O deputado Heitor Férrer (PDT) fez pronunciamento no plenário da Assembleia Legislativa, nesta sexta-feira, dia 26, para pedir ao governador Cid Gomes que desista da construção do Acquário Ceará.
Segundo o parlamentar, existem muitas prioridades no Estado ainda não atendidas necessitando aportes de recursos que estariam sendo direcionados para a obra, avaliada em aproximadamente R$ 250 milhões.
Para justificar o cancelamento da construção, Heitor Férrer explicou que, de acordo com pronunciamento proferido pela deputada Patrícia Saboya (PDT), 70% das crianças em abrigos estariam com as suas mães e em seus lares se não tivessem sido vítima da pobreza e miséria, que levam a desestruturação do lar.
Ele falou que, segundo reportagem do jornal Diário do Nordeste e pronunciamento do deputado Ely Aguiar (PSDC), há 82 pessoas necessitando de uma quimioterapia na fila do Instituto do Câncer sem condições de serem atendidas por falta de recursos. “Essas pessoas estão, na realidade, no corredor da morte, porque a enfermidade sem o devido tratamento redunda em óbito”, frisou.
O parlamentar explicou que há filhos apartados das mães por pobreza, e pacientes que estão condenados à morte porque não há como o Instituto do Câncer tratar por falta de aportes de recursos suficientes. “O Instituto é a única unidade a realizar radioterapia no SUS”, salientou.
Diante do quadro apresentado, Heitor Férrer “suplicou” ao Governo do Ceará que decline da intenção de construir o Acquário em Fortaleza. Ele lembrou que está tramitando na Assembleia um pedido de empréstimo da ordem de US$ 105 milhões para o Acquario, que poderiam ser direcionados para o Ceará tratar os pacientes de câncer e devolver os filhos aos pais.
Heitor Férrer revelou que conheceu o aquário de Lisboa, cidade visitada anualmente por aproximadamente 2,3 milhões de turistas, e disse que menos da metade dos visitantes vão ao aquário. “Como o Ceará só recebe 90 mil turistas estrangeiros a cada ano, levará pelo menos 35 anos para o investimento inicial ser pago”, calculou o deputado. Para ele, tal investimento não deveria ser levado a efeito se há no Estado 908 mil cearenses com renda mensal abaixo de R$ 70,00 e 10 % de todos os miseráveis do país estão no Ceará. “Enquanto não resolvermos problemas básicos não vamos pensar em aquário para os estrangeiros visitarem”, frisou.
Em aparte, Patrícia Saboya disse que falou com o governador Cid Gomes e ele aceitou o desafio de reverter a situação das crianças afastadas do lar. “Tenho certeza que Cid dará continuidade a esse processo, sei que ele resolverá os problemas. Essas questões não são privilégio do Ceará, o Brasil inteiro enfrenta isso”, disse.
Ely Aguiar disse que está apresentando requerimento para que o Governo consulte a população de Fortaleza sobre qual a posição da comunidade em relação à obra. “Estarrecedor é a questão das pessoas que estão no chamado corredor da morte”, disse.
