O cirurgião ortopedista Steven Sanders, que operou o ex-campeão dos pesos-médios do UFC, Anderson Silva, explicou nesta segunda-feira, em uma conferência por telefone fechada a alguns membros da imprensa internacional, detalhes da cirurgia realizada na madrugada de sábado para domingo no Centro Médico Universitário de Las Vegas. Ele afirmou que o brasileiro está se recuperando muito bem, mas descartou que ele tenha alta nesta segunda-feira.
– Falando de uma forma geral, as pessoas que sofrem esse tipo de lesão ficam no hospital por alguns dias, porque precisamos tomar alguns cuidados de ordem preventiva, como monitorar o nível de dor e tomar antibióticos. Nos dias seguintes, ele também deve iniciar fisioterapia. É um processo longo e eu não posso dizer se ele receberá alta hoje, amanhã ou depois. Cada dia é um novo dia, então estamos falando de um dia por vez. Ele não receberá alta hoje (segunda) – declarou o médico.
Dr Sanders ainda revelou que, apesar de fazer menos de 48 horas que o brasileiro se submeteu à cirurgia, ele já está se movimentando de forma limitada e inclusive já fez uso de muletas no quarto do hospital:
– Faz menos de 48 horas que ele passou pela cirurgia e já o vi utilizando muletas. Eu acho isso maravilhoso porque não sei se conseguiria fazer isso de forma tão rápida!
O médico também contou detalhes do procedimento feito em Anderson e revelou que inseriu uma placa de titânio de 11,4 milímetros de diâmetro na tíbia do lutador através do joelho esquerdo.
– Nós a parafusamos no osso e também utilizamos dois parafusos acima do tornozelo para prevenir rotação e estabilizar o osso. A fíbula também estava quebrada da mesma forma, mas por diversas razões optamos por não fazer uma cirurgia separada nessa área, pois teríamos que abrir um corte na região, o que poderia gerar infecção pela exposição ao ambiente, ou ainda arriscar estressar a reparação da tíbia. Nós acreditamos que a fíbula vai se curar sozinha.
Segundo o depoimento do cirurgião, assim que chegou ao hospital, a primeira coisa que Spider o questionou foi “Quando vou poder voltar a treinar?”. O procedimento cirúrgico demorou em torno de uma hora, e a haste inserida no corpo de Anderson não deverá ser retirada no futuro:
– A placa de titânio se adapta muito facilmente ao corpo humano e, nesse caso, não precisa ser removida, pode ficar na perna dele para o resto da vida. A fratura aconteceu longe da articulação, portanto o osso deve sarar e voltar a ter a mesma força de antes. O único problema são os tecidos ao redor da fratura, que podem precisar de mais tempo para se recuperar. Foi uma lesão bastante severa, mas poderia ter sido pior. Se a pele tivesse se rompido ali no octógono, aumentariam as chances de infecção e poderia ter interrompido a circulação de sangue ao pé, podendo até ocasionar uma amputação. Mas no caso do Anderson, o problema real ali no momento era que, como a pele não se rompeu, ela ficou segurando a perna dele junta e, quando isso acontece, você acaba tento um estresse muito grande nos músculos e nos tecidos da região.
O cirurgião ortopedista do UFC ainda descartou que Anderson Silva tivesse uma pré-lesão nos ossos da canela ou qualquer condição que pudesse ter ocasionado a fratura:
– Pelo Raio-X dá para ver, além das fraturas, a característica dos ossos. Eu tentei ver se havia alguma micro fratura no osso, especialmente porque ele já vem treinando há tanto tempo, está com 38 anos e acostumado a esse tipo de chutes. Mas a natureza do osso dele estava completamente normal, não havia nada que explicasse ou que indicasse uma pré-disposição para esse tipo de lesão. Do ponto de vista médico, o que aconteceu com o Anderson, caso ele volte a treinar, não deve deixá-lo com uma pré-disposição maior para sofrer nova lesão no futuro na área afetada.
Dr Sanders trabalha para o UFC desde que a organização foi adquirida pelos irmãos Fertitta e atua na cidade de Las Vegas desde 1991. O médico afirma que o processo de reabilitação de Anderson já começou e que ele vai ter que trabalhar lentamente a rotação da perna afetada, fazendo exercícios e sessões de fisioterapia:
– Eu não posso precisar quando ele poderá colocar a perna no chão, mas assim que a dor melhorar ele poderá começar a colocar mais peso na perna. A reabilitação real que ele terá que fazer será nos músculos, que vão se atrofiar no tempo que ele ficar parado. O osso se cura sozinho, são os músculos que precisam ser trabalhados. E é preciso dizer que a idade dele não o coloca em risco ou não deixa o processo de recuperação mais lento. Eu diria que, no melhor cenário possível, ele poderia voltar a treinar em seis a nove meses.
Quanto ao aspecto mental e emocional, o médico disse que Anderson se comporta como qualquer paciente que sofre um tipo de fratura grave:
– Quando um paciente sofre uma fratura dessa dimensão e do jeito que o Silva sofreu, isso é algo que ele terá que digerir sozinho. Como lutador, Anderson está em uma categoria diferente dos demais pacientes porque já foi exposto a muitas situações de dor. Eu acredito que ele vai superar isso sem problemas – finalizou o médico.