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Vasco da Gama realizou peneira em Quixeramobim, CE. Os testes ocorreram no último sábado (31) e domingo (1º).

O próximo grande craque de futebol do Vasco da Gama pode ser do interior do Ceará. No ultimo final de semana de feriado prolongado, o time – que amarga um dos piores resultados de sua história e está na zona de rebaixamento da serie A do Campeonato Brasileiro -, veio procurar reforços em Quixeramobim.

Na cidade do sertão central cearense, o clube promoveu uma avaliação profissional, a chamada “peneira”, e atraiu mais de 400 jogadores amadores com um objetivo em comum: ser um jogador de futebol.

Os testes ocorreram no último sábado (31) e domingo (1º). Debaixo de um sol escaldante, rapazes de variadas idades se confrontaram em partidas de quase uma hora, sob a atenção dos olheiros Severino Lima de Moura e Ednaldo Venâncio, que avaliavam as condições físicas e as habilidades de cada candidato.

Atraídos pela oportunidade de ser o próximo craque da bola, jogadores de várias cidades cearenses e até de outros estados, como Rio Grande do Norte (RN) e Paraíba (PB), chegaram ao município, que ficou agitado. Pelas ruas, eles passavam de meião e chuteira rumo ao estádio Carneirão, onde as avaliações eram feitas. Os dois dias de testes quebraram a rotina pacata de Quixeramobim.

Da esquerda para a direita: Werlysson Lima (revelação), Lima de Moura (observador técnico do Vasco) e Jasse Rhusseau (jogador sub – 17).

Entre os aspirantes a uma vaga no clube carioca, estava gente que ainda jogava por diversão e gente que já vivia do que jogava, como o quixeramobiense Werlysson Lima. O garoto roubou a atenção dos olheiros pelo seu preparo físico e capacidade de completar passes. A oportunidade chegou numa excelente hora da carreira dele. Há oito meses ele vem sendo treinado pelo preparador físico Teófilo Totti e o orientador Deca Santana. O talento de Werlyson já gerou comentários de que ele estaria sendo cotado para integrar um time de futebol na Suécia.

Vinícius de Marco, de apenas 15 anos, também roubou a atenção dos olheiros do Vasco da Gama.

Assim como Werlysson Lima, Vinícius de Marco, de apenas 15 anos, também roubou a atenção pelo manejo que tinha com a bola nos pés. Participou dos dois dias de teste e está confiante que será convocado.

Gente que veio de perto, como Emanuel Henrique, de apenas 18 anos, que cortou a zona rural de moto, da localidade de Santa Isabel/São Miguel até o centro da cidade, tentar fazer o sonho virar realidade, e gente que veio de longe, como Hermano Nóbrega, natural da cidade de Patos, na Paraíba, com 16 anos e acompanhado pelo avô, veio, como tantos outros, participar dos dias de peneira.

Wudson Marcolino e Francisco Gilberto, ambos com 20 anos, e Jairo Kaio com 14, também cortaram uma longa estrada. Antes do raiar do sol, saíram de Apodi, no Rio Grande do Norte, para concorrer à oportunidade. A chance era a que Wudson esperava desde criança, quando se tornou apaixonado pelo Vasco. Há dois anos, a dor da perda do pai, quase o fez desistir da meta. Mas a coragem falou mais forte.

A oportunidade de se tornarem jogadores profissionais de um grande time fez o estádio ficar lotado. Era um momento valioso para aqueles rapazes. Momento que o ex-jogador amador de Quixeramobim Nilton Silva, não teve. “Infelizmente na minha época não tinha isso. Isso aqui é muito importante, não é verdade?”, indagou.

A vontade incessante dos jogadores de Quixeramobim de participar da seleção ocorrida no final de semana, é semelhante à de vários craques que saíram de campinhos amadores para se tornarem mestres da arte de jogar futebol.

De fato, jogadores como Ronaldinho, Romário, Neymar e, a nível local, Clodoaldo e Bechara, foram escolhidos por olheiros em campos improvisados em ruas e em terrenos das cidades onde moravam, numa época em que jogar bola no final da tarde, era apenas uma brincadeira.

Futebol e homem é uma questão elementar. Um foi feito para o outro e, de tanto sucesso durante os anos, têm quebrado barreiras de preconceito e chegado até mesmo a ala feminina. A letra de Samuel Rosa, do grupo Skank, ajuda a entender o fenômeno: “Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?”.

Por Paulo Simião e Gooldemberg Saraiva