Monólitos Post

Apesar de várias caravanas, a praça não ficou lotada

A vinda do ex-presidente Lula ao município de Quixadá agitou os bastidores político local. Enquanto o Partido dos Trabalhadores tentou organizar um megaevento, a população da Terra dos Monólitos preferiu ficar em casa. Digo mais, os moradores da região Sertão Central preferiram permanecer no aconchego de seus lares.

Mesmo com uma população estimada em quase 650 mil habitantes, distribuídas em 19 municípios, o ex-presidente não conseguiu levar ao “comício” realizado na noite de ontem (29), na Praça José de Barros, cerca de cinco mil pessoas, ou seja, não chegou nem a 1% dos moradores do Sertão Central. Mas, o dado que mais pesa é que se compararmos os números levando em consideração a população local, isso se os quixadaenses tivessem comparecido ao evento, apenas um pouco mais de 5% foram ver Lula, ou seja, um número bem aquém dos 64% eleitores de Quixadá que votaram no petista nas eleições em 2006, a última disputada por ele.

Pelo que vi, acompanhando o movimento dos que são a favor e dos que são contra o petista, A Caravana Lula pelo Brasil, na Terra dos Monólitos, será lembrada muito mais pelo “Super Moro” colocado na Praça Coronel Nanan e pelo confronto entre os manifestantes do que pela vinda do ex-presidente. Neste ponto é visível a quantidade de curtidas e compartilhamentos da foto, nas redes sociais, do boneco inflável que enaltece a figura do juiz Sérgio Moro, responsável pela condenação de Lula a mais de nove anos e meio por corrupção e lavagem de dinheiro.

Os ânimos acirrados pelos apoiadores e pela oposição fez com que a imprensa do estado ficasse com a atenção voltada ao município. O embate mostrado pela mídia entre os correligionários do ex-presidente e simpatizantes do juiz Sérgio Moro revelou um PT magoado e extremamente violento. À força, usando facas, militantes do partido furaram o inflável e agrediram pessoas que se manifestavam contra o ex-líder sindical. Eles preferiram a balbúrdia, a violência, a ameaça, a anarquia e deixaram de lado o direito do outro de manifestar suas ideias e pensamentos, uma atitude perfeitamente antidemocrática.

Foi preciso a polícia agir para que o episódio não virasse um cenário de guerra e muitas pessoas não saíssem feridas. Neste ponto, a passagem de Lula por Quixadá serviu para colocar a cidade novamente em foco, mas mostrando, infelizmente, um fato extremamente selvagem, sendo denunciado, inclusive, roubo de telefone celular.

A imprensa, no seu papel de informar, também mostrou que 90% das pessoas que estavam na Praça José de Barros vieram de outras cidades. A TV Monólitos, por exemplo, veiculou matéria entrevistando militantes vindos de Aracati, Fortim, Itaiçaba e Fortaleza, o que denota um vazio deixado pelos quixadaenses, que mesmo tendo à disposição ônibus em diversas localidades do município não aderiram à mobilização organizada pelo prefeito Ilário Marques.

O dia de ontem serve para o PT local fazer uma autoanalise. O que faltou para que os munícipes participassem do evento? Eu vi uma Quixadá que parece rejeitar os mesmos políticos de sempre, que tem nojo da corrupção estampada na mídia nacional, que está cansada de ser enganada, que não quer o mesmo “blá blá blá” de sempre, mas sim ideias que façam o país evoluir. O discurso do poder pelo poder não convence mais.

Depois de toda agitação da vinda do ex-presidente, fiquei pensando: Os responsáveis pela organização do evento ou não planejaram com antecedência ou a atual gestão petista de Quixadá não tem mais força política. Pode ser também que depois de 14 anos no poder, o PT tenha caído de vez no descrédito, uma vez que dois membros da legenda foram presidentes do país, sendo um condenado pela justiça e a outra sofreu impeachment. Bom lembrar que de 2003 a 2016, no comando do país, o partido não conseguiu emplacar a reforma trabalhista, previdenciária, política, entre diversas outras ações que garantiriam o progresso da nação.

Em relação a Lula, penso que ele faz essa caravana pelo Nordeste do país não para ser presidente novamente, mas sim para analisar sua popularidade e tentar incutir nas pessoas que se for preso é injustiça. Ele precisa ter os militantes ao seu lado para organizar um processo de defesa que venha das ruas, colocando os petistas contra a justiça, pois vejo que há uma grande probabilidade de ser condenado também pelo TRF, impossibilitando sua candidatura e, em se confirmando a pena ou aumento dela, a decretação de sua prisão.

Por Franzé Cavalcante – Jornalista
E-mail: monolitosquixada@gmail.com