Cogerh calcula que Açude Pedras Brancas pode abastecer Quixadá e Quixeramobim até 2017

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Da esquerda para a direita: Luís Cezar, Gooldemberg Saraiva e Paulo Ferreira.

O gerente regional da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Paulo Ferreira, conversou com o Monólitos Post a respeito da situação hídrica nos 13 municípios que pertencem à sub-bacia hidrográfica do Rio Banabuiú. Também deu esclarecimentos acerca dos impactos sobre o Açude Pedras Brancas, em Quixadá, da construção de uma adutora ligando aquele reservatório ao município de Quixeramobim.

Situação Hídrica da Bacia do Rio Banabuiú – De acordo com Paulo Ferreira, a situação hídrica dos 13 municípios sob a jurisdição da regional da Cogerh em Quixeramobim pode ser considerada delicada.

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Bacia do Banabuiú dispõe de apenas 4,05% de sua capacidade total.

Ele revela que os 19 reservatórios da região tem capacidade de armazenamento para dois bilhões e setecentos e cinquenta e quatro milhões de metros cúbicos d’água, mas que apenas pouco mais de 4% desse volume total, algo em torno de 131 milhões de metros cúbicos, está hoje à disposição. A bacia hidrográfica do Rio Banabuiú é, portanto, uma das que tem a menor quantidade de água entre todas as bacias do Estado monitoradas pela Cogerh, conforme mostram os gráficos ao lado.

Em vista desta situação crítica, Ferreira fala sobre a necessidade do uso consciente da água. Enfatiza que todos devem se sentir pessoalmente responsáveis pela preservação dos recursos hídricos até que o período difícil passe.

Adutora do Pedras Brancas para Quixeramobim – O técnico articulador da bacia hidrográfica do Rio Banabuiú, Luís Cesar, apresentou durante duas horas e meia gráficos, números e diversos dados para mostrar a necessidade e, claro, a viabilidade da construção da já anunciada adutora de engate rápido ligando o açude Pedras Brancas ao município de Quixeramobim.

Os editores do Monólitos Post tiveram acesso aos dados da simulação feita pela Cogerh para chegar à conclusão de que o Pedras Brancas tem água suficiente para abastecer a sede do município de Quixadá, o Distrito de Juatama, a unidade da Petrobras Biocombustíveis e o município de Quixeramobim até meados do ano 2017.

Os dados finais da simulação fazem parte de um intricado cruzamento de informações técnicas, incluindo detalhes acerca do comportamento do açude nos últimos 30 anos, os cálculos referentes à evaporação, ao consumo direto e outros. Para o cidadão comum, acostumado a avaliar os fenômenos naturais apenas à base do olho nu e pela própria experiência na lida com as dificuldades em períodos de estiagem prolongada, é difícil fazer frente às explanações dos técnicos da Cogerh.

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Batimetria feita no açude Pedras Brancas. A linha azul é por onde os equipamentos de medição passaram.

Uma batimetria – estudo detalhado da profundidade e de outros aspectos dos reservatórios -, feita no Pedras Brancas no último mês de maio, revelou que o açude tem 90.888.273 metros cúbicos d’água. Atualmente, o município de Quixadá consome do reservatório uma média de 140 litros de água por segundo. De acordo com os cálculos da Cogerh, Quixeramobim consumirá 120. Incluindo os dados relacionados com outros tipos de consumo, a Cogerh calculou uma liberação de 420 litros por segundo quando a adutora estiver em pleno funcionamento, como mostra a projeção a seguir.

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Projeção mostra que quando adutora estiver funcionando, serão liberados 420 litros de água por segundo do açude Pedras Brancas.

Incrivelmente, o consumo direto por parte da população não é a principal causa para a diminuição do volume total do açude. Na verdade, a evaporação é três vezes mais impactante! Para cada mil litros consumidos pela população, a evaporação consome três mil. No fim das contas, ela é a principal causa para a diminuição no volume de água do açude.

Vale ressaltar que, quanto menor for o espelho d’água no açude – ou quanto mais baixo estiver seu volume – menos evaporação acontecerá e, portanto, o ritmo na diminuição do volume vai perder força ao passo que a água baixar. Isto explica, em parte, o motivo para a Cogerh não concordar com a lógica baseada na observação de que de 2013 para 2014 o volume diminuiu quase 10% e, portanto, de 2015 para 2016 vai acontecer o mesmo. As variáveis não permitem esta conclusão.

Na projeção é possível notar, também, que a Cogerh mantém a expectativa de que o Pedras Brancas chegue a fevereiro de 2016 com 11,66% do seu volume total.

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Barragem em Quixeramobim só suporta abastecer o município até o fim do mês de agosto. (Foto: Quixeramobim Agora)

Seja como for, a simulação apresentada pelo técnico Luís Cesar mostra que o açude Pedras Brancas tem água suficiente para abastecer Quixadá e Quixeramobim até meados do ano 2017, e isto considerando o pior cenário possível, que é o de não haver nenhuma recarga no açude e a demanda continuar a mesma.

Luís Cesar também lembra que a adutora para Quixeramobim é de caráter emergencial. A barragem deste município só será capaz de abastecê-lo até o fim do próximo mês de agosto. A partir daí até que a adutora fique pronta, Quixeramobim será abastecido apenas através do uso de poços profundos. A adutora, porém, será desativada quando houver recarga nos reservatórios do município.

Não há plano B – A natureza é bastante imprevisível. Indagado sobre se há um plano B caso as simulações feitas pela Cogerh não se mostrem precisas e o açude Pedras Brancas entre em colapso, Paulo Ferreira respondeu que “não há plano B”. Disse que nunca houve um ano em que o açude Fogareiro – que também abastece Quixeramobim – e a barragem não recebessem alguma recarga. Ressalta, também, a importância do uso consciente da água durante o período de seca. Reafirmou a credibilidade da instituição e das simulações feitas e afirmou não ser preciso nenhum tipo de pânico quanto a esta questão.

Escute o áudio completo da entrevista com Paulo Ferreira, gerente regional da Cogerh: 

Autor: Gooldemberg Saraiva – Contato: (88) 99972-5179 – E-mail: bergsaraiva@gmail.com




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