ENTREVISTA: “Votei contra Ilário em 2012, mas não queria ter votado no João”, afirma Audênio Moraes

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Abrimos com a participação do vereador Audênio Moraes uma série de entrevistas com os membros do parlamento de Quixadá. As perguntas visam esclarecer aspectos relevantes associados ao espectro da ética, da moral e da prática legislativa dos homens e mulheres escolhidos pelo povo para defender os interesses do município. Também abordam questões de cunho especulativo. Com esta série de entrevistas, esperamos contribuir para aprofundar o debate democrático necessário ao esclarecimento das pessoas.

Devo revelar que as perguntas foram enviadas com antecedência, dando tempo suficiente para a análise dos entrevistados. Torcemos para que cada vereador da Câmara Municipal de Quixadá aceite participar desta série, dando mostras de lisura, transparência e maturidade política.

Cabe somente aos leitores analisar até que ponto as perguntas foram realmente respondidas, se houve desvio daquilo que foi indagado e se há coerência nas posturas defendidas.

Confira a entrevista com Audênio Moraes.

JAIME ARANTES: Vereador, na última campanha municipal, em 2012, o senhor trabalhou exaustivamente contra o candidato Ilário Marques, do PT, e ajudou a impor sobre ele uma grande derrota no Distrito de Juatama, onde o senhor reside. Posteriormente, o senhor tornou-se um dos mais ardorosos e eficientes oradores na defesa do Prefeito João Hudson, na tribuna da Câmara Municipal. Hoje, porém, seu comportamento é outro. Sem meias palavras, o senhor tem mostrado ser um dos mais eficazes vereadores de oposição ao governo do prefeito João, ao menos no uso da palavra. O senhor não apenas promove a figura do ex-prefeito Ilário, como trabalha incansavelmente pela reeleição da esposa dele, a Deputada Rachel Marques. Com base nesse seu histórico, faço-lhe três indagações:

(1) Ao falar contra Ilário Marques e o PT, em 2012, o senhor estava mentindo para a população ou foi o PT e seus quadros que mudaram, permitindo que o senhor começasse a apoiá-los, inclusive fazendo alianças com eles? Se for o caso do PT ter mudado, mudou em que?
(2) O Senhor não acha que seu comportamento, eu diria “mutante” – como que se adaptando ao sopro dos ventos -, é errado, talvez mostrando que o que o senhor quer mesmo é defender seus interesses em vez de promover o bem estar da população? Não pode acabar passando essa ideia?
(3) Porque acha que os eleitores deveriam continuar a confiar em seus posicionamentos políticos, quando eles mudam tanto? Mesmo que o senhor tenha direito de mudar de opinião, não acha que fazer isto desta forma tão radical equivale a enganar aqueles que partilharam de suas afirmações anteriores, e que por isto mesmo lhe deram um voto de confiança? 

AUDÊNIO MORAES: Votei contra Ilário em 2012 pelo fato do meu partido, o PPL, ter coligado com o PRB, partido de João. Lutei até o último momento para isso não ocorrer, pois não queria votar no João. Por fidelidade partidária e por, dentro do percurso da campanha, ter acredito na bandeira de mudança do João, empreendi esforços para dar vitória pra ele em Juatama.

Apoiei firmemente a atual gestão no sentido de que o prefeito pudesse ter força política para empreender os projetos inovadores que foram prometidos à cidade. No entanto, não estamos vendo isso ocorrer.

No jogo democrático, as posições políticas são oscilatórias. O seu aliado de hoje pode ser seu adversário de amanhã. Não tenho nenhum problema em mudar de opinião quando vejo que a decisão que adotei não foi correta para o bem da nossa população. Minhas posições não são pessoais, são baseadas na minha visão daquilo que acredito que seja bom para os meus eleitores e para o povo de Quixadá, a quem devo satisfação.

O prefeito João é uma pessoa humana muito boa. É humilde, trabalhador, justo e hábil no trato pessoal com seus aliados. No entanto, uma cidade como a nossa precisa de um gestor e não de uma boa pessoa. Somos um pólo econômico e cultural de grande visibilidade no Estado e precisamos de uma gestão eficiente, inovadora e que apresente um rumo sustentável para nosso município. Ou seja, precisamos de uma prefeito visionário. E é isso que nós e a maioria do povo não está vendo.

JAIME ARANTES: O senhor deseja se tornar o próximo presidente da Câmara Municipal de Quixadá? E existe algum acordo de sua parte com Ilário Marques para ganhar apoio dos petistas nesta reivindicação? 

AUDÊNIO: Sim. Sou candidato a presidente da Câmara e estou pedindo votos de todos os vereadores. Se estou militando ao lado de Ilário, seria óbvio que eu seja uma opção para sua bancada.

JAIME ARANTES: A população está muito insatisfeita com o governo do Prefeito João Hudson. O senhor percebe alguma base para a Câmara Municipal cassar ou afastar o prefeito? 

AUDÊNIO: Constatamos isso muito claro nas ruas: o prefeito João está com alto índice de rejeição popular. Cassar é uma saída política e administrativa. No entanto, não há até agora suspeições sobre o prefeito em relação às denúncias da Operação Miragem. Vamos aguardar as investigações e também vamos ver se poderá ter base política para isso ocorrer. No momento acho que é intempestivo.

JAIME ARANTES: O senhor apresentou um discurso de duas frentes por ocasião da apresentação do relatório final da CPI da saúde. Por um lado, disse que o trabalho dos colegas investigadores foi bem feito. Por outro, afirmou que o relatório estava incompleto e que poderia levar a injustiças. Pergunto: aquele relatório apontou alguma irregularidade? E se apontou, porque o senhor preferiu não punir tais irregularidades ao votar pelo arquivamento das investigações?

AUDÊNIO: O relatório da CPI da Saúde apontou caminhos para ampliação das investigações. Mas ele não foi concluso. No caso do Ilário, não foi considerado o depoimento dele, suas alegações. Nem tampouco foram ouvidas testemunhas chaves como a Empresa Fujita, os técnicos do Ministério da Saúde e a ex-secretária.

Outra: a obra do hospital não continuou porque o prefeito Rômulo constatou que os recursos disponíveis não dariam para a execução. O relatório também não apresenta laudo de engenharia nem tampouco qualquer parecer do ministério. Então, como posso dar nota de improbidade a um gestor público sem eu ter o embasamento jurídico claro e inequívoco de seu dolo?

Da mesma sorte a questão da acusação contra Rômulo. Afirma-se no relatório que o prefeito Rômulo contratou uma cooperativa de saúde ilegalmente. E qual a ilegalidade? Que a referida cooperativa não divida seus lucros com os cooperados nem fazia assembléias gerais. E isso é obrigação do prefeito? A CPI apresentou cópias das atas das assembléias da instituição para atestar isso? Tem comprovação financeira do não repasse dos lucros dos cooperados? Nada disso estava nos autos. Nem tampouco foi-se perguntado ao prefeito Rômulo se ele tinha conhecimento disso.

No caso da gestão do prefeito João só incriminam claramente a ex secretária Lívia. O prefeito é citado de forma genérica e subjetiva, sem ênfase. Então, foi só a Lívia a responsável pelos desmantelos da saúde? Tivemos depois dela três secretárias, onde na gestão de uma delas os gastos com a Dinâmica foram ao auge do absurdo. Interessante que enquanto Lívia foi secretária não faltava medicamentos nem insumos nas unidades de saúde. Então porque só punir ela? E os outros? A quem interessa enquadrar só a Dra. Lívia? Isso é muito estranho. Por isso votei contra. Mas sou a favor de juntarmos toda a documentação da CPI e aprofundarmos as investigações através da abertura de uma Comissão Processante.

JAIME ARANTES: Em sua opinião, o governo do prefeito João ainda pode dar a volta por cima e, quem sabe, até ganhar a confiança do eleitorado?

AUDÊNIO: O prefeito João tem toda a condição de virar o jogo. Ele é carismático e popular. Mas falta-lhe norte, visão de gestão, pulso e habilidade na tomada de decisões. Precisa, sobretudo, ter como ponta de lança de sua gestão técnicos gabaritados com notório saber e que apresentem uma pauta de investimentos para o município com amplo debate com as instituições sociais, o empresariado local, a imprensa toda e a classe política. Desta forma o prefeito terá base social para se soerguer. O problema é que não vejo esta perspectiva com o grupo político ao qual o prefeito está atrelado.

JAIME ARANTES: Analisando o período de janeiro de 2013 até o presente momento, o senhor diria que está arrependido de ter votado em João Hudson para governar Quixadá? 

AUDÊNIO: Eu não diria arrependido. Eu diria desiludido.

Acompanhei a campanha de João. Foi uma das campanhas mais bonitas que vi em Quixadá. Tinha cheiro de povo. O João conseguiu entrar num eleitorado que sempre foi próximo a Ilário, as massas populares dos bairros e periferias. O povo se sentia representado nele.

O João conseguiu unir o capital ao trabalho. Foi por isso que venceu Ilário.

Ao lado disso, a campanha foi massacrante contra Ilário. A proposta de mudança enchia o coração do povo de esperança. Era possível ver os olhos brilhando dos eleitores de cima dos palanques. Mas, após a eleição percebeu-se que João não tinha um grupo político, o que se formou foi apenas um agrupamento para derrubar Ilário. Conseguiram, mas quem tá pagando a conta bem cara é o povo.

JAIME ARANTES: O que os seus eleitores podem esperar do senhor nos próximos anos?  

AUDÊNIO: Muita firmeza nas minhas posições, presença constante nas comunidades, acompanhando projetos e ações governamentais e não-governamentais.

Se for eleito presidente da Câmara, quero fazer um trabalho nunca visto naquela casa, com interação com a sociedade, através do uso das mídias sociais, dar um tom de modernidade à Câmara e levá-la para o meio da sociedade. A Câmara será o principal indutor dos grandes debates da cidade.

Quero dar minha contribuição para participar de projetos que tenham realmente interesse público e de bem querer a Quixadá. Um mandato firme, presente, propositivo e ponderado nas crises políticas. Este é meu caminho.

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Comentários

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  1. Para mim é um homem sem propósito e sem direção ética na política, um homem desses que diz que votar em Ilário era uma opção não tem no mínimo respeito com a vida humana e a dignidade. A falta de moralidade política e ideológica consistente é o que faz nosso país viver hoje um caos democrático.

  2. parabens aldenio homem honrrado,se vc disse que nao votou no ilario ddeveria ter suas razoes pois um patido coligado jamais pode fazer campanha contra o partido coligado.pq qdo coligado tem que ser fiel ao partido que esta coligado.vejo que vc deu vitoria a seu candidato sem pensar duas vezes . hj junto ao amigo ilario vota raquel e odorico que é pt, espera ajuda do seu povo em juatama.

  3. Esse Aldenio Moraes é um cara sem noção, um salafrário, todo mundo sabe que votar pra ele é encher os bolsos. O cara é fraco. E o que vocês tem é inveja do João.

  4. É estarrecedor o que vemos na política de Quixadá, pessoas que demonstram não ter princípios, pessoas que pulam de um galho para outro, sempre se apoiar naquelas pessoas que são julgadas mais fortes e mais influentes. No resto do país também é assim, as ideologias, os princípios morais foram praticamente banidos.

  5. O mais engraçada é a pessoa dizer que não tinha intenção de votar do sujeito, mas faz toda campanha pro indivíduo. Bem questionado a colocação do “Sim vai melhorar” a ex secretária ser chamada de DOUTORA? Em que? Devia baixar a bola e esclarecer muita coisa que tá em aberta, isso sim!

  6. Boa noite.
    como esse vereador audenio e um cara de pau e mentiroso as resposta que ele deu mim parece tudo mentira e agora e el que enganar o povo mais uma vez. a população deveria Escurrasar ele da camara munipal Debaixo de cassete par ele aprender mentir e enganar o povo e saber
    pedir desculpa..

  7. acho engraçado o povo chamar a tal de livia do doutora,doutora de que,outra coisa enquanto o joao for pau mandado ou uma marionete as coisas no xada so vao piorar,veio a lembraça do minha casa minha vida que so em 2013 foi dado 3 prazos e em 2014 era pra julho e ate agora nada,nada,nada.

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