No último domingo, dia 20, a Caravana do Coração, iniciativa de cunho caritativo, voluntário e apartidário, esteve no distrito de Dom Maurício, em Quixadá. À frente dos trabalhos, o médico cardiologista Dr. Ricardo Silveira explica que mais de 500 pessoas receberam atendimento médico gratuito.
A Caravana do Coração é composta por médicos, dentistas, profissionais de enfermagem e outros que cedem um dia inteiro de trabalho, uma vez por mês, para o cuidado voluntário da saúde dos mais pobres. Exames cardiológicos, ginecológicos e laboratoriais de diversos tipos são oferecidos sem custo. Casos mais graves recebem assistência continuada.
Apesar dos óbvios benefícios garantidos pela Caravana do Coração, vez por outra alguns questionam a intenção e legitimidade da iniciativa. A principal acusação é de que os esforços dos profissionais envolvidos possuem motivações de natureza política.
O médico Ricardo Silveira deu ao Monólitos Post a seguinte declaração sobre o assunto:
“Precisamos respeitar o pensamento das pessoas. Nos últimos anos temos visto tanta falta de sinceridade política com o povo que eu considero até natural que alguns desconfiem das motivações de uma iniciativa tão boa como a Caravana do Coração. A incapacidade de acreditar que ainda existem pessoas bem intencionadas na política é fruto de um contexto maior de contínua decepção popular com os governantes eleitos. Esse tipo de decepção tende a fazer com que as pessoas criem receio de acreditar em boas práticas. Eu gostaria de tranquilizar aqueles que acham que a Caravana do Coração é algum tipo de assistencialismo político dizendo o seguinte: o que muitos julgam como assistencialismo, eu entendo ser humanitarismo básico. Na verdade, o dever de promover saúde de qualidade e gratuita é do Estado, através de seus mecanismos de gerenciamento e promoção de saúde. Mas o que temos visto é nosso povo ser negligenciado, tratado com desrespeito e até sem dignidade. Diante desta constatação, eu tenho duas opções: primeiro, ficar preocupado com o que vão falar e não fazer nada e, segundo, arregaçar as mangas e fazer aquilo que eu posso. Escolhi a segunda opção, simples assim. As opiniões de quem me acusa de assistencialismo político viram fumaça diante da alegria de chegar em casa, depois de um dia cansativo de trabalho voluntário e perceber que eu pude, através dos dons que Deus me deu, ajudar conterrâneos carentes. Eu poderia contar inúmeros casos de vidas que foram salvas através deste trabalho, mas prefiro guardar estas experiências na memória e no coração. São presentes maravilhosos que Deus me deu por causa da minha profissão, e eu sou muito grato por isso. Depois, no fim das contas, eu não sou candidato a nada. Não estou pedindo votos pra mim. E se um dia eu tiver que pedir isso às pessoas, não será por causa do que tem sido feito através da Caravana do Coração, e sim por ter um projeto concreto, possível e modificador das realidades. A Caravana do Coração, ao meu ver, é só um ato voluntário de profissionais que gostam mesmo de ajudar os outros. Um ato que traz inestimável satisfação e que é recompensador por natureza. Se alguém prefere acreditar noutra coisa, não me resta alternativa a não ser respeitar isso. Mas se vou continuar usando os dons que Deus me deu para ajudar os outros, isso independe de política ou de qualquer outra coisa. A Caravana do Coração é um ato de cuidado com as pessoas e ela continuará até quando eu não puder mais realizá-la.”
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