Programa aproxima gerações e resgata história de comunidade em Ocara

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Um projeto que reúne diferentes gerações está resgatando a história do distrito de Serragem, no pequeno município cearense de Ocara, no sertão central cearense.

Batizada de Cores, Sons e Movimentos, a iniciativa conta com a participação de cerca de 60 pessoas que são atendidas no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) local por meio do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), ProJovem Adolescente e grupo de idosos.

A proposta do projeto coordenado pela socióloga, e técnica em referência de idosos, Gabriela Leite é resgatar a história do distrito e registrar a documentação por meio de audiovisual. “Dividimos o processo em etapas para fazer um histórico do local e restabelecer o vínculo entre a comunidade e os usuários do Cras.”

Segundo Gabriela, o objetivo da proposta é reconstruir os laços perdidos ao longo dos anos. “A recuperação das informações do distrito teve uma resposta muito boa.” Por ser um local que reúne pessoas, o Cras – equipamento público oferecido por meio do Sistema Único de Assistência Social (Suas), coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) – tem importância fundamental na execução do projeto.

Memorial

Na primeira etapa do projeto, os usuários do Cras de Serragem foram separados em grupos e organizaram visitas aos moradores mais antigos para buscar histórias, documentos, fotografias e reavivar lembranças que ajudassem na construção de um memorial.

“A receptividade da comunidade foi muito grande”, reforça Gabriela. “Em alguns casos, as visitas permitiram o reencontro de netos e avós, todos atendidos pelos equipamentos da cidade. O vínculo familiar havia sido rompido e pôde ser restabelecido com o trabalho da equipe.”

Durante as visitas, os idosos contaram às crianças do Peti como eram as casas e as ruas do distrito e onde ficava o comércio. Além da coleta das informações, foram elaborados desenhos com o mapa de Serragem.

Em um segundo momento, os grupos se reuniram no Cras e compartilharam as experiências vivenciadas durante as visitas domiciliares. “Por meio do compartilhamento, muitos usuários identificaram vínculos ou experiências familiares que desconheciam. Isso deu a eles o sentimento de pertencimento à comunidade, valorizando a história de cada um”, diz a socióloga.

Ao longo da segunda etapa, os jovens e as crianças puderam acompanhar uma apresentação teatral, dramatizada pelo grupo de idosos. A encenação foi fotografada pelos mais jovens para ajudar a elaborar a árvore genealógica da comunidade do distrito.

A união dos grupos também promoveu o compartilhamento de brincadeiras, por intermédio de uma dinâmica que comparava as atitudes das crianças de hoje e as da época da construção de Serragem.

Até o final deste mês, será promovida a última etapa do projeto: uma exposição permanente de fotos e documentos de Serragem e de sua comunidade. “A conclusão do projeto é muito importante para os usuários quando se inicia uma atividade desse porte”, assinala Gabriela.

“Vamos organizar o material reunido e, em conjunto com todos os usuários envolvidos no projeto, elaborar a documentação e organizar a exposição”, antecipa Gabriela. “Além de recuperar a história de nosso distrito, o projeto é uma oportunidade para que eles possam se expressar. A valorização da história de vida de cada um deles possibilita uma recuperação pessoal de grande valia.”

Além do Cras de Serragem, a cidade tem mais duas dessas unidades. Ao todo, os três Cras atendem cerca de 4 mil usuários em Ocara, município com pouco mais de 24 mil habitantes que tem a economia baseada na atividade agrícola.




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