.

PAGAMENTO POR FORA

De acordo com Selene Bandeira, os pagamentos do falso médico não eram efetuados pela secretaria de saúde de município, já que o criminoso não pertencia ao quadro de funcionários da prefeitura e nem era contratado da cooperativa que atua em Quixadá. Atualmente, um plantão médico de 24 horas custa a administração R$ 2.500,00 por profissional. Selene diz que desconhece como era a forma de pagamento do falso profissional.

MAIS DE 300 PESSOAS PODEM TER SIDO ATENDIDAS PELO CRIMINOSO

A Secretaria de Saúde calcula que mais de 300 pessoas podem ter sido atendidas pelo médico falso. Todos os prontuários de atendimento assinados por ele foram recolhidos. O fraudador assinava receitas, atestados, diagnosticava e recomendava remédios dos mais diversos tipos. Ainda não há informações sobre se alguém teve sua saúde prejudicada em resultado da atuação do criminoso.

Informações preliminares davam conta de que o falso médico era, na verdade, um enfermeiro conhecido por Hildenes, do município de Horizonte. Selene Bandeira diz que nem sabe se isto é verdade, mas afirma que ele não trabalha em Horizonte. Ela determinou o envio de ofício ao Conselho Regional de Enfermagem do Ceará para obter informações a respeito.

FALHA DA ADMINISTRAÇÃO

A gestão do prefeito João Hudson não mantinha nenhum cadastro de médicos que trabalhavam em substituição a plantonistas. Essa brecha é que teria permitido a contratação irregular do falso profissional. Selene Bandeira garantiu que a situação será corrigida a partir de agora. “Qualquer médico que for agora tirar plantão de outro terá que se cadastrar e apresentar toda a sua documentação”, afirmou a secretária.

FORAGIDO

IMG-20150112-WA0007O bandido que se passava por médico na UPA de Quixadá, até agora conhecido apenas pelo nome Hildênio, permanece foragido. A polícia está empenhada em capturar o indivíduo, que deverá ser processado por fraude e exercício irregular da profissão. O vereador Dudu postou a foto do falso médico numa rede social.

O Prefeito João Hudson Bezerra ainda não se manifestou publicamente sobre o escândalo. A assessoria de comunicação também não voltou a se manifestar.

VÍDEO COM PARTE DA COLETIVA

 

 

 




Comentários

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  1. Parabéns a Exma. Sra. Secretária de Saúde pelos esclarecimentos e pela abertura de sindicância, a prática de troca de plantões entre médicos para cobrir uns aos outros, às vezes porque o médico responsável quer receber mais em outro lugar é comum, não é culpa da Secretária de Saúde nem da Prefeitura, mas do diretor da UPA que deve ser responsabilizado pela Justiça Comum e pelo Conselho Regional de Medicina porque delegar função própria do exercício profissional para leigo ou pessoa sem qualificação médica é ato de negligência e imprudência transcrito no Código de Ética Médica. E só, o resto é politicagem desse portal de gente oportunista.

  2. Marcos vai pedir exoneração nunquinha.
    Quem trabalha correto não admite trabalhar em cargos de confiança em que a omissão é o maior crime, e as condições precarias são as piores possíveis…
    Mas, quando não se tem isso é fácil estar no poder.

  3. Marcos Coimbra, não querendo proteger a atual secretária.

    Mas você não acha que um desses “subordinados” não é o próprio Diretor da UPA? Ele que tá responsável SÓ POR AQUELA UNIDADE, não deveria ter feito isso de maneira correta?
    A Secretária de Saúde, que até o momento, tá segundo as pontas nessa gestão “excelente”, tem sim culpa, por ter colocado o diretor lá, por que imagina ai, se em cada posto de saúde da cidade, ele tivesse lá pra ver cara de quem entra e de quem sai.

  4. É preciso dizer a esta senhora que se diz Secretária de Saúde que uma das primeiras obrigações de um secretário é FISCALIZAR o que os seus subordinados andam fazendo. Se a Prefeitura não foi responsável direta pela contratação deste falsário, no mínimo houve negligência da secretária, por não saber o que seus subordinados fazem. Quer dizer que ela tem um monte de subordinados e não se interessa em saber o que eles fazem?se trabalham bem ou mal? se antenderam bem o povo? Serviço público é coisa séria. Não deve ter amadores no comando. Se essa secretária tivesse o mínimo de bom senso, pediria exoneração do cargo.

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