A pergunta é simples, direta. E se Kaká não conseguir se recuperar a tempo para disputar a Copa? O meia foi, neste domingo (30), o pior jogador em campo no primeiro coletivo feito pelo Brasil na África do Sul. Ele não conseguiu se movimentar. Foi como se seus movimentos estivessem travados. Acabou facilmente marcado pelo time reserva.
Se fosse uma partida da Copa, com certeza seria substituído. E por quem? Não adianta reclamar, sonhar, torcer para Ronaldinho Gaúcho, Alex, Ganso… o Brasil não tem um meia para a reserva de Kaká. Quem jogaria em seu lugar é mesmo Júlio Baptista, que diz estar pronto para a responsabilidade.
– Lógico que eu fico chateado com a falta de crédito. Mas eu sei do meu potencial. Falaram tanto de mim, eu não fui convocado. Outros passaram por aqui para atuar pela mesma posição que eu jogo. E eles não ficaram. Eu tenho condições de jogar assim que a seleção precisar. Estou pronto”, garantiu Júlio Baptista. Ele se diz meia, mas está na reserva da Roma como atacante.
Com Júlio Baptista, o Brasil ficaria uma equipe previsível, mais lenta. A responsabilidade de articular o ataque, ser o ponto de equilíbrio de um de meio-campo já defensivo e sem imaginação formado por Gilberto Silva, Felipe Melo e Elano. É uma situação bem mais complicada do que parece. Por isso, Kaká tem feito trabalho constante para tentar recuperar a musculatura e a pubalgia que enfrentou. Mas mostrou que sua falta de ritmo é impressionante. E pior: talvez ainda sinta resquício da lesão. Por isso foi tão fraca a atuação.
Na convocação de Dunga não há outra solução. O técnico brasileiro é conservador demais para atuar com três atacantes: Nilmar, Luís Fabiano e Robinho, por exemplo. É capaz de ele investir em Ramires e fazer a seleção jogar com quatro jogadores defensivos no meio de campo. Tudo isso pela convocação arriscada de Dunga, que nunca levou em consideração o fato de ter apenas Kaká como meia.
Os dois amistosos, contra Zimbabue e Tanzânia, ganham peso inesperado. Se Kaká não conseguir progredir muito, Dunga pode pensar em outra opção para o time. O meia precisa mostrar que está bem fisicamente. E que não está escondendo os sintomas de pubalgia. Há enorme preocupação na comissão técnica. Ninguém esperava que o futebol do meia fosse tão fraco.
O coletivo de domingo foi outro alerta. Não foi o 0 a 0 que impressionou, mas os vários erros do time. Todo o destaque negativo da mídia ficou, com razão, para Kaká. Voltando de lesão ele realmente teve um comportamento pífio. Só que a dupla de zaga Lúcio e Juan teve sérios problemas por onde menos se esperava: pela bola aérea. E não adianta colocar a culpa na já criticada Jabulani. Era como se os dois tivessem esquecido como era atuar juntos. Felipe Melo também foi muito mal. Errou seguidos passes e deixou desprotegida a entrada da área.
Juan já mostrou em declarações anteriores estar preocupado com a defesa.
– Em uma Copa do Mundo, um erro pode ser fatal. Pode custar a nossa eliminação.
E, defensivamente, o Brasil de Dunga se especializou em marcar forte. Não dar chance para os ataques adversários. Há muito o que o treinador corrigir. O trabalho se mostra pior do que parecia. Mas ainda dá tempo. Principalmente se o técnico brasileiro rezar para que Kaká volte a ser Kaká. E não uma pálida sombra perdida no meio de campo do Brasil.
Fonte: G1