Dilma é aclamada candidata

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Ao contrário do que se esperava, a expressão “governo de coalizão” deu a tônica ao final do Congresso Nacional do PT, em Brasília, que aclamou o nome de Dilma Rousseff como candidata oficial do partido à sucessão do presidente Lula.

A presença do presidente do PMDB, Michel Temer, na sessão de encerramento, sábado à tarde, pôs fim às especulações de rompimento surgidas após o nome do partido não ter sido citado na resolução sobre a política de alianças da candidatura Dilma.

“Vamos trabalhar para fazer a aliança com todos os partidos que compõem a base do governo”, discursou o presidente do PT, José Eduardo Dutra, em um aceno a Temer, que esteve sentado à mesa, ao lado de Dilma, durante toda a sessão. O presidente Lula e a ministra da Casa Civil fariam o mesmo em seguida. Ambos usaram a expressão “coalizão”. “A Dilma é candidata de uma coalizão, de muitos partidos políticos”, afirmou Lula. “Participo de um governo de coalizão e quero formar um governo de coalizão”, disse Dilma.

Mais uma vez, Lula desmentiu que lançasse a chefe da Casa Civil como candidata “tampão”, capaz de pavimentar uma possível volta sua ao poder em 2014. “Quero que a Dilma faça um governo extraordinário para que ganhe autoridade política para tentar um segundo mandato”, afirmou, brincando com a fama de “durona” da auxiliar. “Para conhecer as qualidades da Dilma é preciso conviver com ela, brigar, teimar. Se a minha mãe, dona Lindu, segundo o filme do (Fábio) Barreto, dizia que eu devia teimar, imagino o que a mãe da Dilma disse para ela…”

O presidente demonstrou certo temor de que o passado guerrilheiro de Dilma Rousseff seja utilizado contra ela pelos adversários durante a campanha eleitoral. “Ela vai sofrer preconceito por suas qualidades, não por seus defeitos. Essa menina, que resolveu aos 20 anos colocar a vida em risco para defender a democracia. Isto para alguns é defeito, para nós é virtude”, afirmou Lula. “Vão dizer que ela esteve presa, mas teve um tempo neste país que os presos eram os honestos.”

Saudada pela platéia ao som de “olê olê olá, Dilma, Dilma” e “o povo decidiu, agora é Dilma a presidente do Brasil”, além do novo jingle “Vem, Dilma, vem”, a ministra se mostrou emocionada. “Para quem teve a vida sempre marcada pelo sonho e a esperança de mudar o Brasil, esse para mim é um dia extraordinário”, disse Dilma. “Jamais pensei que a vida me reservasse tamanho desafio, mas me sinto preparada para enfrentá-lo com humildade, serenidade e confiança.”

Apesar de não ter sido lida, a longa fala da ministra, em que explanou as conquistas do governo, indicou que a candidata ainda precisa treinar bastante como oradora. Muitos qualificaram o discurso como “chocho”, “frio” e “técnico demais”. “Faltou emoção” – esta era a frase que mais se repetia entre os petistas que lotavam o auditório do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Mesmo sem ter empolgado, Dilma foi aplaudida de pé ao final.

Fonte: Cynara Menezes – Carta Capital




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