Declaração de Bismarck Maia provoca discussão entre tucanos

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Até então tido como homem de confiança do PSDB no Governo do Estado, o secretário Bismarck Maia (Turismo) ganhou, ontem, a pecha de ingrato e pelego.

Os ataques partiram dos próprios correligionários, que ficaram irritados com declarações do colega que respingariam na gestão do ex-governador tucano Tasso Jereissati, hoje senador e pré-candidato à reeleição.

Num evento realizado no Centro de Convenções nesta semana, Bismarck teria dito que, agora, a população poderá sentar para conversar com o Governo, depois de ter esse direito negado historicamente. Foi o suficiente para Luiz Pontes (PSDB) tomar as dores de Tasso e partir para o ataque. Ele é tido como porta-voz de Jereissati na Assembleia Legislativa.

Com jornais em mãos contendo as aspas do secretário, o deputado afirmou que recebia a crítica de Bismarck com estranheza. Pontes se disse decepcionado e revoltado. “Até ontem, esse rapaz estava na porta do gabinete do senador Tasso e hoje vem dizer isso! Ele se aproveitou da liderança do senador e, agora, ataca gratuitamente. Quer demonstrar o quê? Para mim, isso é ingratidão e peleguismo”, atacou.

PARTIDO SENTIDO
O porta-voz chegou a declarar que Bismarck Maia falou o que falou na ânsia de agradar setores sociais e a imprensa. Em seguida, alfinetou a postura do correligionário dentro do partido, dizendo que há tempos ele não comparece às reuniões internas da legenda e só é visto em eventos sociais. “Não sei mais nem onde ele está, se no PSDB ou em outra sigla. O meu partido está sentido”, pontuou.

Pontes comparou as declarações do secretário com as do governador Cid Gomes (PSB), que classificou Tasso como “exemplo de homem público”. Por fim, diagnosticou o episódio como fruto de um desarranjo mental de Maia. “O chefe dele [Cid] reconhece e ele nega. Ele sabe o quanto foi ajudado pelo PSDB”, encerrou.

REPUBLICANOS ENDOSSAM CORO
A fala do secretário mexeu não só com o brio de Pontes, mas de outros tucanos e até de quem não faz mais parte dos quadros do PSDB. Adahil Barreto e Vasques Landim – ambos atualmente no PR – também rebateram as palavras do secretário e partiram em defesa de Tasso Jereissati.

Contudo, os republicanos preferiram lembrar da gestão do também ex-tucano Lúcio Alcântara. Atualmente, ele comanda o PR no Ceará e está sendo cotado para ser lançado candidato ao Senado Federal.

Os dois avaliaram que as palavras de Bismarck não têm ressonância nem no meio político nem junto ao eleitorado. “Os bajuladores parecem com amigos, assim como os cães parecem com os lobos. É complicado a gente compreender certos comportamentos”, apregoou Vasques.Já Cirilo Pimenta (PSDB) exigiu que o secretário venha a público retratar-se. “Ele errou. A ingratidão é chocante, mas sempre estamos nos encontrando nessa encruzilhada da ingratidão”, complementou.

DEFESA DE ONDE NÃO SE ESPERA
Quem precisou intervir na tentativa de acalmar os ânimos foi justamente um não-tucano. Vice-líder do bloco PT-PSB-PMDB na AL, Sérgio Aguiar (PSB) ponderou que Bismarck fez o comentário referindo-se à polêmica sobre a instalação do estaleiro na Praia do Titanzinho. Ou seja: quis dizer que os moradores da região sempre foram esquecidos pelas administrações estaduais. “Todos sabemos do grande avanço que o Ceará teve por conta da liderança do ex-governador Tasso. O Bismarck não é de ingratidões nem de ferir ninguém”, opinou.

Entretanto, o argumento não convenceu os inconformados. Logo, as críticas a Maia prosseguiram. Somente no final da sessão – quase três horas depois, integrantes da bancada do PSDB partiram em defesa do companheiro de legenda. O deputado Júlio César e o primeiro vice-presidente da Casa, Gony Arruda, reforçaram a versão dada por Sérgio Aguiar.

Arruda apelou até para situações de cunho pessoal. “Ele jamais quis atingir governo anterior. O senador Tasso, inclusive, é padrinho de casamento do filho do Bismarck. Ele tem gratidão e respeito pelo PSDB”, comentou.

O jornal O Estado tentou contato com Bismarck Maia durante toda a tarde de ontem, mas os telefones do secretário estavam desligados. A assessoria do tucano informou que ele está acompanhando o governador Cid Gomes (PSB) numa viagem e que está de acordo com as colocações de Sérgio Aguiar, Júlio César e Gony Arruda.

Fonte: Jornal O Estado




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